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Eu quero parar de fumar
Quem fuma só no fim de semana não tem vício?
Festas e bares são os principais cenários para quem quer dar um trago, especialmente porque é bastante comum encontrar nesses lugares muita gente com o cigarro na mão. E para muitas pessoas, é assim que começa o início de um vício e uma doença crônica, que é o tabagismo. Mesmo quando ocasionalmente, fumar é uma prática que oferece riscos. É sempre bom lembrar que não existe nível seguro para o consumo da nicotina.
Quais são as consequências do fumo de fim de semana?
O primeiro risco disso é de que o fumante de fim de semana se tornar regular. Além disso, existem outras três variáveis que podem agravar o vício: a quantidade, a regularidade e as associações. Em relação à quantidade, a médica pneumologista Nancilene Melo explica que se define como fumante regular aquela pessoa que fumou mais de cem cigarros durante toda a sua vida. Nesse sentido, “fumante social” é alguém que fuma uma quantidade inferior a essa enquanto vive.
Se um indivíduo fuma todo final de semana, em alguns meses ele terá atingido o valor equivalente ao que caracteriza um fumante regular, justamente pelo aumento da regularidade, a segunda consequência do fumo de final de semana. Sendo assim, a cada final de semana a exposição ao tabaco aumenta. E quanto maior a exposição, maior o risco de contrair qualquer doença relacionada ao cigarro.
Em seguida vêm as associações ao álcool. Na fase inicial, essa substância tem um efeito estimulante, mas logo em seguida passa a atuar como depressora do Sistema Nervoso Central. A nicotina, por sua vez, atua como estimulante sempre, conforme explica a médica. Ao longo do tempo, a combinação entre o álcool e a nicotina provocam a sensação de equilíbrio do nível de consciência.
Soma-se a isso o fato do álcool reduzir o tempo de ação da nicotina, o que vai aumentar o consumo de tabaco. Essa mistura eleva muito as chances de ter doenças relacionadas tanto ao tabaco quanto ao consumo de álcool. E novamente: quanto maior a exposição, maior o risco.
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Existe abstinência para quem fuma só no final de semana?
Para responder essa pergunta, a profissional de saúde destaca que é preciso antes avaliar o contexto no qual o fumante está inserido. Ou seja, é preciso analisar o que está levando essa pessoa a manter esse hábito aos finais de semana. O estado emocional é muito importante de se levar em consideração nesse momento.
“A nicotina atua na região de recompensa e tem a capacidade de fazer associações para liberar essa recompensa. Ela alivia temporariamente estresse, ansiedade e, muitas vezes, a pessoa termina se habituando a encontrar os amigos no final de semana em uma situação agradável onde vai existir uma associação muito frequente do cigarro com a bebida”, explica Nancilene.
Compreender até que ponto a pessoa está tendo uma dependência da nicotina, ou está sentindo falta do contexto que levou ao consumo do tabaco com os amigos em um evento específico, é essencial. No segundo caso, a pessoa sente falta do contexto social em que estava inserida no final de semana e termina fumando porque o tabaco gera uma conexão com esse meio. A médica explica ainda que a questão da dependência tem um fator individual que pode predispor ao vício. Tem pessoas que vão se tornar dependentes com apenas um cigarro. Outras vão demorar um pouco mais para desenvolver a dependência.
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E o fumante passivo de final de semana?
Assim como em qualquer outra situação, o fumante passivo continua sendo prejudicado. E a regra da regularidade vale para ele também: quanto maior a exposição, maior o risco. Na prática, o fumante passivo inala a fumaça da queima do cigarro, exalada pelo fumante ativo. Então ele é duplamente agredido e corre o risco de desenvolver diversas doenças, principalmente as alérgicas e os cânceres. Assim como quem está dando o trago, afinal todo mundo que fuma ativamente também é um pouco passivo.
Somado a isso, existem as substâncias da fumaça que ficam impregnadas na pele, na roupa e no cabelo de quem tem contato com ela. E como não mencionar as novas formas de consumo do tabaco, como os cigarros eletrônicos e o narguilé. Nestes casos, a médica lembra que o volume e a densidade do que é exalado é muito maior que do cigarro tradicional.
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