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AGENDA INTERNACIONAL
G20 traz Mpox para o centro do debate sobre equidade em saúde
Foto: Rafael Nascimento/MS
A resposta global à situação da Mpox foi tema de um painel dentro da programação do G20 Saúde, no Rio de Janeiro. A ministra Nísia Trindade ressaltou a importância do fortalecimento da colaboração entre países, setores público e privado, organizações da sociedade civil e comunidades locais, para criar respostas sustentáveis. "O compartilhamento de dados, experiências e recursos entre países e instituições permite respostas mais ágeis e eficientes, acelerando a produção e a distribuição de vacinas e terapias. Devemos garantir que os países em desenvolvimento tenham acesso às mesmas ferramentas que os países mais ricos, e que as populações mais vulneráveis sejam prioritárias em nossos esforços de resposta”, detalhou a ministra brasileira, enfatizando o papel estratégico dos países integrantes do G20.
Após ser declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como emergência em saúde pública na África, a Mpox levantou um alerta sobre a necessidade de colaboração global na distribuição de vacinas, capacidade de fabricação e sistemas de vigilância. Assuntos como esses foram pauta do debate entre os representantes da saúde mundial, na manhã desta terça (29). “Precisamos minimizar os impactos do Mpox na África. Agradecemos às 5,9 milhões de vacinas e os valores que já foram doados pelos países. Precisamos, também, de medidas de controle de pandemias, melhores acessos aos cuidados clínicos e engajamento da comunidade da saúde”, disse o diretor-executivo de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan.
Como exemplo de engajamento da área de saúde, a ministra Nísia Trindade elencou as diversas ações do governo brasileiro para o controle dos casos de Mpox no país. “No Brasil, intensificamos o treinamento e a sensibilização da rede de vigilância, bem como preparamos a rede de laboratórios para o diagnóstico da nova cepa do vírus. Além disso, o Ministério da Saúde estuda estratégias para a aquisição de novos tratamentos, com ações de prospecção conduzidas em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde e a própria OMS. Também tomamos a iniciativa de solicitar à Anvisa a ampliação do uso emergencial do antiviral, com o objetivo de ampliar o acesso a esse tratamento para a população, garantindo uma resposta ágil e eficaz à atual demanda por cuidados”, afirmou.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, compartilhou a estratégia do governo brasileiro para diminuir o número de casos da doença e eliminar as mortes por Mpox. Segundo ela, ao assumir a gestão, o Ministério da Saúde disponibilizou 40 mil doses de vacinas contra varíola, a mesma utilizada na imunização de Mpox, que eram utilizadas como estratégia de pesquisa e não de saúde pública.
"Desenvolvemos uma estratégia de vacinação que prioriza grupos vulneráveis, com base no perfil epidemiológico brasileiro e nas recomendações da OMS. Monitoramos o público-alvo, disseminamos informação sobre a mutação do vírus, treinamos equipes de saúde e, desde então, não tivemos nenhum óbito por Mpox no Brasil”, comentou Ethel.
O uso da saúde digital e de ferramentas de inteligência artificial na melhoria da vigilância e resiliência da comunidade também foi tema discutido no evento. De acordo com Jarbas Barbosa, diretor da OPAS, a transparência na comunicação é essencial para garantir que iniciativas estratégicas sejam tomadas. “A Covid-19 mostrou a importância de termos dados e empenharmos esforços nas plataformas eletrônicas. Elas nos ajudam a desenvolver estratégias mais assertivas, emitindo alerta precoce de pandemias, possibilitando respostas mais rápidas aos surtos”, disse Jarbas.
No debate, a ministra Nísia Trindade reforçou a importância do tema em debate no âmbito internacional. “Nosso objetivo não é apenas controlar a Mpox, mas estabelecer um legado duradouro de preparação e resposta a surtos futuros. Faço um chamado a todos os presentes: cientistas, formuladores de políticas e lideranças do G20. Vamos unir forças para transformar a resposta à Mpox em um modelo de sucesso para futuras crises de saúde pública. A ciência e a inovação são nossas melhores aliadas, mas só serão eficazes se forem acompanhadas por um compromisso com a equidade e a justiça social”, acrescentou.
Declaração Conjunta dos Ministros de Finanças e Saúde do G20
Uma nova cepa do vírus Mpox atingiu a África este ano, quando a OMS declarou emergência de saúde pública global. De acordo com o diretor geral dos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças, Jean Kaseya, de janeiro a outubro de 2024, foram notificados mais de 45 mil casos e 1,14 mil mortes em 18 países do continente. “Esses números impactam a África, mas também expõem uma ameaça internacional de saúde. Precisamos ter capacidade de manufatura local, pela transferência de tecnologias e investimento em produções de vacinas. Precisamos de apoio para produzir esses imunizantes. Fabricação sustentável aumenta a equidade e a distribuição de insumos. Não podemos cometer os mesmos erros da pandemia. O G20 tem essa missão”, alertou Jean.
Nesse contexto, ministros de Finanças e Saúde do G20 adotaram, em 27 de setembro, uma Declaração Conjunta dos Ministros de Finanças e Saúde do G20 sobre a resposta ao surto de Mpox, em atenção aos apelos de assistência do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (África CDC, na sigla em inglês) e da OMS.
No documento, os países reconheceram a importância de fortalecer a prevenção, preparação e resposta a pandemias e incumbiram o secretariado da Força-Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde (JFHTF) de apoiar a OMS , África CDC e Banco Mundial em seus esforços coordenados, juntamente com os governos africanos, para responder ao surto de Mpox, avaliar o impacto econômico dos países mais afetados, identificar e compartilhar os resultados de financiamento e necessidades na resposta à doença, além de delinear as etapas necessárias para acessar os recursos existentes.
Determinados em apoiar uma resposta internacional coordenada, com base nas experiências passadas, os países decidiram discutir a resposta ao Mpox na Reunião Ministerial Conjunta de Ministros de Finanças e Saúde, no próximo 31 de outubro, com base nos relatórios preparados pelo Secretariado da JFHTF.
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Vanessa Rodrigues
Ministério da Saúde