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ACIDENTES OFÍDICOS
Brasil totalizou mais de 32 mil acidentes envolvendo serpentes em 2023
Foto: internet
Em 2023, o Brasil registrou 341.806 acidentes envolvendo animais peçonhentos, marcando um notável aumento em comparação com o ano anterior, que totalizou 293.702 casos. Dentre esses eventos, 32.514 ou 9,5 % do total foram causados por serpentes.
Mundialmente, entre 4,5 e 5,4 milhões de pessoas são vítimas de acidentes ofídicos anualmente. Destes, entre 1,8 e 2,7 milhões desenvolvem sinais clínicos de envenenamento, e aproximadamente 100 mil pessoas evoluem para óbito, sobretudo no norte da África, Oriente Médio e sul e sudeste da Ásia. Tais acidentes também podem deixar sequelas por deficiência física e psicológica e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acarretam anualmente cerca de 400 mil amputações e outras deficiências permanentes.
Os acidentes provocados por serpentes representam uma séria preocupação de saúde pública em muitos países de regiões tropicais e subtropicais, incluindo os países da América Latina. E, por ser um problema de saúde pública que afeta principalmente populações economicamente vulneráveis, o ofidismo, em particular, passou a ser reconhecido como uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs) pela OMS.
Antiveneno no SUS
Soros antivenenos para a picada de animais peçonhentos são produzidos pelo Instituto Butantan e distribuídos, exclusivamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A cada ano, são encaminhados cerca de 450 mil frascos ao Ministério da Saúde, que repassa aos estados após avaliação epidemiológica. Os estados, por sua vez, transferem aos municípios para hospitais públicos, filantrópicos ou privados, desde que seja garantido o tratamento sem custo ao paciente.
O Butantan é o maior produtor de soros antiveneno do país. Ele produz 8 tipos de soros contra picadas de cobras, escorpiões e lagartas, além de soros para tratamento do botulismo, raiva, tétano e difteria, totalizando 12 tipos diferentes.
A linha de produção dos soros antiveneno do Instituto é certificada em Boas Práticas de Fabricação (BPF) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o décimo maior fabricante mundial de vacinas em doses distribuídas e em valor, segundo a OMS, é o maior produtor da América Latina.
Sinais e sintomas
Dependendo do tipo de serpente os sinais e sintomas podem variar. Veja a seguir:
Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia e cruzeira
- A região da picada apresenta dor e inchaço;
- Às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina;
- Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal.
Cascavel, boicininga, marabóia, maracaboia e maracá
- O local da picada muitas vezes não apresenta dor ou lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento;
- Pode ocorrer dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento (fácies miastênica);
- Visão turva ou dupla;
- Mal-estar;
- Náuseas;
- Cefaleia;
- Dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves.
Surucucu-pico-de-jaca
- Quadro semelhante ao acidente por jararaca;
- A picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão.
Coral-verdadeira
- As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento;
- Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico.
Primeiros-socorros
Em caso de acidente, é importante:
- Lavar a região da picada com água e sabão;
- Manter o local da picada em posição confortável;
- Levar a vítima imediatamente para atendimento médico;
- Jamais aplicar qualquer tipo de substância (álcool, borra de café, vinagre, urina etc.) ou fazer torniquete no local da picada.
Medidas de prevenção
Mais de 95% dos acidentes ofídicos ocorrem nas pernas ou nos braços. Por isso, algumas medidas simples de prevenção devem ser adotadas:
- Utilizar calçados fechados, perneiras ou botas de cano alto durante trilhas em matas e atividades rurais;
- Ficar atento onde pisar ou colocar as mãos para se apoiar;
- Não mexer em buracos no chão ou em ocos de árvores sem proteção.
Vanessa Rodrigues
Ministério da Saúde