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Eu quero ter peso saudável
Como seu município pode avançar na prevenção da obesidade infantil?

O mundo tem passado por mudanças que proporcionam desafios em diversos aspectos da vida, inclusive na saúde. Muito do estilo de vida moderno é refletido nesse setor. O que antes fazia parte da rotina, como ter uma boa noite de sono, comer uma comida de verdade sentado(a) à mesa e em família e ter uma vida fisicamente mais ativa, por exemplo, foi substituído pela falta de tempo, espaço e por inúmeras distrações.
A obesidade é um dos reflexos dessas mudanças, especialmente na infância. Tem aumentado o número de crianças com sobrepeso e obesidade o que, nesses casos, têm mais chances de se tornarem adultos com obesidade e de também sofrerem com outras doenças associadas, como a hipertensão, diabetes, câncer, problemas respiratórios, ósseos e articulares, entre outros.

O excesso de peso em crianças e adolescentes também pode estar associado a um comprometimento na saúde mental e no desempenho escolar, além de gerar impacto negativo na qualidade de vida e na autoestima, influenciar o isolamento social, os transtornos alimentares e a estigmatização. Além de ser uma questão de saúde, prestar atenção no crescimento da obesidade nessas fases iniciais da vida é também uma questão social, política e econômica. Investir na prevenção faz bem para a saúde das crianças e reduz gastos públicos.
Pensando no futuro da sociedade, o Ministério da Saúde lança um documento, em parceria com o Programa Mundial de Alimentos, que tem o objetivo de fomentar ações que podem ser feitas agora, no presente, para promover a alimentação adequada e saudável em favor de uma vida melhor para as gerações futuras. Um movimento que precisa ser feito em conjunto com a população, agentes públicos e sociedade civil, para priorizar esforços coletivos e implementar ações efetivas.

Por que a obesidade continua a crescer?
De antemão, o maior desafio da obesidade é o fato de essa ser uma doença multifatorial. Por esse motivo, trata-se de uma condição complexa, pois exige ações em diversos setores, não só da saúde. Isso significa dizer que a oferta de alimentos, assim como a sua qualidade, influencia no surgimento da doença. Os ambientes e locais que as pessoas frequentam podem favorecer ou não a obesidade, o que é chamado de ambientes obesogênicos, e estimular a alimentação inadequada, o comportamento sedentário e a inatividade física. Os hábitos também impactam nas escolhas alimentares, assim como as questões econômicas. Até mesmo a infraestrutura de uma cidade é considerada um fator para o surgimento e crescimento da doença.
O documento “ Obesidade Infantil – Estratégias de prevenção e cuidado (em nível local) ” traz alguns pontos que ajudam a ilustrar o impacto do contexto nesse assunto. Por exemplo: um desenho urbano que impossibilita a prática de atividade física em espaços de lazer ou por meio de transporte; a exposição constante ao uso de telas; a redução de aulas de educação física nas escolas; a acessibilidade física e financeira a alimentos in natura e minimamente processados em detrimento aos alimentos e bebidas ultraprocessados; assim como o estímulo ao consumo desse tipo de alimento por meio de estratégias de marketing e publicidade dirigidas ao público infantil.

E já que a obesidade é um desafio global para a saúde e para a sociedade, é necessário adotar estratégias efetivas em todo o mundo para prevenir e deter o avanço do problema. Mas a transformação também pode e deve acontecer localmente. A execução de estratégias em nível municipal é possível e necessária para reverter o cenário e prevenir os danos:
- Investimento na Atenção Primária à Saúde (APS) para o monitoramento da situação alimentar e nutricional e para a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar adequada e saudável em crianças menores de 2 anos;
- Tornar as cidades favoráveis ao acesso a uma alimentação saudável e à prática de atividade física com estruturas adequadas e segurança;
- Veiculação de campanhas efetivas de comunicação em saúde;
- Valorização da escola como um ambiente aliado a esta causa, inclusive para a prática da atividade física e para a restrição da oferta de alimentos não saudáveis;
- Implementação de políticas fiscais e medidas regulatórias para facilitar o acesso aos alimentos saudáveis e reduzir o acesso e a exposição aos alimentos não saudáveis.
Embora o foco das ações seja prevenir o excesso de peso na infância, é importante olhar para esse movimento a partir de uma abordagem mais abrangente e sistêmica a fim de alcançar resultados mais eficientes. Isso quer dizer que, por mais que o foco seja as crianças, de nada adianta não incluir a população em geral uma vez que o contexto impacta nas escolhas alimentares de todos e todas. Nesse sentido, o material produzido pelo Ministério da Saúde nessa parceria reforça que ações implementadas para toda comunidade de uma cidade demonstraram ser mais efetivas do que aquelas específicas para um determinado grupo.

Todo mundo só tem a ganhar com isso. Entenda o porquê:
Inevitável falar no benefício econômico que é prevenir antes de tratar um problema que já aconteceu. Com isso, priorizar a prevenção e o cuidado da obesidade infantil é um ótimo investimento. O material produzido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Programa Mundial de Alimentos explica que evidências já estimam que cada dólar gasto para prevenir a obesidade gera um retorno econômico de até seis dólares. Nesse sentido, implementar um conjunto de estratégias vai reduzir essa prevalência enquanto a saúde pública economiza.
Ao mesmo tempo, as medidas adotadas para frear o problema incentivam uma alimentação melhor para todos e todas, gerando mais qualidade de vida e mais saúde. Isso sem falar que todo o dinheiro poupado com tratamentos abre a possibilidade para investimentos em outros setores, como a promoção da saúde, por exemplo. A partir de um esforço para a redução do sobrepeso e da obesidade é possível não só garantir uma infância melhor como também identificar impactos dessas ações na saúde, na sociedade e no meio ambiente em todo o mundo.

Para conferir os materiais na íntegra, acesse:
Obesidade Infantil – Ações de prevenção e Atenção no Brasil, Colômbia e Peru
Obesidade Infantil – Estratégias de prevenção e cuidado (em nível local)