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SAÚDE 71 ANOS
Enfermeira e sambista: a contribuição de Ivone Lara para as políticas de saúde
Imagem da exposição “Dona Ivone Lara e Mulheres da Saúde”, em exibição desde março no espaço cultural que leva o nome da enfermeira no Ministério da Saúde (Foto: Matheus Damascena/MS)
Nascida em uma época em que o acesso à saúde era ainda mais desafiador para a maioria dos brasileiros, Ivone Lara se tornou uma grande colaboradora do Ministério da Saúde ao longo de seus 37 anos de serviço. Como enfermeira dedicada, ela não apenas desempenhou suas funções com excelência, mas também se destacou como uma defensora incansável do tratamento psiquiátrico humanizado.
Dona Ivone, como era conhecida, nasceu na capital fluminense em 13 de abril de 1922 e ingressou aos 17 anos na faculdade de enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio). Posteriormente, especializou-se em terapia ocupacional com a médica Nise da Silveira, psiquiatra que revolucionou o tratamento das pessoas com problemas mentais no Brasil.
Além de se dedicar à saúde, Dona Ivone Lara também era sambista e foi apelidada de ‘Grande Dama do Samba’, sendo a primeira mulher a assinar um samba-enredo no carnaval brasileiro. No Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, no Rio, onde trabalhava desde os 25 anos, ela foi pioneira ao oferecer a abordagem musical para tratar e acolher seus pacientes.
Durante seus anos de serviço, testemunhou e participou de muitas transformações no sistema de saúde brasileiro. Sua carreira foi marcada por um compromisso inabalável com o cuidado dos pacientes e pela luta constante por melhores condições de tratamento. Sua experiência e conhecimento tornaram-se referência dentro do Ministério, contribuindo significativamente para a construção de políticas de saúde mental mais inclusivas e eficazes.
A defesa do tratamento psiquiátrico humanizado foi um dos marcos de sua carreira. Dona Ivone Lara acreditava que a saúde mental merecia a mesma atenção e respeito que qualquer outra área da medicina. Assim, promoveu a integração de abordagens terapêuticas que respeitassem a dignidade dos pacientes, lutando contra o estigma e o preconceito associados às doenças mentais.
A dama do samba e ex-funcionária da Saúde faleceu em 2018, aos 96 anos. E deixou um legado de dedicação, profissionalismo e amor ao próximo. Sua trajetória inspira não apenas seus colegas de profissão, mas também todos aqueles que acreditam em um Sistema Único de Saúde (SUS) mais justo e humano. Alguém que merece ser lembrada nesta quinta-feira (25), no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Na celebração dos 71 anos do Ministério da Saúde, Dona Ivone Lara é um belo exemplo de profissional que fez a diferença na vida de tantas pessoas.
Edjalma Borges
Ministério da Saúde