Notícias
Eu quero me exercitar
Pessoas com HIV podem praticar atividade física?
O sistema imunológico tem como função proteger o organismo de agentes externos que possam causar doenças diversas, como os vírus, as bactérias e os fungos. De um modo geral, o corpo humano dá conta de lidar com essas invasões, especialmente com a ajuda de um tratamento médico. Mas quando falamos no HIV, o agente causador da Aids (da sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), ele ataca justamente esse sistema imunológico. O resultado disso é o enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e o aparecimento de doenças oportunistas.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico de dezembro de 2021, emitido pelo Ministério da Saúde, são 381.793 casos de infecção pelo HIV no Brasil, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, de 2007-2021. E grande parte dessas infecções acontecem por meio do ato sexual, sendo o uso da camisinha essencial para a proteção contra o vírus e contra a doença.
Graças à evolução dos tratamentos, o HIV deixou de ser fatal. Atualmente, é possível que uma pessoa com o vírus consiga levar uma vida normal e ter a infecção controlada, assim como acontece com qualquer doença crônica. E isso vale para a prática de atividade física também. Desde que com a orientação correta, manter uma vida fisicamente ativa pode trazer, na verdade, muitos benefícios.
Nesse sentido, é importante que qualquer pessoa que pretende começar a praticar atividade física consulte um profissional de saúde para receber a devida orientação, a fim de evitar qualquer intercorrência de saúde, especialmente no caso de pessoas que apresentam complicações, como problemas do coração e doenças crônicas (diabetes, hipertensão, obesidade). Pessoas com HIV são mais propensas a essas doenças e a atividade física é importante para ajudá-las a se manterem saudáveis e ativas.
Um dos problemas recorrentes de quem vive com HIV/Aids é a Lipodistrofia, que consiste em uma má distribuição da gordura no corpo. Em outras palavras, essa condição faz com que exista perda ou acúmulo de gordura, de forma assimétrica, em algumas regiões do corpo. Para esse problema, a prática regular de atividade física também tem grande potencial benéfico, pois ajuda a reduzir esses efeitos.
De acordo com Luiz Rodrigo Augustemak de Lima, doutor em Educação Física na área de concentração em Biodinâmica do Desempenho Humano pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mais de 20 revisões da literatura evidenciam que exercícios físicos aeróbicos e resistidos, com por exemplo a musculação, são capazes de melhorar a resistência à insulina (aumento de açúcar no sangue) e o perfil lipídico (nível de gordura no sangue).
Além disso, como complementa Luiz Rodrigo, os exercícios citados aumentam o consumo máximo de oxigênio, a força e massa muscular e o HDL-c (considerado o colesterol bom), reduzem a massa gorda, a fadiga muscular e os triglicérides, bem como melhoram a qualidade de vida de adultos que vivem com HIV.
“Atualmente, os estudos têm focado em produzir evidências sobre o efeito de exercícios resistidos e aeróbicos - isolados ou combinados - sobre a densidade mineral óssea (quantidade de cálcio presente no osso) e sobre os parâmetros de inflamação crônica e ativação imune, respectivamente, para diminuir o efeito da osteoporose (doença que torna os ossos frágeis e quebradiços) e quadro persistente de ativação imune relacionadas à infecção pelo HIV”, explica o profissional.
Quando a atividade física não deve ser feita?
Segundo Luiz Rodrigo, a contraindicação à prática de atividades físicas é presente na imunodeficiência avançada e na presença de infecções oportunistas, na presença de comorbidades não controladas, como diabetes mellitus e hipertensão, na hepatopatia grave (grupo de doenças que atingem o fígado) com baixo nível de plaquetas associado e no alto risco cardiovascular ou outras condições clínicas agudas a serem analisadas com cautela.
O especialista lembra que as pessoas com HIV se adaptam bem às atividades físicas, podendo inclusive mostrar boas respostas comparadas às pessoas sem o vírus. Contudo, no caso de um paciente que é sintomático e está há muito tempo em tratamento com medicamentos antirretrovirais, deve se ter uma atenção a mais aos riscos cardiovasculares, inclusive aos sinais e sintomas dessa natureza.
Durante a prática de atividade física, pessoas assintomáticas podem apresentar respostas normais para a pressão arterial, frequência cardíaca (FC) e consumo de oxigênio (VO2), assim o baixo condicionamento físico é atribuído ao estilo de vida da pessoa. Por outro lado, pessoas com HIV sintomáticas podem ter redução do consumo de oxigênio, da força muscular, possibilidade de aumento da frequência cardíaca, além dos efeitos colaterais da terapia antirretroviral (TARV). A soma desses fatores pode gerar uma dificuldade em aderir à prática de atividade física, explica o profissional.
HIV e Aids: são a mesma coisa?
A resposta é não! De acordo com o manual Cuidado integral às pessoas que vivem com HIV pela Atenção Básica, produzido pelo Ministério da Saúde, após uma pessoa se infectar pelo vírus HIV ela pode permanecer durante anos com o vírus no organismo sem apresentar nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa é portadora do HIV.
O vírus HIV tem como principal alvo o sistema imunológico, que é responsável pela defesa do organismo contra doenças. Assim, com a perda da capacidade do organismo de se defender, começam a aparecer sinais e sintomas relacionados à presença de infecções oportunistas, e surge a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, chamada de Aids ou Sida.
Em resumo, segundo a publicação, o HIV é o vírus da imunodeficiência humana e a aids surge quando a pessoa se encontra doente, com manifestações decorrentes da presença do vírus no organismo. Assim, a pessoa pode estar infectada pelo HIV e não estar doente com Aids.
Consulte o Guia de Atividade Física para a População Brasileira
Produzido pelo Ministério da Saúde, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira incentiva a prática regular de atividade física e demonstra como manter uma vida fisicamente ativa em diferentes momentos. Dividida em oito capítulos, a publicação aborda a prática de atividade física em vários contextos, grupos e ciclos de vida, além de trazer recomendações sobre a quantidade, a intensidade e exemplos de atividades aeróbias, de força e de equilíbrio, com indicações para um estilo de vida ativo. Acesse agora para consultar informações e recomendações específicas para crianças de até 5 anos, crianças e jovens de 5 a 17 anos, adultos e idosos, gestantes e mulheres no pós-parto, pessoas com deficiência e para a educação física escolar.