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Eu quero me alimentar melhor
Leite Materno: o primeiro contato do bebê com a comida de verdade
O Ministério da Saúde promove, anualmente, uma campanha para comemorar a Semana Mundial da Amamentação (SMAM), entre 1º e 07 de agosto, a qual também é comemorada em mais de 150 países. O objetivo é bastante simples: sensibilizar a sociedade para os impactos positivos do aleitamento materno na saúde da criança, da mulher e até mesmo do planeta.
Mais do que apenas uma semana voltada para isso, a legislação brasileira também instituiu o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno, também conhecido como Agosto Dourado. E aproveitando que ele está só começando, vamos falar um pouco sobre esse alimento tão único, natural e poderoso que faz bem não só para a saúde e o desenvolvimento da criança, mas também para a mulher.
Segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos por causas preveníveis. A informação chama atenção principalmente pelo impacto que a amamentação tem na redução da mortalidade infantil nessa faixa etária e por não existir outra estratégia capaz de alcançar esse feito.
Amamentar é muito mais que alimentar uma criança. Isso porque o aleitamento materno, além de ser uma fonte valiosa de nutrientes e anticorpos para o bebê, ainda reforça o vínculo entre mãe e filho e traz impactos positivos na saúde da criança por toda a vida.
Não existe outro leite igual, nem parecido
A recomendação é amamentar até os dois anos ou mais, sendo de forma exclusiva até os seis meses de vida da criança. Nessa fase, não é necessário ingerir nada além do leite materno, nem mesmo água. Isso porque crianças alimentadas somente pelo leite da mãe até os seis meses já recebem todos os nutrientes e a hidratação que precisam durante a amamentação.
Produzido naturalmente pelo corpo da mulher, o leite materno é o único que contém anticorpos e outras substâncias capazes de proteger a criança de muitas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de reduzir o risco de asma na fase adulta, desenvolver diabetes tipo 2 e obesidade.
E as vantagens da amamentação vão ainda mais além! Os dois primeiros anos de vida são os mais decisivos para o crescimento e desenvolvimento da criança. É por meio dos movimentos que a criança faz para retirar o leite do peito que ela recebe os estímulos necessários para o desenvolvimento da face. Isso reduz as chances da criança de ter problemas com a respiração, a mastigação, a fala, o alinhamento dos dentes e, também, para engolir.
Além do desenvolvimento físico, a amamentação também influencia no desenvolvimento cognitivo e emocional. Nesse sentido, durante as mamadas a criança recebe vários estímulos que a ajudam a se desenvolver, como a troca de calor, de cheiros, sons, olhares e toques, estabelecendo seus primeiros laços afetivos.
O leite materno ainda tem a vantagem de ser muito mais econômico e sustentável, uma vez que ele não é industrializado e, portanto, sua a produção dispensa a utilização de recursos da natureza e de embalagens, evitando o acúmulo de resíduos.
Como a amamentação protege a saúde da mulher?
Se você quer mais motivos para incentivar a amamentação, aqui vai mais um: ela é extremamente benéfica para a saúde da mulher. Amamentar auxilia na prevenção de diversas doenças, como o câncer de mama, de ovário, de útero e diabetes tipo 2. A amamentação também exerce uma influência importante na saúde mental da mãe, sendo capaz de reduzir as chances de depressão pós-parto e de aumentar a autoestima e a autoconfiança da mulher.
Além disso, a amamentação é uma aliada na recuperação do organismo e na redução do peso após o parto. Isso acontece por conta da liberação de ocitocina, que é o hormônio responsável pelas contrações uterinas e faz com que o útero volte ao tamanho normal. Em relação ao emagrecimento da mãe, a produção de leite materno demanda um grande gasto energético e, portanto, auxilia no processo de perda de peso, aliado a uma alimentação saudável.
É importante lembrar que a alimentação da mulher interfere tanto em seu organismo quanto no do bebê. Durante a amamentação, a mãe tende a sentir mais fome e sede, exigindo uma maior atenção à alimentação e hidratação nesse período.
Além disso, é por meio do leite materno que a criança entra em contato desde cedo com sabores dos alimentos ingeridos pela mãe. O que irá influenciar nas reações do bebê quando começar a receber os primeiros alimentos, conforme orienta o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos.
