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ARBOVIROSES
Centro de Operações de Emergência vai reforçar resposta do Brasil no controle da dengue
Foto: Matheus Damascena/MS
Para ampliar o monitoramento das arboviroses, orientando a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores, o Ministério da Saúde anunciou, nesta quinta-feira (9), a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses. O planejamento e a resposta coordenada serão realizados em constante diálogo com estados, municípios, pesquisadores, instituições científicas e outros ministérios.
Outra resposta do Brasil para o controle das arboviroses é o lançamento do Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. A finalidade é garantir uma preparação adequada para conter o avanço da doença. O novo plano revisa e amplia a versão anterior, publicada em 2022, e busca reforçar as estratégias de prevenção, preparação e resposta às epidemias de arboviroses.
Em entrevista coletiva, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, detalhou os principais pontos da iniciativa e destacou a importância dos esforços coletivos para o controle da doença.
“Desde o lançamento do Plano de Ação contra a Dengue, definimos eixos estratégicos que priorizam as ações de prevenção. Seguimos a lógica de que ‘prevenir é sempre melhor do que remediar’, o que inclui medidas simples que cada cidadão pode adotar, como dedicar ao menos 10 minutos semanais para eliminar possíveis focos do mosquito em casa e nas proximidades”, disse.
“Além das ações preventivas, é fundamental destacar o papel dos municípios nesse enfrentamento, especialmente pela responsabilidade que têm na limpeza urbana e em outras medidas essenciais de controle. Nesse contexto, reforçamos a importância do trabalho conjunto entre as esferas federal, estadual e municipal para garantir uma resposta eficaz no combate à dengue”, enfatizou.
Já a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, apresentou um panorama das arboviroses no Brasil, ressaltando o compromisso do Ministério da Saúde com os estados em ações conjuntas para mitigar os impactos da dengue. “Estamos em mobilização e alerta, com o objetivo de antecipar o período sazonal, ajustar a rede de saúde e reforçar medidas preventivas para mitigar riscos. Lançamos a revisão do Plano de Contingência, que orienta as ações, e todos os profissionais receberam treinamento. Uma portaria será publicada para definir diretrizes de recursos e competências de cada ente. Em 2024, houve um aumento de 303% nos casos, tornando essencial a adoção de medidas rápidas e coordenadas”, explicou.
O secretário adjunto da SVSA, Rivaldo Venâncio, falou sobre algumas das tecnologias adotadas pelo Ministério da Saúde no controle da doença. “Estamos avançando na implementação da tecnologia Wolbachia que estará presente em 44 novas cidades. Já utilizamos em larga escala os insetos estéreis - machos do Aedes aegypti esterilizados -, recomendados por especialistas para áreas de preservação ambiental, como Fernando de Noronha, e comunidades indígenas em Pernambuco e Bahia, com apoio do Ministério da Saúde”, enumerou
Ação constante para controle das arboviroses
Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante monitoramento e alerta quanto ao cenário epidemiológico no país, coordenando uma série de ações para o controle das arboviroses em todo o território nacional.
A ampliação do uso de tecnologias de controle do vetor tem sido uma das principais apostas do Ministério da Saúde. Entre as ações destacam-se:
- Expansão do método Wolbachia, de 3 para 40 cidades até 2025;
- Implantação de insetos estéreis em aldeias indígenas;
- Borrifação residual intradomiciliar (BRI-Aedes) em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos;
- Estações disseminadoras de larvicidas, com previsão de implantação de 150 mil unidades na primeira fase do projeto;
- Uso de Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI) para monitorar e controlar a disseminação do mosquito;
- No Distrito Federal, estão sendo instaladas cerca de 3 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) na região do Sol Nascente, com expansão prevista para outras áreas periféricas do país.
Ano passado, para conter o aumento dos casos durante o período sazonal 2024/2025, o Ministério da Saúde reservou investimento de R$ 1,5 bilhão em uma estratégia que inclui uso dessas novas tecnologias, intensificação de campanhas educativas e outras medidas estratégicas. A pasta também reforçou a colaboração tripartite com governos estaduais e municipais.
Ainda como parte das ações para conter os impactos das arboviroses, o Ministério da Saúde realizou, em dezembro, o Dia D de Mobilização contra a Dengue, uma iniciativa nacional que uniu Governo Federal, estados, municípios e a população no controle da doença. A ação buscou conscientizar a sociedade sobre a importância de medidas simples para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, principal transmissor da doença.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Nísia Trindade lançaram o Plano de Ação 2024/2025 para reduzir os impactos das arboviroses no Brasil. Desde setembro de 2024, estão em implementação seis eixos de ação definidos pelo documento, elaborado em parceria com instituições públicas, privadas e organizações sociais.
As iniciativas incluem:
- Prevenção e vigilância;
- Organização da rede assistencial com qualificação de profissionais para diagnóstico e tratamento;
- Mobilização e comunicação comunitária, considerando que 75% dos focos do mosquito transmissor estão dentro das residências;
- Recomposição dos estoques de inseticidas no início da gestão, em 2023. Atualmente, 100% dos estados estão abastecidos;
- Distribuição de mais de 3 milhões de testes para detecção de dengue e outras arboviroses.
A aquisição de 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2025 também foi firmada, como estratégia complementar. Ainda não há doses disponíveis em larga escala, pela limitação de produção do laboratório fabricante, sendo a eliminação dos focos do mosquito a estratégia principal. Até o momento, 5,5 milhões de doses já foram enviadas aos estados e ao Distrito Federal.
O Ministério da Saúde reforça que a principal medida é a eliminação dos criadouros do mosquito. Daí a importância de receber os Agentes de Combate a Endemias e Agentes Comunitários de Saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros.
Cenário epidemiológico
Em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos, segundo o painel de atualização de casos de arboviroses do Ministério da Saúde.
Até a quarta-feira (8), foram notificados 10,1 mil casos prováveis e 10 óbitos estão em investigação em 2025. Do total de casos, 50% estão concentrados nos estados de São Paulo e Minas Gerais, enquanto a região Sudeste responde por 61,8% das ocorrências.
Assista à transmissão
Acesse a página do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses
Edjalma Borges
Ministério da Saúde