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MISSÕES DE EMERGÊNCIA
Nicolly Magrin, psicóloga, integra a missão seca extrema da Força Nacional do SUS
Foto: Igor Evangelista/MS
Nicolly Papacidero Magrin, psicóloga e sanitarista, tem 30 anos e já carrega consigo uma extensa trajetória de serviço em situações extremas. Formada pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), sua atuação vai além do cuidado clínico. Ela combina expertise técnica com um olhar profundamente humano, oferecendo suporte às comunidades em crise e, de forma essencial, aos profissionais de saúde que precisam de apoio em momentos de grande pressão.
Seu trabalho na Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) começou em 2023, durante a missão de repatriados da Faixa de Gaza. "Fui responsável pelo acolhimento e pela saúde mental dos refugiados, ajudando-os a se adaptarem ao Brasil e preparando-os para os desafios futuros", relembra Nicolly. Desde então, ela esteve envolvida em missões de grande impacto, como no Rio Grande do Sul, quando, entre maio e julho de 2024, lidou com os desastres naturais no sul do país.
No Rio Grande do Sul, Nicolly integrou uma equipe multidisciplinar, focando no suporte psicológico aos gestores locais, que, além de enfrentarem o próprio trauma, precisavam liderar e tomar decisões importantes. "Acolher os gestores foi fundamental, eles também eram vítimas", reflete.
Recentemente, Nicolly esteve em Rondônia, um estado fortemente impactado pelas queimadas e pela seca, onde a situação tem exigido dela uma abordagem diferente. "Aqui não se trata de um evento imediato, mas de um processo lento, um desgaste contínuo", explica a profissional às margens do Rio Madeira.
Ela descreve como a seca afeta de maneira profunda e prolongada a saúde mental da população. "As pessoas vivem uma constante preocupação, se perguntarão amanhã se terão água, se conseguirão vender sua produção, ou se ficarão isoladas. Esse tipo de emergência, que se desenvolve de forma gradual, tem impactos psicológicos significativos e que não podem ser ignorados", avalia.
Nicolly ressalta que uma de suas maiores motivações para integrar missões pelo Ministério da Saúde é a ligação pessoal e profunda com seu desejo de ajudar, algo que remonta à sua infância. "Lembro que, aos três anos, queria dar minha roupa a um menino que vi pedindo comida. Esse sentimento de querer cuidar do outro sempre esteve em mim", disse.
Hoje, ela canaliza essa vontade em ações concretas, se colocando à disposição para garantir que as populações afetadas por desastres, como em Rondônia, recebam o cuidado integral que merecem. Com sua sensibilidade e compromisso com a saúde pública, Nicolly se diz disposta aos desafios e pronta para oferecer mais do que respostas técnicas. "É esperança e cuidado humano em momentos de desespero", conclui.
Edjalma Borges
Ministério da Saúde