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SAÚDE COM CIÊNCIA
Combate à desinformação em saúde é tema de conferência da OCDE
Foto: Internet
“O combate à desinformação e a volta das decisões informadas por evidência é um tema prioritário da gestão da ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade. É uma prática crucial para salvaguardar a confiança pública, proteger o bem-estar e a saúde das nossas comunidades, em âmbito nacional e globalmente”, afirmou a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (SEIDIGI), Ana Estela Haddad, durante conferência sobre desinformação em saúde da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ocorreu na última quarta-feira (4), em Paris.
O evento “Addressing Misinformation and Disinformation in Health” reúne integrantes dos comitês de Saúde e Governança Digital da OCDE de diversos países para debater e compartilhar experiências sobre s desafios impostos pela desinformação no setor de saúde pública e como os governos podem enfrentá-la de forma mais eficiente.
De acordo com a secretária, “a Ministra Nísia lidera uma iniciativa intersetorial, envolvendo outros Ministérios e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o Programa Saúde com Ciência. Lançado em outubro de 2023, a iniciativa promove o acesso à informação em saúde baseada em evidência para a população”, contou.
A fase inicial do programa é focada no enfrentamento à desinformação no contexto das vacinas e no desenvolvimento de estratégias para reduzir e mitigar o impacto de conteúdos falsos, o que ajudou a retomar as altas coberturas vacinais que historicamente caracterizavam as ações do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Os representantes da OCDE introduziram o tema na abertura do evento, ressaltando a importância de considerar a complexidade e os diferentes ângulos que o assunto requer, e sua importância para evitar a perda da confiança nos sistemas de saúde. Outro ponto debatido foi a necessidade de ampliar a literacia em saúde da população em geral como forma de reduzir vulnerabilidade à desinformação e seu impacto nas decisões de saúde e de autocuidado.
Compromisso brasileiro
Ana Estela Haddad lembrou como a divulgação de Fake News durante a pandemia da Covid-19 dificultou ações essenciais de combate à doença e alimentou o negacionismo.
Durante sua apresentação no painel sobre a integridade da informação e a resiliência da sociedade à desinformação sobre saúde, a secretária ressaltou o compromisso do governo brasileiro com a integridade da informação e a promoção da saúde pública. O caminho para alcançar esse objetivo deve ser feito por meio de iniciativas para combater conteúdos falsos e criar uma rede de informações confiáveis.
“Devemos criar uma rede de confiança e garantir que a sociedade tenha acesso a informações precisas e transparentes. Durante o governo do presidente Lula, a ministra Nísia Trindade criou a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) no Ministério da Saúde, que representa em si uma inovação importante e que tem se mostrado decisiva para ordenar a transformação digital do SUS, que tem como base dados e a produção e disseminação da informação”, enfatizou Ana Estela.
Além do Brasil, a mesa, moderada pela Chefe da Divisão de Saúde da OCDE, Francesca Colombo, contou também com a participação de especialistas da Bélgica, Canadá e França. O debate percorreu temas como o papel das agências governamentais no contrapeso do impacto da desinformação em saúde; a promoção de informações de qualidade e baseadas em evidências; e o letramento da população em saúde digital e midiática.
Exemplos para o mundo
O programa Saúde com Ciência foi apresentado como uma das ações de combate à desinformação na área da saúde e valorização da ciência, que pode servir de inspiração para outros países.
Outra experiência compartilhada durante a conferência foi o Programa SUS Digital, que impulsiona a transformação digital no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), do qual depende 75% da população do país. O programa apresenta uma abordagem interdisciplinar, com escopo na intersecção entre tecnologia, informação e saúde.
“Com o fortalecimento da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), disponibilizamos as informações à população por meio do Meu SUS Digital, plataforma que permite que os cidadãos possam acessar do celular seus principais dados de saúde. É o aplicativo gratuito mais baixado na categoria saúde ”, contou a secretária.
O Programa (Trans)Formação para o SUS Digital, dimensão educacional do Programa SUS Digital, que fomenta uma cultura digital crítica em todos os níveis do SUS também foi citado como ação de sucesso.
Além disso, os participantes puderam conhecer também a Política de Dados Abertos do Governo Federal, e adotada pelo Ministério da Saúde. Com as informações disponibilizadas em formato aberto, qualquer pessoa pode acessar e usar os dados sem a necessidade de possuir um software proprietário, promovendo a transparência ativa e o uso das informações por toda a sociedade.
“O novo Plano de Dados Abertos para o Ministério da Saúde 2024-2026 foi lançado recentemente, dando um passo significativo na promoção da transparência ativa e no fortalecimento do acesso dos cidadãos à informação sobre saúde pública no Brasil”, informou a secretária.
Liderança brasileira
A secretária lembrou também que, durante a Presidência brasileira do G20, que terminou em novembro deste ano, a saúde digital foi um dos temas centrais para o Grupo de Trabalho de Saúde.
Em novembro deste ano, a ministra Nísia promoveu durante a reunião de encerramento do G20, no Rio de Janeiro, um workshop paralelo sobre desinformação. Além da experiência brasileira – o Programa Saúde com Ciência – e das experiências de Portugal e de organismos internacionais, o evento contou com a participação de Garth Graham – Director for Global Health.
Conferência sobre desinformação em saúde
A partir do trabalho da Diretoria de Governança da OCDE, que incluiu o Facts NotFakes: Tackling Disinformation, relatório sobre o reforço da integridade da informação criado na reunião dos ministros da Saúde da OCDE, em janeiro de 2024, a Organização promoveu a conferência “Addressing Misinformation andDisinformation in Health”.
O encontro teve o objetivo de criar um diálogo político conjunto entre os participantes e debater os desafios impostos pela desinformação e garantir que as pessoas tenham acesso a informações de saúde pública diversas, oportunas, bem pesquisadas e verificadas, salvaguardando a independência e a variedade de produção de conteúdo.
A ideia é reforçar a resiliência da sociedade, aumentar a transparência, a responsabilidade e a pluralidade das fontes de informação e atualizar as práticas governamentais.
Ao fim do painel, a representante do Brasil destacou que “por melhor que sejam desenhadas as políticas de nossos países, se não mantivermos um foco em estratégias de combate, mitigação e prevenção dos impactos da desinformação e das Fake News, nossa saúde pública e nossa democracia estarão em perigo ”, finalizou a secretária.