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Eu quero ter peso saudável
Prevenindo a obesidade infantil por meio dos hábitos saudáveis
Independentemente da fase da vida, os cuidados com a saúde precisam ser constantes. Isso inclui a alimentação saudável, a prática de atividade física, o acompanhamento do ganho de peso excessivo e a manutenção de tantos outros hábitos saudáveis. Como a própria palavra já sugere, hábito é algo constante. E aqueles que começam desde cedo têm mais chances de serem mantidos pelo resto da vida. Ter uma boa saúde é uma construção que começa ainda na infância e que tem grandes repercussões na vida adulta.
De acordo com as principais evidências científicas, crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos também obesos. A consequência disso é o aparecimento de várias doenças, como diabetes, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos, doenças cardiovasculares e hipertensão, sendo essa última o fator de risco principal para infarto e acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame.
A obesidade infantil é resultado de uma série complexa de fatores genéticos, individuais/comportamentais e ambientais que atuam em múltiplos contextos: familiar, comunitário, escolar, social e político. Por ser multifatorial, trata-se de uma condição complexa de ser compreendida e desafiadora para intervenção, pois exige ações integradas em diversos setores, além da saúde. A boa notícia é que esse quadro pode ser revertido com estabelecimento de estratégias integradas e intersetoriais que incluam o cuidado adequado que envolve, dentre outros aspectos, uma alimentação adequada e saudável aliada a uma vida ativa fisicamente.
De acordo com Jonas Silveira, nutricionista e professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná, os hábitos incentivados no início da vida têm muita relação com aprendizados. “Durante a infância, começamos a aprender os primeiros mecanismos de como nos relacionamos com nós mesmos e com o mundo. E com a alimentação não é diferente”, explica o profissional.
Desde o período da amamentação, onde começa essa explosão de novidades – cheiros, texturas, sabores, sons e toques – até o avançar da idade, essas experiências sensoriais contribuirão com o processo de introdução alimentar, complementa o nutricionista. Assim, a alimentação na infância é um investimento para o futuro e o primeiro contato das crianças com a comida de verdade é por meio do leite materno.
Oferecer uma alimentação adequada e saudável desde o início da vida significa começar com o aleitamento materno exclusivo pelos primeiros 6 meses de vida da criança. E para que essa alimentação continue sendo saudável e adequada, é importante que a introdução alimentar seja feita de forma adequada e seja baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, o leite materno deve continuar sendo ofertado pelo menos até os dois primeiros anos de vida. E é importante respeitar, dentro desse universo dos alimentos in natura, a diversidade e a riqueza da cultura alimentar do local onde se vive.
Mas como começa a obesidade infantil?
Segundo Jonas, alguns fatores que mobilizam o ganho de peso das crianças começam ainda na gestação, como: obesidade da gestante, ganho de peso excessivo durante a gravidez e diabetes gestacional. Após o nascimento, um outro fator que interfere no ganho de peso é a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo, seguido da interrupção total dele. Em seguida, a introdução alimentar inadequada com a oferta de alimentos ultraprocessados. Esses tipos de alimentos são prejudiciais para a saúde da criança por serem ricos em sal, açúcar, gorduras, edulcorantes e/ou aditivos comésticos.
A inatividade física é outro fator de risco para o surgimento da obesidade. Assim como a associação de uma boa alimentação à pratica de atividade física faz bem, o contrário também acontece. E para as crianças, os benefícios de uma vida ativa são maiores do que se imagina.
Em um primeiro momento, a prática de atividade física é importante para a saúde, garantindo mais qualidade de vida. E para os pequenos, além desse benefício e de auxiliar na prevenção e na redução da obesidade infantil, essa prática é importante para o desenvolvimento de habilidades motoras, além da construção de uma vida adulta mais ativa, com mais saúde e menos comorbidades no futuro.
Mas para tratar de uma maneira mais completa sobre a obesidade infantil, existem outros determinantes que fogem do senso comum. De acordo com Jonas, esses determinantes são múltiplos, organizados em diferentes níveis e que interagem entre si. É como imaginar uma série de engrenagens que formam um sistema. “Aqui estamos falando de políticas públicas; modelo econômico; normas sociais e como elas influenciam a organização dos serviços de saúde, educação, segurança alimentar e nutricional; trabalho e renda; desenho urbano; espaços públicos; publicidade e comércio de alimentos, entre outros”, explica ele.
Isso significa dizer que esse conjunto de fatores vão influenciar no resultado final. É como pensar: a família dessa criança não tem uma alimentação adequada e saudável por que não quer ou por que não tem acesso? Será que não existe a prática de atividade física porque o desenho urbano do bairro não favorece esse comportamento? São diversos aspectos nessa dinâmica que determinam as escolhas e os comportamentos que as famílias farão para suas crianças, deixando claro que a obesidade não é uma doença de causa única, mas multifatorial.
Combatendo a obesidade infantil brincando
Olhando para o lado da atividade física, combater a obesidade infantil pode ser mais divertido do que se pensa. É que existem muitas opções para isso, como: jogos com bola, esconde-esconde, pique bandeira, pula-corda, totó, pingue-pongue, pipa, elástico, queimada, dança e tudo mais o que a imaginação permitir. Isso significa que é possível prevenir a doença e até mesmo mantê-la sob controle por meio das brincadeiras.
É muito comum associar a atividade física a alguma prática estruturada, como aquelas desenvolvidas nas escolinhas de esporte. Mas atividades mais simples, realizadas no tempo livre ou nos momentos de lazer também podem colocar o corpo em movimento. O importante é escolher opções que promovam uma movimentação significativa. A ideia é que a criança encare essas atividades como um momento de lazer, confraternização com amigos e alegria. E dá para ir ainda mais além: para os avós, pais ou responsáveis, realizar brincadeiras ativas com as crianças gera benefícios para todos os envolvidos. Brincar junto também é uma forma de colocar os adultos em movimento.
Incentivar os pequenos a fazer atividade física regularmente é apenas o primeiro passo. Os pais ou responsáveis devem se lembrar que as crianças precisam testar atividades diferentes e variadas. A diversidade de atividades vai garantir a elas uma base de proteção para lesões precoces e ajudar no desenvolvimento motor e no controle de peso.
Confira 3 dicas simples que podem fazer com que a criança se movimente mais e gaste aquela energia que está sobrando:
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Faça com que ela caminhe ao máximo. Caminhadas, em ritmo acelerado, são ainda melhores.
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Resgate as atividades ao ar livre e brincadeiras. Tire a criança da frente da tela e vá com ela a um parque ou a um gramado, sempre que possível. São tantas opções baratas e divertidas que elas vão amar.
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Outra boa opção é apostar nos esportes coletivos, como futebol, vôlei e basquete. Eles desenvolvem, além das capacidades físicas e habilidades motoras, a socialização.
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Em tempo: consulte o Guia de Atividade Física e o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de 2 anos.
Produzido pelo Ministério da Saúde, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira incentiva a prática regular de atividade física e demonstra como manter uma vida ativa em diferentes momentos. Dividida em oito capítulos, a publicação aborda a prática de atividade física em vários contextos, grupos e ciclos de vida, além de trazer recomendações sobre a quantidade, a intensidade e os exemplos de atividades aeróbias, de força e de equilíbrio, com indicações para um estilo de vida mais ativo. Acesse agora para consultar informações e recomendações específicas para crianças de até 5 anos, crianças e jovens de 5 a 17 anos, adultos e idosos, gestantes e mulheres no pós-parto, pessoas com deficiência e para a educação física escolar.