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SECA EXTREMA
Com 7,5 mil pessoas afetadas pela seca e estiagem, Chaves (PA) recebe técnicos do Ministério da Saúde
Foto: Gabriel Bandeira/MS
Sem chuva, não há rio. Sem rio, não há peixe, cultivo e água para consumo humano para as mais de 7,5 mil pessoas afetadas pela seca e estiagem em Chaves (PA), na Ilha do Marajó. A 218 quilômetros da capital Belém, o município, com 20 mil habitantes, decretou emergência em saúde no dia 21 de outubro e, nesta semana, recebeu os técnicos da Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde do Ministério da Saúde.
A equipe, composta por profissionais das secretarias de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e da Atenção Primária à Saúde (Saps), tem como objetivo escutar a população e os gestores locais, construindo um diagnóstico sobre os impactos da emergência climática na região. Essa missão é realizada em parceria com a Secretaria de Saúde Pública do Pará (SESPA) e a Secretaria Municipal de Saúde de Chaves.
Após a coleta de informações, o relatório final será enviado à Secretaria Executiva (SE) do Ministério da Saúde, servindo de base para ações estratégicas no enfrentamento da emergência.
Na segunda-feira (28), a equipe visitou a comunidade ribeirinha da Vila Nascimento, onde 76 famílias enfrentam as consequências da seca extrema e da salinização da água. Essa realidade se repete em outras áreas do município, que é predominantemente habitado por ribeirinhos.
Com a redução das chuvas, a água do mar tem avançado sobre os pequenos rios, aumentando o nível de sal na água doce e tornando-a imprópria para consumo, irrigação e pesca, essenciais para a subsistência local. O uso de água não tratada tem gerado um aumento de Doenças Diarreicas Agudas (DDAs), infecções gastrointestinais e dermatites. Os técnicos seguiram ainda para a comunidade ribeirinha de Mapatá para avaliar a situação local.
Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde
Instituída em julho pela ministra Nísia Trindade, a Sala de Situação é liderada pelo Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP) do Ministério da Saúde. O primeiro compromisso da comitiva foi uma reunião de alinhamento na sede da secretaria, e a visita às comunidades ribeirinhas reflete a prioridade dada ao atendimento das necessidades locais.
Em outubro, a Sala de Situação já realizou visitas técnicas em várias cidades do Pará, como Altamira, Bom Jesus do Tocantins, Itupiranga, Marabá e Santarém. O estado é o segundo no índice de queimadas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com mais de 430 mil focos de incêndio registrados.
Além do Pará, a missão também avaliou a situação de estados como Acre, Amazonas, Rondônia, Tocantins e Amapá. Após as visitas, Acre e Amazonas enviaram um ofício ao governo federal solicitando a declaração de emergência em saúde. Diante da grave condição de saúde local, foi liberado um montante superior a R$ 1,2 milhão para apoiar as iniciativas de enfrentamento, por meio da Portaria Nº 5.506/2024, assinada pela ministra da Saúde.
Gabriel Bandeira
Ministério da Saúde