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Eu quero parar de fumar
Quem vê cara não vê o perigo: como o cigarro eletrônico pode estar enganando você?
Pode ser o cheiro, o sabor agradável, o formato diferente ou até mesmo a ausência do fogo. O cigarro eletrônico tem caído cada vez mais no gosto popular por ser tratado, de forma equivocada, como um produto menos prejudicial. A ideia tem ido até mais longe, já que muitos divulgam o produto como uma alternativa para parar de fumar, informação errônea e não reconhecida pelo Minsitério da Saúde. Mas apesar de não parecer, ele também é um derivado do tabaco. Ou seja: também está ligado ao tabagismo e é tão prejudicial à saúde quanto os cigarros convencionais.
Os cigarros eletrônicos fazem parte do universo dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), tratam-se de aparelhos que funcionam com uma bateria e têm diferentes formas e mecanismos. Podem ter, por exemplo, o formato de cigarros, canetas e pen drives. Em sua maioria, contêm aditivos com sabores, substâncias tóxicas e nicotina, que é uma droga que causa dependência, adoecimento e morte.
Quais são os tipos de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs)?
Cigarros eletrônicos: a bateria aquece a solução líquida (e-liquids), com ou sem nicotina (em diferentes concentrações), e produz um vapor/aerossol que o usuário inala. Outras substâncias psicoativas também têm sido utilizadas no dispositivo, como, por exemplo, o tetra-hidro-canabinol (THC) e o canabidiol (componente da maconha). A composição e a concentração de nicotina nos líquidos variam de acordo com o fabricante.
Cigarros aquecidos (também chamados de Heet ou HeatStick): a bateria aquece um pequeno cigarro, que produz um vapor/aerossol contendo nicotina e outros produtos químicos. Cada Heet apresenta aproximadamente a mesma quantidade de nicotina que um cigarro comum.
Vaporizadores de ervas secas: aquecem o tabaco picado ou outras ervas, produzindo um vapor.
Produtos híbridos: possuem características de cigarros eletrônicos e de vaporizadores de ervas secas. Possuem dois reservatórios: um armazena ervas picadas e o outro, os líquidos.
Quais são os riscos para a saúde?
Os cigarros eletrônicos podem até ter sido desenvolvidos com a proposta de reduzir danos, partindo do princípio que, em seu mecanismo de ação, não haveria monóxido de carbono, alcatrão e tantas outas substâncias que surgem a partir da degradação e combustão do tabaco. Porém, segundo Sandra Marques, que é cirurgiã-dentista e coordenadora estadual do Programa Estadual de Controle do Tabagismo de São Paulo, eles também foram desenvolvidos para entregar nicotina. Por ser psicoativa, é uma substância responsável pela dependência.
Além disso, de acordo com o INCA, estudos mostram que os níveis de toxicidade podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que muitas vezes apenas mascaram os efeitos danosos. Dentre essas substâncias tóxicas, a cirurgiã ressalta ainda a presença de metais pesados, como chumbo, ferro e níquel. A presença de tudo isso já é motivo suficiente para o desenvolvimento de inúmeras doenças, inclusive o câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares.
Existe ainda uma condição que está relacionada especificamente aos DEFs: uma doença pulmonar chamada EVALI, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury). De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os sintomas respiratórios da EVALI costumam incluir tosse, dor torácica e dispneia. Também são comuns sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios e perda de peso.
Você quer parar de fumar?
Não se deixe levar pelas aparências. O cigarro comum deixa seus malefícios mais aparentes, enquanto o eletrônico está disfarçado de algo recreativo, prazeroso e inofensivo. Porém, ambos podem te fazer mal. Parar de fumar é sempre a melhor opção.
O Ministério da Saúde disponibiliza ações de promoção à saúde com o intuito de reduzir a prevalência de fumantes e o consumo de tabaco. Uma das estratégias mais importantes é o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Por meio do PNCT, o SUS oferece tratamento integral e gratuito a quem deseja parar de fumar.
Saiba onde é oferecido o tratamento no seu município. Para informações mais detalhadas, consulte a coordenação de controle do tabagismo da sua secretaria estadual e/ou municipal de saúde (https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo/programa-nacional-nos-estados) ou procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima.
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