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Eu quero me alimentar melhor
O que o consumo de frutas, legumes e verduras tem a ver com saúde?
Uma alimentação adequada e saudável é diversificada, com uma boa variedade de frutas, legumes e verduras. São esses os exemplos de alimentos in natura que o Guia Alimentar Para a População Brasileira, publicação de referência produzida pelo Ministério da Saúde, recomenda. E não recomenda à toa! A ingestão de nutrientes, propiciada pela alimentação - que incorpora as dimensões culturais e sociais -, é essencial para a boa saúde, sendo um benefício certeiro para a prevenção de doenças, que proporciona bem-estar e qualidade de vida.
O próprio Guia reforça isso ao dizer que pesquisas recentes têm demonstrado a existência de vários compostos químicos com atividade biológica nos alimentos, destacando-se a presença de propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias em frutas, legumes, verduras. Ou seja, são alimentos capazes de fornecer uma proteção ao nosso corpo, reduzindo as inflamações e a liberação de substâncias tóxicas, os chamados radicais livres, que prejudicam o bom funcionamento do organismo e favorecem o surgimento de diversas doenças.
Mas como o Guia Alimentar ressalta, o grande segredo está na variedade. Por esse motivo, são inúmeras as possíveis combinações entre eles e suas formas de preparo, bem como as características do modo de comer que têm influências sociais e culturais.
De acordo com o Guia, estudos mostram que a proteção que o consumo de frutas ou de legumes e verduras confere contra doenças do coração e certos tipos de câncer vem do consumo do alimento em si e das combinações entre nutrientes e outros compostos químicos que fazem parte dele. A ingestão de nutrientes específicos por meio de suplementações, por acontecer de maneira isolada, não oferece o mesmo benefício. Ou seja, devemos priorizar o consumo de alimentos e não de nutrientes! Em tempo - Prevenção do câncer por meio da alimentação saudável e da prática de atividade física é possível?
Saúde para todas as fases da vida
A evidência é clara: uma boa alimentação é sinônimo de saúde. Sobre isso, Gustavo Chianca, Representante Adjunto da FAO no Brasil (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura), ainda ressalta outros benefícios. Segundo ele, um cardápio saudável ajuda as crianças a crescerem e apoia funções vitais do corpo, além de garantir o bem-estar físico, mental e social em todas as idades. Ajuda também a prevenir todas as formas de má nutrição (desnutrição, deficiência de micronutrientes, sobrepeso e obesidade) e a reduzir o risco das doenças crônicas não transmissíveis.
“Junto com a má nutrição, as dietas não saudáveis estão entre os dez principais fatores de risco para doenças em todo o mundo. Incentivar o consumo consciente é essencial, pois dados da FAO mostram que, em 2017, cerca de 3,9 milhões de mortes em todo o mundo foram atribuídas à falta do consumo de frutas, legumes e verduras em quantidades suficientes. Destes, a falta de consumo de frutas e vegetais causou 14% das mortes por câncer no aparelho digestivo; 11% das mortes por doenças do coração; e 9% das mortes por acidentes vasculares cerebrais, conhecido como derrame”, explica o profissional.
Diante de tantos aspectos importantes, fica impossível pensar em uma alimentação que não considere o consumo variado de frutas, legumes e verduras. Considerar um único alimento ou grupo específico não seria suficiente para garantir tudo aquilo que nosso corpo precisa. É compreendendo o conjunto da natureza dos alimentos que vamos usufruir plenamente de todos os seus benefícios.
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Bom para a saúde e para o mundo
Como já vimos, promover ações que incentivam o consumo de frutas, legumes e verduras é excelente para a nossa saúde. Mas esse hábito faz muito bem ao mundo também. Isso porque a prática garante impactos positivos na sociedade e no meio de ambiente. Quer entender como?
Primeiramente, é importante voltar ao início. Quando o consumo de alimentos in natura prevalece, a produção local também é favorecida. Afinal, é do campo que eles vêm. E quem está na base dessa cadeia produtiva? São as agricultoras e os agricultores, que geralmente fazem parte da agricultura familiar. Sendo assim, o cultivo de frutas, legumes e verduras favorece quem produz e contribui para uma melhor qualidade de vida de todas as pessoas, os agricultores, seus familiares e suas comunidades.
Automaticamente, chegamos ao outro ponto que é o meio ambiente. Os alimentos de origem vegetal e de base agroecológica promovem o uso sustentável dos recursos naturais, protegem a biodiversidade e garantem renda para os trabalhadores do campo. Conforme sugere a FAO, as cadeias alimentares de valor sustentáveis e inclusivas podem ajudar a aumentar a produção, disponibilidade, segurança e acessibilidade de frutas, legumes e verduras para fomentar a economia, a sociedade e a sustentabilidade ambiental.
Mas como levar o trabalho desses homens do campo às outras pessoas? Gustavo Chianca explica que esse é, de fato, um grande desafio, mas que algumas estratégias de compra coletiva têm ajudado a ligar agricultores familiares direto ao consumidor. Mesmo sem ainda ser em escala nacional, grupos de moradores têm se reunido para realizar compras coletivas diretamente dos agricultores familiares locais, sendo esse, um exemplo de ação pró ativa para aumento da oferta e consequente aumento do consumo de frutas, legumes e verduras.
“No ano passado, a FAO Brasil publicou a história de uma produtora rural que na pandemia passou a utilizar as redes para comercializar seus produtos. Isso gerou uma rede forte que evitou que os produtores da região tivessem prejuízos. É uma experiência muito interessante e que pode ser ampliada para que mais produtores tenham a oportunidade de conectar seus produtos locais com consumidores”, finaliza.
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