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Eu quero ter peso saudável
De olho no peso, de olho na saúde
A obesidade é uma doença crônica que tem se tornado cada vez mais crescente no Brasil. Muito dessa realidade está associada aos hábitos modernos, que incluem o excesso de tempo gasto em comportamentos sedentários, impulsionados pelo uso excessivo de telas, atrelado à pouca ou nenhuma prática de atividade física, bem como a ingestão cada vez mais frequente dos alimentos ultraprocessados.
Segundo o Ministério da Saúde, 26 % dos adultos brasileiros têm obesidade e mais da metade da população está acima do peso. Os dados são preocupantes, uma vez que essa é uma condição responsável por desencadear alterações hormonais, metabólicas e respiratórias, sendo um fator de risco para outras doenças sérias como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, renais e até mesmo certos tipos de câncer. É que a gordura em excesso faz com que o organismo permaneça em um estado inflamatório crônico, favorecendo a proliferação celular e o surgimento de mutações, que podem ser cancerígenas.
A boa notícia é que, para quem está acima do peso, qualquer esforço para emagrecer com saúde já pode ser considerado uma conquista. Esse é um fato que muita gente não sabe. Afinal, é comum pensar que o processo de emagrecimento só pode ser comemorado quando a perda é muito grande. Mas a realidade é bem diferente! Mesmo uma pequena porcentagem já representa mudanças metabólicas significativas e se converte em aumento da qualidade de vida.
Uma perda de 5 a 10% já é um bom começo. Entenda por quê!
De acordo com Erika Cardoso, que é professora do Departamento de Nutrição Clínica e Social da Escola de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto, mestre e doutora em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ, numa circunstância de sobrepeso ou obesidade, a perda de 5 a 10% do peso corporal já é suficiente para reduzir os riscos para a saúde, uma vez que essa proporção já provoca alterações metabólicas importantes.
“As evidências indicam que essa perda de peso – que parece pequena - traz resultados positivos importantes para a maioria dos indivíduos, como controle da pressão arterial, controle da glicemia, melhora do perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos), melhora de doença/sobrecarga pulmonar, diminuição da apneia do sono, das dores na coluna e até mesmo uma melhora na realização de atividades cotidianas. Tudo isso resulta em melhora da qualidade de vida”, explica Erika.
Considerando que a obesidade é uma doença multifatorial e muitas vezes progressiva, apenas manter o peso ou reduzi-lo para uma margem mais segura já garante benefícios para a saúde, principalmente em relação ao controle do diabetes e da hipertensão. Por esse motivo, essa é uma boa estratégia para quem sente dificuldade para emagrecer e ao mesmo tempo precisa controlar a obesidade. Se o ganho de peso é interrompido, o agravamento das consequências inerentes ao aumento também é.
“É preciso destacar que a manutenção do peso é tão importante quanto a perda modesta de peso, e que ambas produzem resultados metabólicos importantes. No entanto, deve-se compreender que interromper ou reduzir o ganho de peso depende de outros fatores, incluindo questões sociais e econômicas e não apenas da vontade individual”, reforça a professora.
Qual a melhor maneira de alcançar essa mudança?
A adoção de hábitos saudáveis é o principal caminho para a manutenção de um peso corporal adequado e também para a prevenção de diversas doenças. Nesse contexto, estão incluídas a prática regular de atividade física e uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados. Além disso, Érika coloca ainda nessa lista um sono de qualidade e o gerenciamento do estresse e da ansiedade, principalmente relacionados à perda de peso.
Mas a nutricionista lembra que, antes de qualquer coisa, quem deseja emagrecer deve procurar a ajuda de um profissional da saúde para verificar se existem outras questões envolvidas no ganho de peso e na dificuldade em perdê-lo. Ainda é por meio desse aconselhamento que será possível traçar a melhor estratégia e, principalmente, fazer um acompanhamento.
No Sistema Único de Saúde (SUS), uma equipe da Atenção Primária à Saúde está capacitada com profissionais multidisciplinares aptos para essa tarefa, oferecendo desde orientações para uma alimentação adequada e saudável até para a prática de atividade física, inclusive garantindo onde praticar, como é o caso do Programa Academia da Saúde.
Como evitar o efeito sanfona?
Já que a obesidade é uma doença progressiva, a manutenção do peso é tão importante quanto a perda dele. Por esse motivo, o chamado “efeito sanfona”, caracterizado pela volta do peso que já havia sido perdido, é tão temido. Sabendo da dificuldade que muitas pessoas enfrentam para fugir dele, é importante manter o comportamento saudável mesmo após o alcance do objetivo.
E nesse sentido, vale lembrar que levar uma vida saudável está muito longe de ser um sacrifício. Muito pelo contrário! Alimentação boa é aquela que coloca comida de verdade na mesa, que respeita os aspectos sociais e culturais de cada pessoa, e que cabe no bolso e na rotina. A atividade física ideal é aquela que traz prazer e que pode ser praticada em longo prazo sem grandes dificuldades. Quando o assunto é ganho de qualidade de vida, isso vai muito além da balança.
“O melhor comportamento alimentar para a perda e manutenção do peso perdido, que impedirá o ‘efeito sanfona’, é aquele baseado em alimentos in natura ou minimamente processados e que você consegue manter dentro da sua rotina de vida. A melhor atividade física é aquela que você consegue realizar dentro do seu contexto de vida e trabalho, quando e onde for possível. Esses comportamentos associados ao gerenciamento do sono e do estresse vão oferecer muito mais do que a perda de peso, trazendo mais qualidade de vida para as pessoas com obesidade”, orienta Erika.