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G20 EM NATAL
Organizações internacionais discutem o fortalecimento dos sistemas de vigilância como resposta à crise climática
Foto: Walterson Rosa/MS
Com objetivo de promover discussões sobre como usar as ferramentas digitais para dar suporte à adaptação dos sistemas de saúde às mudanças climáticas, organismos internacionais e agências financiadoras reuniram-se, na manhã desta terça-feira (3), em Natal (RN), para discutir o fortalecimento dos sistemas de vigilância, juntando a vigilância dos sistemas de informação em saúde com os sistemas de informação do clima para melhorar a predição do tempo.
“Essa discussão é essencial para o preparo dos serviços de saúde à população. Através das informações de vigilância, conseguimos, por exemplo, prever a região que sofrerá ondas de calor em que precisamos monitorar o comportamento das arboviroses ou aumento das internações”, observou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
Os palestrantes compartilharam soluções práticas para enfrentar a crise climática, destacando exemplos de trabalho em andamento neste campo e convocaram os membros do G20 a aprimorar a coleta de dados sobre o clima e saúde, defendendo o uso de ferramentas digitais sustentáveis para dar suporte à acessibilidade de longo prazo e ao gerenciamento colaborativo de dados, entre outros pontos.
A discussão coloca, ainda mais, a temática como evidência no âmbito do G20 e vai ao encontro da realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém (PA), no mês de novembro. “Estamos realizando essa reunião para discutir as mudanças climáticas, a abordagem Uma Só Saúde, pautas importantes para que o planeta se prepare para o próximo período. O Brasil lidera o G20, vai sediar a COP 30 e esperamos apresentar uma contribuição internacional importante relativa ao desenvolvimento de pesquisas para manter o planeta de forma sustentável e saudável”, disse o secretário executivo do ministério, Swedenberger Barbosa.
Ações no Brasil
Para aprimorar a vigilância epidemiológica e garantir uma resposta rápida e eficaz a emergências de saúde pública, a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) lançou o Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica (CNIE). Esse projeto visa melhorar o monitoramento e controle de doenças por meio de uma infraestrutura moderna e integrada.
O CNIE utiliza espaços físicos e virtuais equipados com tecnologias avançadas de comunicação, audiovisual e computação de alto desempenho. Uma equipe multidisciplinar, com suporte técnico e científico, emprega métodos modernos e análises robustas para acessar e integrar dados de saúde, criando condições ideais para análises situacionais e tomada de decisões informadas.
Uma das ferramentas acompanhadas pelo CNIE é o VIGIAR (Vigilância em Saúde Ambiental e Qualidade do Ar), painel de monitoramento de poluição atmosférica e sua relação com a saúde humana. Ele identifica áreas com maior exposição ao material particulado fino e seus impactos na saúde humana.
O objetivo é apoiar a formulação de políticas públicas e ações de saúde ambiental, além de melhorar a qualidade das informações e fortalecer a vigilância em saúde no Brasil.
“Essa ferramenta nos ajudará a trabalhar a inteligência epidemiológica e melhorar o acesso das pessoas à saúde, prevendo internações por doenças respiratórias que têm a poluição como causa principal”, afirma Ethel.
Mudanças climáticas e suas implicações
A mudança climática representa uma ameaça urgente e significativa à saúde global, particularmente em comunidades onde já existem disparidades econômicas e de saúde. Devido a inundações relacionadas ao clima e calor extremo, essas regiões enfrentam desafios de saúde, como deterioração de vacinas, inacessibilidade de centros de saúde e surtos de patógenos novos e reemergentes, que exigem respostas e adaptação rápidas do sistema de saúde.
A integração, análise e compartilhamento de dados de saúde são essenciais para a adaptação aos impactos climáticos na saúde, incluindo as perdas e danos econômicos e não econômicos que podem enfraquecer os sistemas de saúde.
Vanessa Rodrigues
Ministério da Saúde