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Eu quero ter peso saudável
Saúde da criança: o peso infantil é um importante indicador
A infância é um período de inúmeras descobertas e de um turbilhão de mudanças diárias. É também um período de construção. Muito do que é incentivado nos primeiros anos de vida torna-se hábito nas fases futuras – e esses comportamentos podem ser benéficos ou trazer prejuízos no longo prazo. Por esse motivo, para alcançar uma vida adulta saudável e ficar longe de desfechos negativos para a saúde, é importante investir sempre em rotinas saudáveis desde o início.
E quando falamos desses reflexos, a manutenção do peso saudável surge como uma preocupação importante não só por parte da família, mas também dos profissionais de saúde que acompanham os pequenos. Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos com obesidade. A consequência disso é um aumento na probabilidade do aparecimento de diversas doenças, como diabetes, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos, doenças cardiovasculares e hipertensão, sendo essa última o fator de risco principal para infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame.
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Acompanhar o crescimento das crianças é fundamental para a gestão dos cuidados. Segundo Ana Carolina Feldenheimer, professora adjunta do Departamento de Nutrição Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a prevenção do ganho de peso não acontece de um dia para o outro, mas sim em longo prazo. É por meio de uma avaliação frequente do desenvolvimento infantil que é possível reconhecer e prevenir potenciais problemas de saúde.
O que deve ser considerado para avaliar o peso ideal?
Crianças e adolescentes estão igualmente em fase de crescimento, mas o processo funciona um pouco diferente para cada fase da vida. Os critérios variam de acordo com a faixa etária. Segundo Ana Carolina, para crianças menores de 2 anos, o crescimento e o ganho de peso podem ser acompanhados a partir do indicador que está presente na Caderneta da Criança: “o peso por idade”.
A partir dos 2 anos, é importante avaliar usando o Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade. A professora explica que essa é uma referência da Organização Mundial da Saúde e que foi adotada no Brasil desde 2006. O objetivo é conseguir acompanhar tanto o crescimento linear da criança quanto o seu ganho de peso, sendo o IMC o parâmetro que permite a comparação entre os dois.
Um outro indicador que pode ser levado em consideração ao longo de toda infância, que ajuda a acompanhar o crescimento linear de maneira isolada, é o “altura por idade”. Porém, quando o assunto é sobrepeso e obesidade, o indicador mais importante é o IMC para idade porque ele vai apontar como a criança está de acordo com a estatura que ela tem (baixo peso, peso adequado, sobrepeso, obesidade).
O que vale para uma criança nem sempre vale para outra
Segundo Ana Carolina, os parâmetros oficiais são as curvas de crescimento lançadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2006. Então na hora de avaliar o estado nutricional de uma criança, é preciso levar em consideração: idade, peso, altura e sexo. Esses dados são colocados na curva e a partir disso é possível analisar e classificar.
Esse acompanhamento precisa ser feito com uma certa frequência, obedecendo ao calendário de consultas. “Quando as crianças são mais novas, é importante ter um acompanhamento mais próximo e menos espaçado. A partir dos 2 ou 3 anos, o ideal é que haja um acompanhamento semestral, de acordo com as condições da família”, explica a nutricionista.
O registro dessas informações são parte fundamental do processo, uma vez que esse acompanhamento permite fazer comparativos entre uma consulta e outra, estabelecer mudanças quando for necessário e pensar o futuro da criança sob o ponto de vista da prevenção e do cuidado com a sua saúde integral.
Ter atenção aos parâmetros ajuda a evitar comparações e preocupações desnecessárias. A professora explica que as crianças precisam estar dentro de um intervalo de peso para a idade, altura para idade, IMC para idade. É um intervalo amplo e, portanto, não tem padrões absolutos. Duas crianças podem estar classificadas no gráfico como “peso adequado” e terem corpos completamente diferentes.
Uma criança abaixo do peso também é sinal de alerta?
Segundo Ana Carolina, a resposta é sim. Mas só é possível ligar o sinal vermelho depois da avaliação nutricional. “Uma vez que percebo que a criança está com peso muito baixo para a idade, eu tenho sim que tomar uma atitude. As mães têm que se preocupar mesmo. Mas não é uma avaliação feita a olho nu. Tem que avaliar o peso, a altura e o exame clínico. É preciso ver se ela não tem anemia, verminose ou outra questão de saúde. E também avaliar a qualidade da dieta da criança. Por isso é importante o acompanhamento”, explica.
E mesmo quando o baixo peso é diagnosticado, isso não deve ser automaticamente um motivo de pânico. A nutricionista orienta que uma criança que sempre teve o peso um pouco abaixo da média precisa ser acompanhada, mas se ela apresenta saúde, não adoece, brinca bem e tem bom desempenho escolar, essa condição não é um problema. Só se torna preocupante quando existe uma perda constante de peso ou não há o ganho de peso, e se essa característica estiver somada a outros indicadores.
O cuidado com o peso infantil começa na gravidez
Manter o peso controlado faz bem não só para as mães, mas também para os bebês. E isso reflete em outras fases da vida deles. Segundo a especialista em nutrição infantil, uma mãe que ganha peso adequado na gravidez tem muito mais chances de ter uma criança com peso adequado não só na infância, mas também na vida adulta. É aí que entram as consultas de pré-natal, atuando como importantes ferramentas de acompanhamento para uma gestação saudável.
Além disso, é importante que as mães se mantenham ativas fisicamente durante a gravidez. A prática de atividade física auxilia não somente no controle de peso materno, mas também contribui para que o bebê nasça com peso adequado.
Outra estratégia para proteger as crianças da obesidade infantil é a amamentação. Manter, sempre que possível, o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses, continuando até os 2 anos de maneira associada a uma alimentação adequada e saudável, tem uma participação importante na manutenção do peso saudável.
No período de contato com a primeira alimentação sólida, a professora lembra que é preciso oferecer somente alimentos in natura ou minimamente processados. O consumo dos ultraprocessados, por sua vez, tem importante relação com o desenvolvimento da obesidade na infância, adolescência e também na vida adulta. Por isso, deve ser evitado. É ainda mais essencial proteger os dois primeiros anos de vida, pois esse é um período crucial para o desenvolvimento das crianças
Ana Carolina lembra que nesse período deve haver uma introdução alimentar adequada e oportuna, garantindo a oferta de todos os grupos de alimentos, em um contexto familiar baseado em hábitos saudáveis. Isso inclui também o comportamento, uma vez que as refeições devem ser feitas em locais adequados, com calma e longe de distrações, como as telas.
Ainda, crianças de todas as idades devem praticar atividade física regularmente. A prática é essencial durante a infância, pois além de auxiliar na manutenção do peso saudável e na diminuição do risco de obesidade, traz inúmeros outros benefícios para a saúde. Para saber mais dicas sobre o assunto, acesse aqui o Guia de Atividade Física para a População Brasileira.
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