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MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Um biólogo amazônico em missão pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
Foto: Gabriel Bandeira/MS
Fascínio pela natureza, pelos animais e a sensibilidade na escuta com populações vulnerabilizadas marcam os passos do biólogo Antonio Alvarado, de 43 anos. Há três, ele atua como técnico do Ministério da Saúde, com passagens como supervisor do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EpiSUS) e, agora, como técnico da Vigilância em Saúde dos Riscos Associados a Desastres (Vigidesastres), do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP).
O técnico integra a equipe da Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, que esteve recentemente no município de Chaves (PA), na Ilha do Marajó. Com 20 mil habitantes e maioria ribeirinha, a cidade é banhada pelo rio Amazonas, e enfrenta os impactos da seca extrema e da estiagem. Em parceria com as secretarias de saúde locais, o objetivo da missão foi realizar um diagnóstico situacional dos efeitos da emergência climática na região. O documento vai embasar ações estratégicas do Ministério da Saúde.
“Reconhecer a existência das emergências e atuar na mitigação dos efeitos na população é fundamental. É uma política de estado para enfrentar um problema global e cada vez mais recorrente. As grandes queimadas, os rios sem água. A água salgada do mar acabando com a água doce e as fontes de subsistência das populações vulnerabilizadas. São emergências que mostram como tudo está conectado”, reflete Alvarado.
Ainda conhecendo o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, Antonio começou na saúde pública pela Vigilância Entomológica – monitoramento e estudo de insetos que podem transmitir doenças -, passando para a especialização em Vigilância em Saúde das Fronteiras pela Fiocruz. A experiência o levou ao mestrado em epidemiologia e ao Programa de Treinamento de Epidemiologia de Campo (FETP, em inglês) da Colômbia. Atualmente, ele cursa o terceiro ano do doutorado no programa de VigiFronteiras – Brasil, da Fiocruz.
Escuta e acolhimento
“Me declaro amazônico”, afirma o técnico nascido na cidade fronteiriça de Letícia, na Colômbia, divisa com Tabatinga, no Amazonas. Assim como Chaves, as duas são banhadas pelo rio Amazonas, maior rio em vazão de água da Terra e o segundo em extensão do mundo, com 6.400 quilômetros.
O diálogo com a população, segundo ele, é a base de todo o trabalho. “Escutar a população é sempre muito bom. Acolher a esperança deles ao serem escutados. Ver o sentimento de pessoas que são parte de um país que dá ouvidos às suas necessidades e acompanhar de perto a atuação do SUS na ponta”, explica Alvarado, revelando o que motiva seu trabalho. E foi assim que ele atuou na enchente em Itamaraju, na Bahia; Petrópolis, no Rio de Janeiro; cinco missões à Terra Indígena Yanomami, e na emergência de chuvas intensas e inundações no Rio Grande do Sul, em abril deste ano.
Gabriel Bandeira
Ministério da Saúde