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Eu quero parar de fumar
As aparências enganam: conheça os perigos do cigarro eletrônico
Presença quase unânime nas festas, shows e eventos sociais em geral, o cigarro eletrônico tem ganhado um espaço cada vez maior entre as pessoas, especialmente as jovens. O aumento do consumo em torno do produto pode ser explicada por duas características muito específicas do cigarro eletrônico: ele possui um aroma e um sabor agradável, muito diferente do cigarro normal. Tudo isso graças a uma infinidade de essências disponíveis no mercado, sempre associadas a sabores doces, refrescantes e atraentes.
O cigarro comum, por outro lado, deixa seus malefícios mais aparentes. Ele tem a capacidade de manchar a pele, os dentes e ainda deixar no fumante um cheiro forte e característico. Sem falar em uma fumaça que de longe já incomoda quem está por perto. Toda essa imagem negativa recai sobre o produto, reforçando a ideia de que ele faz mal à saúde, mesmo entre as pessoas que já convivem com o vício. É como se fosse um perigo visível, enquanto o cigarro eletrônico está disfarçado de algo recreativo, prazeroso e inofensivo.
Qual é a principal diferença entre o cigarro normal e eletrônico?
Segundo Nancilene Melo, que é médica pneumologista, o cigarro tradicional é um dos produtos que gera fumaça a partir da queima do tabaco. O uso do tabaco queimado é extremamente perigoso para a saúde humana, uma vez que essa fumaça gerada tem propriedades cancerígenas e capazes de causar danos aos tecidos dos órgãos do corpo humano, além de possuir elementos inflamatórios. Para se ter uma ideia mais exata, o cigarro normal possui mais de 7 mil substâncias tóxicas para o organismo.
Já os cigarros eletrônicos são aparelhos mecânico-eletrônicos compostos por bateria de lítio e diferentes mecanismos de funcionamento, dada a enorme variedade de modelos presentes hoje no mercado. Mas dentre todos eles, a médica explica que os mais comuns são os dispositivos eletrônicos com tabaco aquecido. Já que neles não acontece a queima do tabaco, não é produzida uma fumaça, mas sim um vapor ou aerossol.
Esses produtos liberam menos substâncias danosas quando comparado aos cigarros de combustão, que são os tradicionais. Mas nem por isso dá para se enganar! Segundo a Organização Mundial da Saúde, muitos deles liberam em seu vapor mais de 80 substâncias. Entre elas estão a nicotina, substâncias cancerígenas e com potencial explosivo, metais pesados, além de produtos utilizados na indústria alimentícia.
Diante disso, a pneumologista lembra que o pulmão é um órgão estruturado para a respiração. Ele não tem qualquer capacidade de “digerir” algo. É possível que todos esses compostos possam oferecer riscos à saúde e prejudicar o bom funcionamento do sistema respiratório. Portanto, é possível concluir que: são produtos diferentes, mas com capacidade de causar danos à saúde. Mesmo que cada um à sua maneira.
Para entrar mais no detalhe, os cigarros eletrônicos nada mais são que uma inovação tecnológica para alterar a forma de consumo da nicotina. Por mais que ainda faltem estudos específicos e a longo prazo sobre seus malefícios, não há dúvida sobre o potencial danoso das partículas inaladas no vapor justamente pela presença da nicotina, contribuindo para o surgimento das doenças cardiovasculares e pulmonares.
“O próprio tabagismo, por causar dependência devido à ação da nicotina, já é considerado uma doença sistêmica. Ou seja: acomete todo o organismo, fazendo com que inúmeras doenças estejam relacionadas a ele. Isso significa dizer que é possível um comprometimento no sistema respiratório, cardiovascular, nervoso, além de afetar a saúde da boca e, principalmente, provocar os mais diversos tipos de câncer”, explica a médica.
Um ponto importante sobre o cigarro eletrônico é que nele é muito mais difícil dosar a quantidade de nicotina presente, diferente do tradicional. Com isso, as chances de dependência são ainda maiores e com consequências mais graves. Nancilene ainda acrescenta que a moda dos dispositivos a vapor está até reforçando o uso dos cigarros tradicionais, fazendo com que exista uma dependência simultânea.Sendo até contraditório associar o uso de um para o tratamento do outro, uma prática que tem sido comum entre as pessoas que desejam parar de fumar e acabam por se apoiar nos dispositivos eletrônicos na esperança de abandonar a dependência do cigarro tradicional. Além disso, a médica lembra que os estudos sobre o uso terapêutico destes produtos eletrônicos ainda são inconclusivos e sem evidências suficientes para orientar o seu uso como tratamento.
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