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Representantes do Ministério da Saúde participam de reunião do Brics na Rússia
Foto: Divulgação/MS
Os desafios e as oportunidades de cooperação no combate a doenças, na redução da dependência tecnológica e na ampliação a bens comuns para qualidade de vida da população como vacinas e medicamentos, foram os principais pontos defendidos pelo Brasil durante a primeira reunião com ministros da saúde em que participaram os novos países que passaram a compor o bloco de nações emergentes.
A 14ª Reunião dos Ministros da Saúde do Brics foi realizada em Moscou, na Rússia, e teve a participação do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha, representando a ministra Nísia Trindade. Na ocasião, Gadelha destacou a necessidade de um sistema global de vigilância epidemiológica mais robusto, que esteja mais preparado para prevenir futuras pandemias e emergências sanitárias.
"A pandemia da covid deixou claro, de modo muito perverso, que quem não detém tecnologia e inovação não consegue cuidar do seu próprio povo. Por isso essa reunião é um marco, pois será por meio da cooperação no Brics que teremos mais possibilidades de reduzir a dependência tecnológica dos países em desenvolvimento. E com isso, o Brasil traz ao Brics uma proposta de desenvolvimento econômico que se integra à sustentabilidade ambiental e ao bem-estar social atrelada a uma agenda de solidariedade internacional”, destacou o secretário.
Durante o discurso dos líderes de Estado, foi destacado que o Brasil vem tomando medidas ousadas para garantir o acesso universal à saúde, ao mesmo tempo em que reafirma o compromisso com a vida, com a vacinação, com o acesso farmacêutico, com a atenção primária e especializada e a transição digital do SUS.
“Por muito tempo, a saúde foi vista como um fator externo, influenciado por estruturas e políticas econômicas. Esses fatores são importantes, mas sejamos claros: a saúde não é uma parte exógena do desenvolvimento; é endógena. Ciência, tecnologia e inovação sempre foram elementos-chave na superação de crises e não podem mais ser separados da forte desigualdade entre países, regiões e populações negligenciadas.”, afirmou Carlos Gadelha.
Antes das apresentações dos países, representantes de China, África do Sul, Rússia e Brasil ministraram uma aula na Faculdade de Medicina de Moscou, em que explicaram sobre o modelo de saúde em cada uma de suas respectivas nações. Na ocasião, o secretário Carlos Gadelha comentou o funcionamento do SUS, os principais desafios e conquistas do modelo brasileiro.
A aula foi assistida presencialmente por mais de 100 de estudantes e de forma online para mais de 50 mil estudantes de medicina por toda a Rússia. Ao final da aula, foi inaugurado um monumento em homenagem aos trabalhadores da saúde mortos durante a pandemia da covid-19.
A agenda da delegação brasileira em Moscou também contou com reuniões bilaterais com Rússia, África do Sul e China, um momento em que os países alinharam agendas e expectativas de acordos para reforço na vigilância epidemiológica, a ampliação da inteligência artificial para contribuir nos avanços tecnológicos e de tratamentos, além do combate às doenças socialmente determinadas, como a tuberculose.
Por fim, o evento também foi marcado pelo lançamento da primeira revista científica do bloco, chamada BRICS Health Journal, na qual o Brasil foi responsável por assinar o artigo que abre a edição.
Brics
Formado em 2009, o bloco econômico era composto inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (por isso o nome Brics), mas em 2023 a expansão foi anunciada durante a 15ª cúpula de líderes do bloco, realizada em Joanesburgo, na África do Sul. Então, a partir deste ano, a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia passaram a integrar o bloco.
Com a nova configuração dos Brics, o bloco passa a representar cerca de metade da população mundial, 36% do PIB global e mais de 50% das reservas de hidrocarbonetos do mundo. Se formos comparar, o Ocidente desenvolvido reunido no G7 (Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Itália, Reino Unido e Canadá) tem 9,8% da população e um terço da riqueza mundial.
Janary Damacena
Ministério da Saúde