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Eu quero parar de fumar
O cigarro na saúde da mulher: existe alguma diferença?
O cigarro já foi visto como algo descolado, mas isso ficou no passado. Já está mais do que comprovado que fumar afeta diretamente a saúde individual e coletiva, sendo os produtos derivados do tabaco associados a diversos problemas de saúde, incluindo as doenças cardiovasculares e o câncer. Mas apesar de tantas informações sobre o assunto, ainda existe uma presença forte do cigarro na vida das pessoas.
É bem provável que isso esteja relacionado à dependência química. Isso porque a nicotina é uma droga psicoativa muito poderosa. Em segundo lugar, podemos mencionar a dependência psicológica, uma vez que o cigarro é visto como “reconfortante” por muitos de seus usuários. , e Fumar torna-se, portanto, uma válvula de escape.
E falando especificamente das mulheres, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que elas começaram a fumar depois dos homens, mas recentemente, especificamente depois do século XX, tem acontecido um aumento significativo do número de mulheres fumantes. O tabagismo tem um grande impacto na saúde de todo mundo, e no organismo feminino o cigarro tem suas particularidades.
Segundo Marcela Fiadeiro, médica ginecologista e Coordenadora da Saúde da Mulher na Região da Saúde Oeste do Distrito Federal, o tabaco oferece problemas similares entre homens e mulheres, entre eles o enfisema, a bronquite crônica, as doenças cardiovasculares e o câncer. Porém, alguns estudos mostram que as mulheres, por motivos genéticos e bioquímicos, metabolizam mais rápido a nicotina. Isso significa que nas mulheres pode haver a liberação de substâncias cancerígenas de uma forma mais acelerada e sensível.
A médica explica, ainda, que essa característica justificaria uma maior suscetibilidade das mulheres ao desenvolvimento do câncer, principalmente de pulmão e mama. Segundo o INCA, no Brasil o câncer de pulmão é a segunda causa de morte - tanto em homens quanto em mulheres. Em primeiro lugar para elas está o câncer de mama e em terceiro lugar o câncer colorretal. E além das doenças que acometem ambos os sexos, o cigarro também pode causar incontinência urinária e problemas no sistema reprodutor das mulheres, reduzindo a fertilidade e antecipando a menopausa. No caso das gestantes, o cigarro oferece graves riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, inclusive na vida futura da criança.
Do ponto de vista hormonal, a ginecologista destaca que fumar pode impactar no sistema endócrino da mulher. Isso representa uma redução dos níveis de progesterona e estrogênio, que são importantes hormônios femininos. No caso da redução do estrogênio, o reflexo é uma menor absorção de cálcio, diminuindo a quantidade desse mineral fundamental para os ossos e aumentando as chances de surgimento da osteoporose precoce. De um modo geral, o impacto hormonal pode encurtar a vida fértil da mulher.
Anticoncepcionais Hormonais x Tabagismo
Um aspecto do universo feminino que passa longe dos homens é o uso de anticoncepcional. Esse medicamento por si só já aumenta em cerca de cinco vezes as chances de ter algum problema circulatório, explica a profissional. Mas apesar de ser uma porcentagem alta, o risco absoluto é baixo. Segundo Marcela, a cada cem mil mulheres usando o anticoncepcional hormonal, apenas cinco irão apresentar problemas.
Porém, se a mulher é tabagista, essa taxa aumenta significativamente. Pior ainda se estiver associado ao tabagismo o diabetes e um histórico familiar de trombose. E quando o consumo de tabaco é associado ao anticoncepcional, o risco de doenças cardiovasculares aumenta ainda mais.
Criando forças para mudar
Tendo em vista os efeitos psicoativos da nicotina, como a falsa sensação de bem-estar que ela provoca, muitas mulheres que recorrem ao cigarro mesmo diante dos riscos. Para elas, existem diversos fatores que permeiam a rotina e servem de gatilhos para grandes momentos de estresse. A dificuldade para equilibrar tarefas como cuidar da casa, dos filhos, da carreira e da vida pessoal pode ser um exemplo.
Diante disso, a médica salienta que é possível fazer uma ponte entre a dependência do cigarro e a busca pela ideia de alívio da ansiedade. Fora isso, estudos sugerem que as mulheres encontram maiores dificuldades em parar de fumar. Segundo a ginecologista, isso acontece graças ao comportamento das fumantes, que está mais relacionado ao humor e à tentativa de reduzir o estresse.
Diante disso, é importante que a mulher encontre uma rede de apoio que a ajude a se manter firme no propósito de parar de fumar. Não só os profissionais da saúde, mas também os familiares e amigos podem auxiliar, evitando situações desencadeadoras do desejo pelo cigarro, demonstrando compreensão e evitando comportamentos que invalidem a mudança.
E quando os sintomas da abstinência surgirem, é importante encará-los com otimismo: eles tendem a desaparecer em uma ou duas semanas. Então é normal que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarro sejam os mais difíceis. Mas as dificuldades tendem a ser menores com o tempo. Essa fase não precisa ser sinônimo de sofrimento - ela vai trazer grandes benefícios para a saúde.
E por que não trocar sensações ruins por comportamentos saudáveis ? É o caso de incluir tanto a atividade física e quanto a alimentação adequada e saudável no dia a dia. Certamente são pontos que vão fortalecer ainda mais a pessoa que está vivendo esse processo de parada. E por fim, manter-se positivo é super importante. Apesar das dificuldades, mantenha o foco nos benefícios.
Aposte no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento gratuito para o tabagismo, que integra o Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Disque 136 e descubra em quais Unidades Básicas de Saúde e hospitais do seu município esse auxílio está disponível.
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