Notícias
PARTICIPAÇÃO POPULAR
G20 Social: demandas da sociedade civil serão levadas à Cúpula de Líderes
Foto: Walterson Rosa/MS
A Cúpula do G20 Social encerrou neste sábado (16). O evento antecede o encontro dos chefes de Estado, que acontece segunda (18) e terça-feira (19), no Rio de Janeiro. Essa foi a primeira vez que houve a participação de grupos da sociedade civil nos debates do principal fórum de cooperação econômica internacional. Ao receber o documento final com a consolidação das demandas da sociedade civil à Cúpula de Líderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ser um momento histórico. “Ao longo deste ano, o grupo ganhou um terceiro pilar, que se somou aos pilares político e financeiro: o pilar social. Aqui tomam forma a expressão e a vontade coletiva, motivadas pela busca de um mundo mais democrático, justo e diverso”, disse o presidente da República.
Presente no evento, ao lado de líderes globais, a ministra Nísia Trindade comemorou o momento de construção coletiva e a troca de experiências. “Estamos em um processo de reconstrução do SUS, desde que o presidente Lula retornou à gestão, nessa luta para termos espaços democráticos, na visão de um país inclusivo, trabalhando pela redução das desigualdades. São movimentos sociais unidos, trocando conhecimentos e práticas. Isso representa a diversidade do Brasil, em uma construção conjunta pelo bem coletivo”, afirmou a ministra da Saúde.
O G20 Social contou com a presença de mais de 50 mil participantes em três dias de evento, com 17.703 pessoas participando ativamente dos debates. A Declaração do G20 Social insta os líderes ao engajamento por uma transformação efetivamente possível e duradoura. O texto enfatiza três pilares centrais: combate à fome, à pobreza e à desigualdade; enfrentamento das mudanças do clima e transição justa; e reforma da governança global.
Construído com a contribuição de grupos historicamente marginalizados – como mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, trabalhadores da economia formal e informal, comunidades tradicionais e pessoas em situação de rua –, o texto traz a demanda de mais participação desses segmentos nos processos de governança mundial.
Os movimentos pedem uma reforma urgente para que instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos multilaterais reflitam a realidade contemporânea. A reformulação do Conselho de Segurança da ONU é vista como fundamental para ampliar a representatividade global e promover soluções mais justas e eficazes.
A mudança do clima foi outro ponto destacado do documento. Os movimentos sociais exigem compromissos concretos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger ecossistemas essenciais, como as florestas tropicais. A declaração propõe a criação de um fundo internacional para financiar ações de conservação e incluir as populações locais em atividades produtivas sustentáveis.
“Vou levar as recomendações contidas na declaração final que vocês me entregaram aos demais líderes do G20 e trabalhar com a África do Sul para que elas sejam consideradas nas discussões do grupo. Espero que esse pilar social do G20 continue nos próximos anos, abrindo cada vez mais nossas discussões para o engajamento da cidadania”, continuou o presidente.
Lula concluiu seu pronunciamento com uma mensagem para o público. “Também conto com a força de vontade e o dinamismo da sociedade civil para dois outros eventos que o Brasil sediará no próximo ano: a Cúpula do BRICS e a COP 30”, afirmou.
O ministro das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola – representante do país que assumirá a presidência do G20 após o Brasil – garantiu que sua nação também vai envolver os movimentos sociais nas discussões do fórum. “Na África do Sul, nós aprendemos com a experiência de vocês, e eu espero que nós possamos atender os desafios nas nossas mãos. Nós acreditamos que a sociedade civil é um motor vital que conecta os países do G20 todos os dias. E nós aplaudimos o Brasil e a iniciativa tão corajosa de promover esta reunião da sociedade civil e de todos os grupos sociais de todo o Brasil e do mundo”, enfatizou.
Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde
Nesta sexta-feira (15), como parte da programação do G20 Social, movimentos voltados à saúde se reuniram em uma roda de conversa para debater o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde e os desafios da participação da sociedade na articulação entre redes territoriais e digitais. “Temos consciência de que precisamos avançar em construções coletivas, num governo que não seja de mão única, mas que traga práticas e conhecimentos que reforcem esse caminho coletivo”, declarou a ministra Nísia na agenda.
O MapaMovSaúde foi lançado em setembro deste ano para que movimentos sociais, entidades populares e organizações da sociedade civil se reconheçam, contem suas histórias, compartilhem memórias, afirmem identidades, valorizem seus territórios e vocalizem demandas e necessidades de saúde. Hoje, o Ministério da Saúde já contabiliza cerca de 500 movimentos cadastrados na plataforma.
Os movimentos se identificam no mapa do Brasil por meio de ferramentas de georreferenciamento, destacando suas lutas e iniciativas. Além disso, a ferramenta produzirá notícias e conteúdos audiovisuais baseados na produção dos próprios movimentos, promovendo autonomia e colaboração. A plataforma utiliza o software livre MediaWiki, o mesmo da Wikipédia, permitindo que os movimentos sociais criem seus próprios cadastros.
Ministério da Saúde, com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência