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SAÚDE INDÍGENA
Incremento do Mais Médicos no território Yanomami reduz casos de malária grave e remoções
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O programa Mais Médicos vem ajudando a aplacar a emergência em saúde pública dos povos que vivem na terra indígena (TI) Yanomami, em Roraima. Em meados de 2023, eram apenas oito médicos do programa atuando na região e, atualmente, cerca de 40 profissionais atendem os indígenas. Três deles atuam no Posto Surucucu, onde há uma unidade de saúde para o recebimento e o acompanhamento dos casos mais graves. O restante atende os indígenas diretamente nas comunidades.
Atenção à malária grave
Marcos Pelegrini, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami em Roraima, explica que não apenas a chegada de mais médicos ajudou a melhorar a situação no território, mas também as capacitações que eles fizeram para atuar especificamente no território.
“Os profissionais do programa na área indígena não fazem apenas a atenção primária; eles também têm que atender urgência e emergência e pacientes com malária grave. Como aqui no Posto Surucucu eles podem manter esses pacientes numa sala de estabilização, a maioria melhora e não precisa ser removida. Antes da chegada dos médicos, quase todo paciente nessa situação era removido”, conta.
Tiago Damacena é um dos profissionais do Mais Médicos no Surucucu e lembra que o tratamento no local é um ganho para a população indígena. “A diferença de ter um médico aqui, trabalhando em área, é que você consegue fazer um diagnóstico mais preciso. A malária, que é um problema sério na região, a gente trata aqui no polo mesmo”, relata. “E por causa da malária aparecem outros problemas, como a desnutrição, que a gente também consegue fazer o acompanhamento aqui. Nos últimos meses, por causa do clima e das queimadas, os casos de malária subiram, mas a presença dos médicos e os medicamentos enviados pelo Ministério da Saúde fizeram com que o número de remoções para Boa Vista diminuísse”, reforça.
O Posto Surucucu, bem como várias comunidades Yanomami, se encontra a 350 km da capital roraimense e a remoção só pode ser feita de avião, com o apoio de helicópteros. Em janeiro de 2024, foram realizadas 385 remoções, ao custo de pouco mais de R$ 19 milhões. Em março deste ano, o número de remoções caiu para 271, mesmo com o aumento de casos de malária, com custos de aproximadamente R$ 13 milhões.
Treinamento sobre a malária grave
Em abril, cerca de 50 profissionais do Mais Médicos dos Dseis Yanomami e Leste Roraima estiveram em Boa Vista para um treinamento com abordagem em malária. Apenas este ano, já foram registrados 7.500 casos da doença na TI Yanomami. A malária é transmitida pela picada de fêmeas infectadas dos mosquitos Anopheles.
O Ministério da Saúde levou até o estado especialistas para dialogar com os médicos que já atendem nas comunidades, bem como aqueles que vão ingressar agora pelo programa. Entre eles, o infectologista Marcus Lacerda, da Fiocruz e da Fundação de Medicina Tropical no Amazonas. O especialista em malária explica que a doença infecciosa é complicada de ser tratada por ser dinâmica. “Muitas vezes a malária é eliminada em uma região, mas basta uma pessoa infectada como um garimpeiro, um turista entrar ali para que a doença seja reintroduzida naquele território, principalmente na região amazônica, que tem todas as condições para isso”, ressalta.
Marcus lembra ainda que a presença in loco de médicos treinados ajuda a conter a malária grave. “Se um infectado entra numa região e o diagnóstico e o tratamento não são feitos rapidamente, começa a aumentar o número de casos. E como o acesso é remoto, essas pessoas ficam doentes mais tempo, o que aumenta as chances de malária grave, que é letal. A presença dos médicos nessas áreas é fundamental”, pondera o especialista.
Além de Marcus Lacerda, estiveram no treinamento o diretor do Departamento de Apoio à Gestão da Atenção Primária à Saúde, Wellington Carvalho, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, o coordenador do Dsei Leste Roraima, Zelandis Oliveira, o coordenador do Dsei Yanomami, Marcos Pelegrini e o coordenador-geral de Expansão e Gestão da Educação em Saúde do Ministério da Educação, Francisco de Assis da Rocha Neves.
Luciano Marques
Ministério da Saúde