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Eu quero parar de fumar
A relação entre o tabagismo e as doenças cardiovasculares
Pequeno por fora, mas gigante por dentro. Essa é uma frase bastante popular para descrever o que é capaz de nos surpreender, apesar do reduzido tamanho. No caso do tabaco, esse potencial é extremamente negativo. Mesmo em algo tão pequeno, como é o caso do cigarro, cabem mais de 4.700 substâncias tóxicas que são extremamente prejudiciais à saúde.
Justamente por isso, o consumo do tabaco está associado a 30% das mortes por câncer ( sendo mais de 90% deles de pulmão), 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais, de acordo com dados do Hospital do Coração (HCor). E ainda tem mais: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo.
O pulmão é o principal órgão afetado pelo fumo. Parece óbvio, afinal fumar é basicamente puxar e soltar a fumaça pelas vias aéreas. Mas como nosso organismo funciona como um sistema totalmente interligado, os malefícios não se concentram apenas no aparelho respiratório. Eles extrapolam essa região e atingem diversas partes do corpo. Você sabia que o cigarro é um grande inimigo do coração?
Como o cigarro afeta o coração?
De acordo com Roberto Meirelles, que é médico cardiologista e presidente do corpo clínico do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), já foram catalogadas milhares de substâncias que, além do efeito de causar dependência, provocam o estreitamento das artérias e a inflamação e aparecimento das temidas placas de ateroma, nome dado a presença de gordura, cálcio e inflamação nas artérias.
Também estão associados ao cigarro efeitos prejudiciais sobre a pressão arterial e os vasos sanguíneos, sobre as artérias coronárias e artérias cerebrais. Por esse motivo, é possível identificar em fumantes riscos aumentados de derrames cerebrais (AVC), infarto e desenvolvimento da hipertensão. A situação é ainda mais grave quando o fumante já possui previamente algumas comorbidades, além do uso rotineiro do cigarro .
“Em geral, os pacientes tabagistas também possuem hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias (presença de níveis elevados de gorduras no sangue). São combinações muito perigosas porque potencializam o efeito do cigarro na inflamação, no estreitamento e na obstrução dos vasos sanguíneos, bem como aceleram a evolução dessas condições, o que pode levar a infarto, derrame, angina(dor no peito causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração) e morte súbita. Lembrando também do câncer, cujos fatores de risco são bem parecidos com os das doenças cardiovasculares”, explica o especialista.
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Fumaça no ambiente, risco compartilhado
Um ponto importante, mas pouco lembrado são os malefícios do fumo para quem convive com pessoas tabagistas em diferentes ambientes, respirando as mesmas substâncias tóxicas que elas. Vale lembrar que quando um cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça é tragada pelo fumante. O restante dela é lançada ao ambiente pela ponta acesa. É aí que entra o fumante passivo!
Sem dúvida o risco maior é para o fumante, que consome por completo as substâncias presentes no cigarro. Mas quem está por perto, apenas inalando a fumaça do ambiente, também compartilha dos riscos de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo, incluindo câncer de pulmão e problemas cardiovasculares. Sendo assim, o médico lembra que o fumo passivo resulta nos mesmos malefícios e no agravamento tanto de doenças pré-existentes quanto no surgimento de angina, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo.
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Sempre é uma boa ideia parar de fumar
Não só para o coração, mas para a manutenção da saúde em geral, é importantíssimo parar de fumar! Roberto Meirelles explica que, alguns dias após a cessação do tabagismo, a pessoa já identifica melhoras, e isso pode ser percebido de forma gradativa.
Minutos após o último cigarro tragado, já ocorre redução da frequência cardíaca. Meses depois, já observa-se redução no risco de problemas cardiovasculares graves e de câncer, até que, em aproximadamente 10 a 15 anos, o risco residual, que é aquele que sempre irá existir, se torna próximo ao de uma pessoa que nunca fumou.