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G20 EM SALVADOR
Brasil defende financiamento robusto para proteger populações mais vulneráveis das mudanças climáticas
Foto: Matheus Sarmento/MS
Para a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Agnes Soares, é urgente que o Grupo dos 20 (G20) avance em diálogos intersetoriais e com lideranças políticas para que haja incremento no financiamento de projetos, especialmente para proteger os mais vulneráveis.
“O clima, como vemos nas notícias, com enchentes, tempestades e aumento do nível do mar, certamente está mudando, e pode alterar os habitats naturais. Além disso, de acordo com OMS, milhões de pessoas vivem em áreas que podem ser afetadas com as mudanças climáticas”. A afirmação de Agnes foi feita nesta quarta-feira (5), durante sessão plenária do Grupo de Trabalho da Saúde do G20.
A sessão, que reuniu membros das 19 maiores economias do mundo, além das uniões Europeia e a Africana e países convidados, debateu hoje soluções que possam ser transformadoras relacionadas a clima e saúde. As reuniões do Grupo de Trabalho da Saúde acontecem até a próxima quinta-feira (6), em Salvador (BA).
Agnes citou a tragédia ambiental que acomete o Rio Grande do Sul e que matou mais de 160 pessoas. Ela destacou que é nesta situação que as desigualdades em saúde são exacerbadas. “Países em desenvolvimento, especialmente de baixa renda, estão encarando esses impactos desproporcionais especialmente. Isso tem impactado mais fortemente comunidades marginalizadas, negros, mulheres, indígenas, por exemplo”, elencou.
Victor Dzau, presidente da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos, foi um dos convidados a compor a messa de debates. Ele citou os impactos econômicos das mudanças climáticas. “Esse problema tem custado mais de U$ 2 trilhões nos últimos 20 anos e pessoas foram empurradas para a linha de pobreza. Temos de identificar oportunidades críticas para os principais setores promoverem a saúde e o bem-estar”.
Durante a plenária, as delegações corroboraram a necessidade de se chegar ao fim da gestão brasileira com uma declaração concreta para o enfrentamento das mudanças climáticas. A tese foi defendida por membros de importantes economias mundiais, como Reino Unido, Alemanha, Canadá e Austrália.
Comitê Técnico do Brasil
Em abril, o Brasil instituiu o Comitê Técnico Interinstitucional de “Uma Só Saúde”. A iniciativa integrada é referência mundial e reconhece a conexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental.
A ação busca soluções sustentáveis para promover a saúde dos seres humanos, animais domésticos e silvestres, vegetais, incluindo também o ecossistema. Por meio de programas, políticas públicas, legislações e pesquisas, a abordagem contribui para:
- Vigilância, prevenção e controle de zoonoses e doenças tropicais negligenciadas e doenças transmitidas por vetores;
- Qualificação da prevenção, preparação e resposta frente a epidemias e pandemias;
- Promoção da segurança alimentar e transformação dos sistemas agroalimentares;
- Combate à resistência aos antimicrobianos;
- Controle de contaminantes químicos, biológicos e físicos;
- Proteção da biodiversidade e melhoria do gerenciamento dos ecossistemas;
- Enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas;
- Conscientização sobre as relações entre saúde humana, animal, vegetal e ambiental;
- Entre outras temáticas.
Nathan Victor
Ministério da Saúde