Notícias
ENTREVISTA
Coordenador da Força Nacional do SUS detalha ações e desafios para a saúde pública diante das queimadas
Foto: Igor Evangelista/MS
Para apoiar os estados no enfrentamento das consequências da seca e da fumaça das queimadas para a saúde da população, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, acionou a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS). A iniciativa faz parte da Missão Seca Extrema e está concentrada, principalmente, nos estados da Região Norte — Acre, Rondônia e Amazonas —, oferecendo suporte à gestão local. O objetivo é identificar dificuldades de acesso à saúde, questões de subsistência e a distribuição de insumos nessas áreas.
Em entrevista, o coordenador-geral da FN-SUS, Rodrigo Stabeli, fala sobre a atuação dos profissionais envolvidos no combate às queimadas e os desafios enfrentados por eles em campo.
Como é a atuação da Força Nacional do SUS no enfrentamento às queimadas e quais atividades são desenvolvidas?
A Força Nacional do SUS é um recurso do Ministério da Saúde acionado para auxiliar estados, municípios e outros órgãos em situações de desassistência, emergência ou potenciais emergências em saúde pública, no âmbito assistencial. A seca e as queimadas, que estão afetando o país, representam um fenômeno sem precedentes para a saúde pública no Brasil. A FN-SUS está atuando principalmente nos estados da região Norte, como Acre, Rondônia e Amazonas e esse trabalho envolve identificar dificuldades de acesso à saúde, questões de subsistência e a distribuição de insumos nessas regiões. A partir desse levantamento situacional e do apoio à gestão, a Força Nacional orienta futuras missões para restabelecer a saúde da população amplamente afetada.
Que tipo de profissionais estão atuando na missão e o que consiste o trabalho?
Atualmente, a Força Nacional do SUS está presente no Acre e no Amazonas. Os profissionais mobilizados incluem especialistas em logística, rede de urgência e emergência, assistência médica e saúde mental. É importante destacar que a FN-SUS está atuando em conjunto com a Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde no país, que envolve secretarias do Ministério da Saúde e parceiros locais. Esse trabalho inclui a análise da assistência médica, além de questões relacionadas ao suprimento de alimentos, água potável e desafios logísticos nos estados, para garantir uma saúde integral à população.
Há previsão de apoio a novos estados pela Força Nacional do SUS?
Sim, a Força Nacional já entrou em contato com estados como Pará, Roraima, Mato Grosso e Tocantins. Estamos priorizando missões nos estados mais afetados pelas queimadas e incêndios, conforme o mapeamento de riscos. No entanto, a estiagem que afeta o norte do país, inclusive o Amazonas, ainda está no início, e já estamos nos preparando para apoiar esses estados à medida que a seca avança.
Existe um plano de ação para os estados que decretarem emergência em saúde devido à situação climática?
Alguns estados como o Acre e municípios do Amazonas e Centro-Oeste já decretaram situação de emergência em saúde pública. Quando isso ocorre, o ministério atua diretamente com eles, oferecendo suporte na elaboração de planos de contingência e avaliando a rede assistencial local. Estamos enfrentando uma emergência climática de grande impacto na saúde pública.
Quais são os próximos passos?
Nosso foco agora é intensificar a comunicação com a população, que também desempenha um papel fundamental nesse enfrentamento. É crucial evitar a propagação de focos de incêndio já que, com o clima seco e o calor intenso, qualquer fogo pode sair do controle. A principal forma de prevenir problemas de saúde neste momento é acabar com a fumaça. Enquanto isso, orientamos a população a se hidratar, se proteger ao longo do dia e, em áreas onde a fumaça é visível, permanecer em ambientes fechados usando climatizadores ou umidificadores de ar. Essas são as ações imediatas que estamos adotando, além de intensificar as missões da FN-SUS para apoiar cidades com níveis críticos de desassistência em todo o país.
Acesse a página da campanha "Se tem fumaça, tem que ter cuidado"
Edjalma Borges
Ministério da Saúde