Notícias
SAÚDE INDÍGENA
Seminário sobre saúde indígena finaliza com destaque para as especificidades dos territórios do Sul e Sudeste
Foto: Levi Tapuia/Sesai
A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) finalizou a etapa Sul e Sudeste do seminário ‘Saúde Indígena: Um SasiSUS para o Bem-Viver!’. Realizado até última sexta-feira (6) em Curitiba, a atividade contou com cerca de 150 participantes, incluindo usuários do SasiSUS, conselheiros, gestores e trabalhadores da saúde indígena. Na avaliação dos participantes, o seminário foi positivo ao longo dos três dias, destacando-se como um espaço plural de escuta e diálogo. Rodas de conversa, debates, troca de saberes e engajamento deram voz àqueles que executam diariamente o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).
A indígena Kaingang Leda Sales, nutricionista e profissional do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Interior Sul, no Rio Grande do Sul, enfatizou a importância da atualização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI). Para ela, essa atualização pode fortalecer o atendimento nas comunidades indígenas. “A política de saúde indígena é o que norteia todas as ações e garante o foco na atenção diferenciada para nossos povos. Acredito que essa atualização é essencial para assegurar os direitos e garantir uma saúde de qualidade”, afirmou.
A coordenadora-geral de Gestão do Conhecimento, da Informação, da Avaliação e do Monitoramento da Saúde Indígena, Giovana Mandulão, destaca que é a primeira vez que uma política tão importante será atualizada com base nos anseios da população indígena. “Fico muito orgulhosa de fazer parte de uma gestão que está fortalecendo o SasiSUS. Agora, aguardamos com entusiasmo a próxima etapa, e a expectativa é que, ao final de todas elas, tenhamos os subsídios necessários para, de fato, atualizarmos a PNASPI. Queremos garantir que a PNASPI realmente atenda às necessidades reais, respeitando suas particularidades e garantindo acesso a um sistema de saúde mais inclusivo e eficaz”, afirmou Giovana.
Criada em 2002, a PNASPI foi desenvolvida para atender às demandas das comunidades indígenas no acesso à saúde. No entanto, Sales destaca que as políticas precisam ser revisadas para acompanhar as mudanças ao longo do tempo e assegurar que as práticas culturais sejam respeitadas e valorizadas. “É fundamental que a política se mantenha atualizada para que possamos inovar e, de fato, levar uma saúde de qualidade às nossas comunidades, com respeito às suas especificidades culturais e às demandas contemporâneas”, acrescentou.
Tschucambang Ndili, indígena e estudante de psicologia na Universidade de Santa Catarina, também ressaltou a importância de um olhar diferenciado para as especificidades da saúde indígena. “Nossa relação com o território, nossa espiritualidade e as tradições culturais de cada povo exigem um cuidado específico e diferenciado, que respeite e valorize nossas práticas. Sem isso, corremos o risco de perpetuar abordagens que não dialogam com nossas realidades e necessidades”, afirmou.
Cuidados específicos
Já a cacique Ângela Braga, da aldeia Goj Kusa, localizada em Água Santa (RS), destacou a importância de garantir a atualização da política indígena com a integração de práticas de saúde que respeitem e valorizem as tradições, especialmente as medicinas indígenas.
“É necessário garantir uma segurança elevada para desenvolver o trabalho com os povos indígenas, oferecendo cuidados específicos e respeitando nossas práticas tradicionais. Dessa forma, podemos valorizar o papel das cunhãs (mulheres) e fortalecer a integração entre a medicina tradicional e a medicina moderna na busca por soluções e tratamentos para diversas doenças, não só físicas, mas também espirituais”, afirmou a líder.
Com o encerramento da etapa Sul e Sudeste, a Sesai se prepara para levar o seminário às regiões Norte e Centro-Oeste. Posteriormente, o processo culminará em um grande seminário nacional, com a construção de documento com as propostas para atualização e aprimoramento da PNASPI.
Leidiane Souza
Ministério da Saúde