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Eu quero parar de fumar
O desafio para a mulher quando a decisão é parar de fumar
Decidir parar de fumar é o primeiro e um importante passo que uma pessoa pode dar para melhorar a sua saúde. Os benefícios da cessação são incontáveis e muitos deles podem ser percebidos precocemente. No entanto, essa escolha tem seus desafios e para as mulheres, possuem características próprias. Compreendê-los é o primeiro passo para abandonar o cigarro de forma consciente e duradoura.
De acordo com uma matéria publicada no Jornal da Universidade de São Paulo (USP), as mulheres têm o dobro da dificuldade no primeiro dia de abstinência ao tentar largar o cigarro. A confirmação está no artigo publicado no periódico científico Addictive Behaviors, assinado por pesquisadores da USP, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Faculdade de Medicina do ABC, da Columbia University e da University of Pennsylvania, que analisou dados de 12 países de baixa e média renda e concluiu que as mulheres têm 2,1 vezes mais chances de fazerem parte do grupo de pessoas que tentam parar de fumar e desistem já no primeiro dia.
Encarar essa maior dificuldade logo no começo impacta no resultado final, já que esse período inicial tem uma importância maior no sucesso do tratamento. Vale a pena entender os motivos que levam as mulheres a sentirem uma dificuldade maior quando decidem parar de fumar, para que as melhores estratégias sejam adotadas em favor de uma vida livre do cigarro.
1 – Preocupação com o peso
O tabagismo é responsável por promover alterações metabólicas que algumas vezes podem ocasionar perda de peso e o receio de um eventual ganho de peso pois a nicotina induz o aumento de leptina circulante no sangue, uma substância produzida nas células de gordura e também chamada de hormônio da saciedade. A leptina libera mensagens ao cérebro que controlam o apetite. Além disso, o cigarro pode interferir na percepção dos aromas e sabores dos alimentos.
Por isso, a cessação do cigarro pode propiciar um novo prazer na alimentação e a adoção de uma alimentação adequada e saudável, baseada no consumo de alimentos in natura e minimamente processados, poderá ajudar na manutenção de um peso saudável, juntamente com a prática de atividade física. O peso adequado depende das características individuais, demandas, possibilidades e necessidades de cada pessoa, e é influenciado por questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Assim, a perda, ganho ou manutenção do peso depende de fatores complexos e não deve ser condicionante para a cessação do tabagismo, que traz benefícios imensuráveis para a saúde.
2 – A dependência da nicotina é diferente para as mulheres
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Essa é uma substância psicoativa que, ao ser inalada, produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como acontece com a cocaína, heroína e o álcool. Sendo assim, a nicotina é capaz de desencadear efeitos psicoativos relacionados ao prazer.
Segundo o artigo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, uma publicação oficial da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, diferenças sutis, porém significativas, são observadas em relação às características da dependência à nicotina entre homens e mulheres. Uma delas é em relação ao comportamento da mulher fumante. Enquanto elas estão mais condicionadas a fumar por fatores relacionados ao humor, eles estão pela resposta farmacológica da substância, ou seja: pelo efeito químico da droga em si.
O material explica ainda que as mulheres também têm uma metabolização mais rápida da nicotina e apresentam uma maior prevalência de depressão do que os homens, fatores que podem explicar a possível maior dificuldade de parar de fumar em relação aos homens.
3 – Os fatores externos influenciam na hora de parar
As mulheres costumam acumular funções no seu dia a dia, fato que exerce uma sobrecarga emocional muito grande sobre elas. Estamos falando de mulheres que, muitas vezes, precisam lidar com a responsabilidade de cuidar da casa, da família e dos filhos, da sua vida pessoal e profissional, principalmente porque a inserção das mulheres no mercado de trabalho está cada vez maior. O acúmulo de funções é uma realidade, assim como o estresse.
De acordo com o Jornal de Pneumologia, pesquisas evidenciam que as mulheres costumam fumar após experiências negativas de vida. Nesse sentido, fumar também tem um mecanismo de fuga das emoções. É importante lembrar que doenças como depressão, ansiedade e outros transtornos estão relacionados ao tabagismo e à dificuldade de parar de fumar.
De acordo com o artigo, essa dificuldade está relacionada a uma piora dos sintomas psiquiátricos durante o período de abstinência, havendo um grande risco de voltar a fumar. E por falar na abstinência, ela também é sentida de forma diferente pelas mulheres. Estudos mostram que elas têm um maior índice de recaída quando comparada aos homens graças aos sintomas de abstinência, que incluem irritabilidade, aumento do apetite, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e dificuldade de concentração.
Com base nessas características, o estudo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia orienta que o tratamento para a mulher deve ser bem direcionado e adaptado à sua realidade para que seja efetivo, considerando sempre os fatores sociais externos que podem se tornar obstáculos durante a terapia (responsabilidade com filhos e família, inflexibilidade no trabalho, baixa renda, entre outros).
O SUS pode ajudar
Já pensou em parar de fumar recebendo o tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS? Ligue para o número 136 e confira as Unidades Básicas de Saúde e Hospitais do seu município que oferecem esse tratamento. Você também pode se informar pelo aplicativo Conecte SUS – baixe gratuitamente na loja de aplicativos do seu celular!
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