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Eu quero me alimentar melhor
Por que as habilidades culinárias são importantes para a alimentação adequada e saudável?
Não saber cozinhar acaba sendo um obstáculo para adoção de uma alimentação adequada e saudável No Brasil e em muitos outros países, o processo de transmissão de habilidades culinárias entre gerações vem perdendo força e as pessoas mais jovens possuem cada vez menos confiança e autonomia para preparar alimentos. O processo de perda progressiva de habilidades culinárias implica que as preparações baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados podem se tornar cada vez menos atraentes.
Os alimentos ultraprocessados, apesar de algumas vezes serem mais práticos por estarem prontos para o consumo, são formulações industriais feitas com ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em casa (carboximetilcelulose, açúcar invertido, maltodextrina, frutose, xarope de milho, aromatizantes, emulsificantes, espessantes, adoçantes, entre outros). Sendo assim, são nutricionalmente desbalanceados e favorecem o aparecimento de doenças do coração, diabetes e vários tipos de câncer, além de contribuir para aumentar o risco de deficiências nutricionais.
Por outro lado, investir na alimentação adequada e saudável pode ser saboroso e, claro, mais saudável. Isso sem falar no fator social e emocional envolvido nessa escolha, pois cozinhar vai muito além da sobrevivência. É uma expressão cultural e uma herança familiar, que geralmente se aprende dentro de casa e passa de geração em geração.
Considerando a parte financeira, é sempre bom lembrar que fazer a própria comida pode ser mais barato. Além disso, adquirir alimentos in natura e minimamente processados diretamente de quem produz, impacta positivamente a economia local, estimulando e valorizando a produção de pequenos agricultores. Conforme lembra o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, os seres humanos são sociais e o hábito de comer em companhia faz parte da sua história, assim como a divisão da responsabilidade por encontrar ou adquirir, preparar e cozinhar alimentos. Compartilhar o que comer e as atividades envolvidas nesse ato são maneiras simples e profundas de criar e desenvolver relações afetivas entre as pessoas.
Isso sem falar na cultura agregada aos pratos típicos. Fazer uma comida que passa de geração em geração é uma expressão cultural e representa povos que, ao longo da história, construíram a identidade de cada região do país e de todos os brasileiros e brasileiras. Recuperar uma receita, seja ela regional ou familiar, valoriza as raízes de quem consome aquele alimento. Toca nas emoções, resgata memórias e remete à infância.
Por isso, conforme orienta o Guia Alimentar, os processos de escolhas dos alimentos precisa levar em consideração fatores que vão além do ato de apenas comer. É sobre uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa e culturalmente apropriada e, ao mesmo tempo, promotora de sistemas alimentares socialmente e ambientalmente sustentáveis. Todos esses aspectos não fazem parte dos alimentos ultraprocessados.
Enfraquecimento das habilidades culinárias x consumo de alimentos ultraprocessados
Preparar uma refeição inclui etapas como a compra, a escolha, a limpeza e o pré-preparo, entre outras etapas. Tudo que está envolvido nessas etapas são as habilidades culinárias. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, no Brasil e em muitos outros países, o processo de transmissão dessas habilidades entre gerações vem perdendo força e as pessoas mais jovens possuem cada vez menos confiança e autonomia para preparar alimentos. E isso favorece o consumo dos ultraprocessados.
Além disso, existe a vida moderna caracterizada pelo cotidiano corrido e a publicidade massiva de produtos que incentivam a troca de uma alimentação adequada e saudável baseada em alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos ultraprocessados. Isso sem falar que, em função dos avanços tecnológicos que oferecem à indústria possibilidades praticamente infinitas de manipulação do gosto, aroma, textura e aparência dos produtos, os alimentos ultraprocessados tornam-se cada vez mais “acessíveis e atraentes”.
Mas esse cenário é possível ser modificado de uma forma prática, econômica e acessível. Desmistificando o que muita gente pensa, para preparar a sua própria comida não é necessário grandes conhecimentos e habilidades culinárias. Com técnicas simples, como cortar e misturar, e com uma boa organização já é possível ter uma preparação adequada e saudável.
Além do mais, habilidades culinárias não significam apenas o domínio de técnicas culinárias, mas também o planejamento das compras de alimentos e ingredientes culinários, organização da despensa doméstica e definição prévia do que vai se comer ao longo da semana.
Algumas dicas para te ajudar:
- Monte um cardápio prévio e planeje as compras para agilizar o processo e economizar evitando comprar o que não precisa.
- Invista em feiras locais e sacolões para comprar frutas, legumes e verduras. Assim, você garante produtos mais em conta, fortalece a economia local e ainda adquire produtos mais saborosos, principalmente se estiverem na safra.
- Organize a produção para ter sempre refeições caseiras ao alcance. Existem pratos que podem ser feitos em grandes quantidades e congelados em seguida. Você vai ter a mesma praticidade dos pratos congelados, porém em uma versão saudável.
- Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las com as pessoas com quem você convive, principalmente com crianças e jovens, sem distinção de gênero. Se você não tem habilidades culinárias, converse com as pessoas que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros, consulte a internet, eventualmente faça cursos e... comece a cozinhar!
Sobre o Guia Alimentar do Ministério da Saúde
O Guia Alimentar para a População Brasileira é um instrumento para apoiar e incentivar práticas alimentares saudáveis no âmbito individual e coletivo. Foi feito para todos os brasileiros e brasileiras! Ele reúne um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação que contribuem para a promoção da saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade como um todo, hoje e no futuro. Acesse agora para consultar todas as orientações e garantir mais saúde e qualidade de vida.
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