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SETEMBRO VERDE
Primeiro semestre de 2024 registra aumento de 16 mil novos doadores de medula óssea
Foto: internet
“A cura de alguém pode ser você”. Esta é a frase que Ritcheli Stein, 33 anos, carrega consigo diariamente. Natural de São José (SC), a confeiteira convivia com leucemia desde 2021 e teve sua vida salva graças a um transplante de medula óssea realizado no ano passado por um doador cadastrado no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Neste sábado (21), o Dia do Doador de Medula Óssea é lembrado em todo o mundo para conscientizar e incentivar histórias como a de Ritcheli. No primeiro semestre de 2024, o Redome teve 74.677 novos cadastros, representando um aumento de mais de 16 mil doadores em relação ao ano anterior, quando o número era de 58.308 pessoas. Ainda em 2023, o Redome viabilizou 369 transplantes com doador não-aparentado no Brasil e o envio de 100 produtos de doadores brasileiros para o exterior. Até junho deste ano, foram registrados 224 transplantes de pacientes brasileiros e 46 de pacientes internacionais.
Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a doação é um ato de solidariedade e esperança: “Ao fortalecer o cadastro de doadores, o SUS amplia suas possibilidades de oferecer um tratamento eficaz e gratuito a quem precisa, garantindo acesso à saúde de qualidade para todos. A colaboração da população nesse processo é essencial, pois cada doador registrado pode ser a cura para muitos, contribuindo para a equidade no acesso aos cuidados de saúde no país”.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, para a maioria dos pacientes, os doadores não-aparentados do Redome são a única alternativa, pois entre irmãos, a chance de compatibilidade é de cerca de 25%. A probabilidade é ainda maior quando as duas partes envolvidas são do mesmo país. Aqueles pacientes que não têm um doador no Brasil podem buscar possibilidades em registros internacionais.
No caso de Ritcheli, após todo o processo sigiloso, com exames confirmatórios e a doação, a receptora sentiu vontade de conhecer seu doador e eles foram autorizados pelo Redome a trocar mensagens.
Arthur Colares, 21 anos, natural de Teófilo Otoni (MG), foi o doador, com 100% de compatibilidade. Cadastrado no banco desde abril de 2023, o estudante de Direito esperou apenas quatro meses para ser chamado. “A primeira etapa foi uma coleta de sangue no Hemocentro de Belo Horizonte, e a segunda em Florianópolis, onde fui muito bem assistido pela equipe médica. Dias depois, retornei à Santa Catarina para realizar a doação via cateter. Foi tudo muito rápido”, contou.
Atualmente, 65 a 70% dos pacientes que realizam transplante de medula óssea não-aparentado utilizam doações brasileiras, o que comprova os bons resultados do Redome, que é o terceiro maior registro de doadores do mundo, com 5,7 milhões de cadastrados ao longo de 30 anos.
Para Arthur, é fundamental que todos os que possam doar se cadastrem no banco: “Poder doar é sobre estar dentro dos requisitos e não sobre a rotina diária de trabalho ou estudos, que é irrelevante. As campanhas são essenciais porque elas conscientizam a população sobre a importância dessa doação e sempre carrega alguém para efetuar o cadastro”.
Antes de receber a doação, Ritcheli já havia realizado o transplante autólogo – procedimento em que as células-tronco do próprio paciente são utilizadas. No entanto, seis meses depois a leucemia voltou e sua única cura viria de um doador compatível. Todo o tratamento foi feito no SUS e ela reforça a qualidade durante o processo. “Minha experiência foi ótima, com excelentes profissionais e atendimento completamente humanizado. Como é um procedimento muito delicado, precisamos muito de cuidados e atenção. Fui muito bem atendida por toda a equipe do TMO [Transplante de Medula Óssea]”, completou a paciente.
De acordo com Danielle Oliveira, chefe do Redome, o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea é uma data que celebra esta grande rede de solidariedade internacional, lembrando a todos da importância dos registros. “Além do Redome, toda a rede trabalha pela consolidação desta importante política pública em nosso país. Ao longo de mais de 30 anos, o registro brasileiro tornou-se reconhecido por sua diversidade, graças à participação de doadores das diferentes regiões do Brasil”, declarou.
Investimentos
Em 2023, foram repassados mais de R$ 1,3 bilhão para o custeio do SUS em procedimentos de doação e transplantes financiados pelo Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (Faec). Até junho deste ano, o Ministério da Saúde investiu R$ 718 milhões nos atendimentos.
Outros R$ 46 milhões são destinados ao funcionamento das centrais de transplantes das organizações de procura de órgãos e de projetos e convênios para fortalecimento do Sistema Nacional de Transplantes (STN).
Como se cadastrar no Redome
O cadastro de doadores pode ser feito por pessoas entre 18 e 35 anos, em todos os hemocentros públicos do Brasil. Para facilitar o processo, o Redome desenvolveu um aplicativo que disponibiliza informações e permite a realização de um pré-cadastro, além de acompanhar as diversas etapas do registro, conforme disponibilidade do hemocentro.
O aplicativo viabiliza, ainda, a geração da carteirinha e da declaração de cadastro. Outra função essencial é possibilidade da atualização dos dados cadastrais do doador, o que é fundamental para garantir o sucesso na localização dos doadores compatíveis selecionados.
Ana Freire
Ministério da Saúde