Nesse sentido, é ainda mais importante que a alimentação da mãe seja adequada, saudável e baseada em alimentos in natura ou minimamente processados. Mais informações sobre uma alimentação saudável estão disponíveis no Guia Alimentar para a População Brasileira.
Mães no trabalho
A mulher que amamenta também precisa de cuidados, uma vez que essa prática é fortemente influenciada pelo meio onde ela está inserida. É importante que a mãe receba incentivo e suporte não só dos profissionais da saúde, mas também da sua família, comunidade e do local onde trabalha.
Amamentar é fundamental para mãe e bebê, mas conciliar com o trabalho fora de casa nem sempre é uma tarefa fácil. É aí que entra o suporte que as empresas devem dar às mães lactantes.
Mais de 240 empresas no Brasil contam com Salas de Apoio à Amamentação, certificadas pela Ministério da Saúde, onde a mulher pode retirar o seu leite durante a jornada de trabalho em condições higiênico-sanitárias adequadas para armazená-lo e levar para casa ao final do dia para que o cuidador ofereça à criança na ausência da mãe.
Para saber mais sobre os seus direitos enquanto mãe que amamenta, acesse aqui a cartilha da ação Mulher Trabalhadora que Amamenta do Ministério da Saúde.
Dicas para mães com dificuldades para amamentar
Amamentar, apesar de um ato fisiológico, nem sempre é fácil. É preciso entender que a amamentação é um processo que envolve tentativas, erros e acertos. Muitas vezes, a falta de orientação correta pode provocar a frustração e até mesmo a desistência.
Nesse momento, entra mais uma vez a importância do suporte, mas dessa vez dos profissionais da saúde e, claro, da família para incentivar sem cobranças. A amamentação deve ser prazerosa tanto para a mãe quanto para o bebê, e com alguns cuidados isso é possível.
Sabendo que o ato de amamentar é influenciado, entre outras coisas, por aspectos emocionais, culturais, familiares, sociais e ambientais, é sempre bom lembrar que cada mulher lida com esse processo de maneira diferente. Por isso, mais uma vez, é imprescindível que ela receba apoio e suporte dos profissionais de saúde e da família nas suas dúvidas, dificuldades e inseguranças.
Além disso, é fundamental entender que a mulher é protagonista do seu processo de amamentar. Por isso, ela deve ser valorizada, escutada, compreendida e respeitada, sem julgamentos e preconceitos. Aceitar e respeitar os sentimentos e opiniões da mãe, demonstrando empatia e interesse pelo seu bem-estar e da criança, ajuda a mulher a ganhar confiança e a lidar com eventuais frustrações.
Durante a amamentação, o bebê deve estar virado para a mãe, bem junto de seu corpo, bem apoiado e com os braços livres. A cabeça do bebê deve ficar de frente para o peito e o nariz bem na frente do mamilo. É importante colocar o bebê para sugar somente quando ele abrir bem a boca e abocanhar não somente o mamilo, mas a parte mais escura também (aréola).
Quando o bebê faz a pega correta, o queixo encosta na mama, os lábios ficam virados para fora, o nariz fica livre e aparece mais aréola na parte de cima da boca do que na de baixo. Vale lembrar também que cada bebê tem seu próprio ritmo de mamar, e que isso deve ser respeitado.
O Guia Alimentar, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, traz essas e outras orientações que podem ajudar nessa fase. Mas caso a mulher ou a família encontre dificuldades na amamentação, é importante procurar ajuda de um profissional de saúde e/ou a Unidade de Saúde do SUS mais próxima.
E se a mãe for infectada pelo novo Coronavírus, pode amamentar?
Quanto a isso, as mães podem ficar tranquilas. Considerando os inúmeros benefícios da amamentação, a chegada da Covid-19 não é um motivo para deixá-la de lado. Muito pelo contrário! Uma vez que não existem evidências científicas robustas sobre a transmissão do novo Coronavírus ou de outros vírus respiratórios por meio do aleitamento materno, não há recomendação para a suspensão.
Se a mãe estiver infectada, o importante é observar se ela está em condições clínicas para amamentar e se ela tem o desejo de continuar amamentando durante o tratamento. Obedecer às medidas de higiene e segurança para evitar a contaminação da criança também é fundamental. Seguem abaixo algumas orientações da Fundação Oswaldo Cruz: