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REBRATS
Acesso à inovação, desenvolvimento sustentável e saúde planetária são temas de congresso da Saúde
Foto: Ubirajara Rodrigues/MS
Durante as atividades do V Congresso da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats), na quinta-feira (31) foram realizadas três mesas de debates: Caminhos do desenvolvimento e inovação para chegar ao acesso; O papel da ATS na meta 3.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; e Saúde Planetária frente aos desafios atuais.
A mesa-redonda Caminhos do desenvolvimento e inovação para chegar ao acesso foi moderada por Fontini Santos Toscas (Núcleo de Análise e Projeto de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Instituto de Saúde/SP) e contou com a participação dos palestrantes Bruno José da Silva Oliveira (Products and features Brasil), Vanderlei Bagnato (Pesquisador de técnicas ópticas para Saúde) e Handerson Jorge Dourado Leite (Presidente Fapesb).
Fontini Toscas abriu o debate falando das inovações tecnológicas para o SUS, apresentou experiências e sugeriu que a colaboração entre os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) e os Núcleos de Avaliação de Tecnologia em Saúde (NATs) é fundamental para produzir estudos complementares que agreguem valor ao desenvolvimento de tecnologias no país.
O presidente da Fapesb, Handerson Leite, reforçou o papel das agências de fomento, falou da importância dos NATs e dos NITs e, como eles podem trabalhar de forma integrada para atender às necessidades tecnológicas do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis). Já o representante da indústria, Bruno Oliveira, destacou o apoio dos NATs no desenvolvimento e incorporação de intervenções clínicas. Durante a apresentação deu exemplos de tecnologias que poderiam se beneficiar de uma análise de ATS (Avaliação de Tecnologias em Saúde) para aprovação regulatória e coleta de dados.
Por último, o pesquisador Vanderlei Dalvador Bagnato compartilhou a criação de uma nova plataforma que vai ajudar os profissionais a utilizarem tecnologias de maneira eficaz na prática clínica, facilitando a integração das inovações ao sistema de saúde.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A mesa-redonda sobre a meta 3.3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foi moderada por Corah Prado (Ministério da Saúde) e contou com a participação dos palestrantes Sylvain Aldighieri (Opas/MS), Fabíola Sulpino (Ipea), Rodrigo Leite (Ministério da Saúde), Gláucia Costa (NATs René Rachou) e Ciro Mendes Gomes (Ministério da Saúde).
A meta 3.3 do ODS é acabar, até 2030, com as epidemias de doenças tropicais negligenciadas, como a aids, a tuberculose e a malária, além também de combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e doenças transmissíveis. Corah Prado apresentou dados comparativos e enfatizou a necessidade de investir em pesquisa e em desenvolvimento para um cuidado integral das populações afetadas por essas doenças. O doutor Sylvain Aldighieri contextualizou a situação epidemiológica nas Américas e compartilhou exemplos de iniciativas bem-sucedidas.
Já Fabíola Sulpino trouxe uma perspectiva econômica e mostrou como o cenário fiscal impacta nas políticas públicas dificultando o cumprimento das metas, especialmente em relação ao acesso a tecnologias com preços sustentáveis. Gláucia Cota e Ciro Mendes Gomes completaram a discussão ao abordar os desafios para atingir a meta 3.3, destacaram iniciativas de sucesso em inovação tecnológica e comentaram o impacto das políticas na promoção da ODS.
Saúde Planetária
A última mesa-redonda do dia trouxe o tema Saúde Planetária frente aos desafios atuais. Moderada por Airton Tetelbom Stein, contou com a participação dos palestrantes Enrique Falceto (Lancet Commission on Sustainable Health Care) e Fiona A. Miller (University of Toronto).
Airton Stein trouxe um alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas na saúde: com eventos extremos e alterações no regime de chuvas, aumentam a insegurança alimentar e a propagação de doenças como arboviroses e leptospirose. Destacando o recente desastre no Rio Grande do Sul, ele mostrou como essas transformações impactam diretamente os indicadores de saúde, reforçando a urgência da Saúde Planetária e dos ODS para enfrentar essas ameaças.
Fiona Miller apontou caminhos práticos para que o impacto ambiental seja considerado nas decisões sobre tecnologias em saúde, enfrentando o desafio da falta de dados precisos. Ela sugeriu como as agências podem adotar práticas mais sustentáveis, apresentando exemplos de como avaliar o uso de recursos na produção de medicamentos e a escolha entre dispositivos descartáveis e reutilizáveis, mesmo com evidências limitadas.
Já Enrique Falceto destacou como escolhas ambientais podem ser integradas tanto na gestão quanto no atendimento clínico. Ele abordou o potencial da telemedicina para reduzir emissões e ressaltou o Lancet Countdown como um recurso valioso para acompanhar o impacto das mudanças climáticas na saúde. No atendimento direto, mostrou que se pode considerar a poluição em decisões sobre o tratamento de doenças como a asma e refletir sobre os impactos de longo prazo de tecnologias que alteram geneticamente o organismo.
Saiba mais sobre o evento na página do Congresso da Rebrats
Amanda Solidade e Janine Russczyk
Ministério da Saúde