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ANIMAIS PEÇONHENTOS
Milhares de acidentes com lagartas e animais aquáticos são registrados no Brasil todos os anos
No ano passado, mais de 341 mil acidentes envolvendo animais peçonhentos foram registrados no Brasil. Dentre esses eventos, 200.959 foram ocasionados por escorpiões, 43.933 por aranhas, 33.658 por abelhas e 32.514 por serpentes, seguidos de acidentes envolvendo lagartas (7.140) e outros animais peçonhentos (18.350), incluindo os de habitat aquático.
Essas ocorrências podem afetar indivíduos de todas as faixas etárias, níveis socioeconômicos e origens étnicas, incluindo povos tradicionais, e podem apresentar características específicas. Para todos os casos, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece pronto atendimento e antiveneno disponíveis em hospitais de referência para soroterapia de acidentes por animais peçonhentos.
Os incidentes com animais peçonhentos representam um importante desafio para a saúde pública no Brasil. Devido à rica biodiversidade e ao clima tropical favorável, o país abriga uma grande variedade de serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais venenosos, cujas picadas ou mordidas podem resultar em graves consequências para a saúde humana.
“Considerando o cenário epidemiológico marcado pelo aumento significativo no número de acidentes por esses animais, é necessária a conscientização e prevenção para que eles não aconteçam. Com o registro de milhares de casos anualmente e o impacto adverso na saúde física, mental e econômica das vítimas, torna-se imperativo adotar medidas educativas e preventivas abrangentes”, diz o coordenador-geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira.
Lagartas
Acidentes com lagartas é o quadro clínico de envenenamento decorrente do contato com suas cerdas – locais onde fica armazenada a peçonha. A lagarta é uma das fases do ciclo biológico de mariposas e borboletas. Somente a fase larval de mariposas é capaz de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) e larvas de borboletas são inofensivas. A única exceção é a mariposa fêmea adulta do gênero Hylesia, que apresenta cerdas urticantes no abdômen. Em contato com a pele, essas cerdas podem causar dermatite. As ocorrências provocadas pelas lagartas, popularmente chamadas de “queimaduras”, têm evolução benigna na maioria dos casos.
As lagartas do gênero Lonomia são as únicas que têm maior relevância para a saúde, pois podem ocasionar quadros graves e até mortes pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por meio do contato das cerdas urticantes com a pele. Entre as lagartas que mais causam acidentes no Brasil, destacam-se às pertencentes às Famílias Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) e Saturniidae (lagartas “espinhudas”).
O Brasil é o único país produtor do Soro Antilonômico (SALon), específico para o tratamento dos envenenamentos moderados e graves causados por lagartas do gênero Lonomia.
Prevenção
- Mantenha as árvores sempre podadas;
- Tome cuidado ao tocar em troncos de árvores, plantas, folhas e gravetos;
- Use luvas ao manusear plantas;
- Remova as lagartas que entrarem na residência com o auxílio de pá ou graveto, entre outros;
- Fique de olho nas crianças, pois muitas lagartas são coloridas e podem chamar a atenção e a curiosidade dos pequenos.
Primeiros-socorros
Em caso de acidentes, lave bem o local com água e sabão e não coloque sobre a ferida nenhum produto químico ou orgânico (café, folhas, pasta de dente, entre outros). Procure rapidamente o serviço de saúde de referência para os acidentes por animais peçonhentos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) ou o Corpo de Bombeiros (193). Ligue também para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica que atende à sua região.
Animais aquáticos
Águas-vivas (ou medusas) e caravelas são animais aquáticos simples e de vida livre que pertencem ao Filo Cnidaria, assim como as anêmonas e corais. No litoral brasileiro, as medusas que mais causam envenenamentos são a caravela Physalia physalis, a hidromedusas Olindias sambaquiensis, a cifomedusa Chrysaora lactea. Os incidentes mais graves no país são causados pela Chiropsalmus quadrumanus. As medusas preferem águas de fundo arenoso e estuários de rios, recolhendo-se em águas profundas nas horas mais quentes do dia.
Os acidentes por águas-vivas e caravelas resultam num quadro clínico decorrente da ação das toxinas presentes nos tentáculos destes animais, que podem causar tanto efeitos tóxicos quando alérgicos. A gravidade depende da extensão da área comprometida.
Sintomas
- Ardência e/ou dor intensa no local, que podem durar de 30 minutos a 24 horas;
- Necrose superficial ou grave e bolhas;
- Quadro sistêmico com cefaleia, mal-estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre e arritmias cardíacas.
Prevenção
- Pergunte ao guarda-vidas ou frequentador local sobre a presença destes animais e evite essas áreas;
- Não toque nestes animais, mesmo mortos;
- Ao caminhar na praia, use calçado para evitar pisar em tentáculos de águas-vivas e caravelas;
- Se vir algum desses animais na areia da praia, evite entrar na água.
Tratamento
Cnidários causam linhas avermelhadas ou marcas arredondadas, muito dolorosas, imediatamente após o contato com os animais nas praias. Não se trata de queimadura, mas de um envenenamento que causa dor e ardência. A dor pode ser controlada com o uso de compressas de água do mar gelada ou aplicação de bolsas de gelo envolto em panos. A água doce dispara nematocistos ainda íntegros na epiderme e não deve ser utilizada.
Aplicações de compressas ou banhos de vinagre devem ser usadas. As espécies brasileiras raramente provocam quadros graves, mas não é impossível sintomas como a presença de falta de ar, mal-estar, queda de pressão e arritmias cardíacas após o incidente. Casos de alterações do ritmo cardíaco e falta de ar são indicativos de gravidade e exigem atendimento em pronto-socorro.
Ministério da Saúde