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EQUIDADE RACIAL
Acesso à informação e visibilidade de dados da saúde da população negra são debatidos em seminário
Foto: Camila Sanabria/MS
Nesta quarta-feira (16), mais de 120 pessoas debateram temas voltados à estruturação do Observatório de Saúde da População Negra, no Rio de Janeiro. O encontro aconteceu durante um seminário promovido pelo Ministério da Saúde, a Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a presença de gestores, pesquisadores, profissionais, movimentos sociais, sociedade civil e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Equidade, acesso à informação e visibilidade foram as principais abordagens levantadas pelos grupos de trabalho (GTs) durante o primeiro dia do evento que acontece até amanhã (17).
Na abertura do seminário, o chefe da Assessoria para Equidade Racial em Saúde do ministério, Luís Eduardo Batista, reforçou a importância do debate: “Esse evento é o desafio da vida de cada um e cada uma que está aqui com seus diferenciais, perfis e diferentes formas de ver. Estamos juntos nesse processo de construção coletiva. O observatório é só mais uma etapa de uma estratégia”, declarou.
Ao longo do dia, cinco GTs foram formados para discutir os seguintes pontos: ‘qual o conceito de saúde para a população negra?’; ‘como deveria ser um observatório de saúde da população negra?’; e ‘qual a principal contribuição que se espera de um observatório de saúde da população negra?’. Também foram deliberadas possíveis contribuições da ferramenta.
Para Diana Anunciação, coordenadora do Grupo de Trabalho Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a construção do observatório deve acontecer de forma universal. “A gente já sabe que a população negra está sempre nos piores índices. O que queremos é trazer essa visibilidade numa linguagem acessível, que esteja disponível para todos. A partir dos dados visibilizados, a expectativa é saber quais ações serão tomadas”, observou.
No encerramento do primeiro dia do evento, todos os participantes realizaram uma plenária com as principais diretrizes discutidas entre os grupos. Houve um consenso sobre a necessidade de o observatório garantir o acesso efetivo da população negra aos serviços e políticas já existentes, promover uma escuta qualificada, servir como fonte para a construção de artigos e disponibilizar dados para o meio acadêmico. Outro destaque foi a classificação do instrumento como uma transformação política, democratização da informação e, ainda, um meio de divulgação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN).
Márcia Alves, coordenadora do Eixo 2 – Monitoramento e Avaliação da PNSIPN integrante da estratégia antirracista pelo Ministério da Saúde, ressaltou que o observatório é um instrumento de transformação: “Essa ferramenta é uma inovação e o disparador de uma potencialidade de comunicação que preveja o direito à saúde. Estamos aqui para esclarecer que, com racismo, não há democracia, não há vida e não há pleno gozo à cidadania. O que discutimos poderá ser sistematizado institucionalmente”, finalizou.
Ana Freire
Ministério da Saúde