Conheça a história do Espaço Cultural Dona Ivone Lara

O túnel que liga o Edifício Sede ao Anexo do Ministério da Saúde, em Brasília, abriga exposições artísticas e informativas sobre saúde e cultura. No entanto, faltava um nome para o espaço. Não falta mais! Batizado este ano como Espaço Cultural Dona Ivone Lara e administrado pelo Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS), o local recebeu recentemente uma placa que o consolida como um ponto de convergência entre arte, cultura e saúde.   

Dona Ivone Lara, lembrada como “a grande dama do samba”, foi uma figura multifacetada: compositora, cantora, enfermeira, terapeuta ocupacional e servidora do ministério por 37 anos. O espaço cultural que leva seu nome celebra o legado que ela deixou e traz consigo a história de mais de uma década, quando o túnel passou a receber exposições em 2011.   

O túnel, por sinal, recebeu recentemente uma visita ilustre. A primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva, a Janja, ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, conheceu a mostra atual “Dona Ivone Lara e Mulheres da Saúde” e ambas conversaram sobre fatores sociais que até hoje implicam em obstáculos para o trabalho das mulheres. 

A origem do espaço cultural

A transformação do túnel em espaço cultural teve início quando a sede do Centro Cultural do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro precisou ser fechada para reformas. 

Com o prédio inacessível ao público, a equipe intensificou sua participação em eventos e exposições itinerantes. E, então, surgiu a ideia de utilizar este local de passagem como um espaço expositivo. Jussara Alves, historiadora e trabalhadora do CCMS desde sua criação, relembra como tudo começou. "A intenção sempre foi ter uma exposição seguida de outras. Não queríamos uma mostra única. Queríamos um fluxo contínuo de informações em saúde aliadas à cultura", explica Jussara.  

Exposições memoráveis  

A primeira exposição realizada no túnel foi inaugurada em 2011 e tinha como tema as contribuições para a construção do SUS (Foto: divulgação/MS)

A primeira exposição realizada no túnel, “As Conferências Nacionais de Saúde: contribuições para a construção do SUS”, foi inaugurada em 2011. A mostra tinha como objetivo aproximar os trabalhadores das conferências, já que muitos não tiveram oportunidade de participar, além de estimular as pessoas a buscar informação sobre o tema.
 
Dentre as 19 exposições realizadas, algumas se destacaram. Para Mônica Quiroga, que trabalha na Coordenação-Geral de Documentação e Informação (CGDI) há 24 anos, a mostra “Cultura & Saúde” e “Nanoarte” é uma de suas favoritas, ao destacar a riqueza de informações e a sutileza das apresentações. "Fiquei maravilhada com essa mostra. Ela me emocionou muito. A de Dona Ivone e as Mulheres da Saúde também me encantou. Conhecer a fundo a biografia e o legado das mulheres homenageadas me mostrou como as profissionais de saúde se doam às outras pessoas. É muito bonito de ver", relata Mônica.  

Jussara, por sua vez, destaca as exposições “SUS é para Valer” e “Saúde Indígena: Respeito e Cuidados” como as mais impactantes. “Das mais recentes, a “Zé Gotinha do Brasil” me emocionou bastante”, comenta ela.

"Sou muito feliz por trabalhar com aquilo que amo. Atuar nas revisões dos textos, acompanhar as itinerâncias das mostras pelos estados brasileiros, supervisionar ou realizar as montagens, ouvir os feedbacks: tudo isso é extremamente gratificante para mim. Amo participar das exposições”, confessa Mônica. 

Reconhecimento através da placa comemorativa 

A oficialização do túnel como Espaço Cultural Dona Ivone Lara aconteceu por meio da Portaria GM/MS Nº 3.463, de 28 de março de 2024. A inauguração da placa comemorativa ocorreu com a presença de familiares da artista e ex-servidora do Ministério da Saúde. Na ocasião, também foi aberta a mostra “Dona Ivone Lara e Mulheres da Saúde”, a 19ª exposição do túnel.

Para Jussara, a placa é um marco significativo. "Ter um nome é um registro que eterniza o espaço como um ponto de cultura e memória. Além disso, mesmo após a exposição atual, a placa estará lá, destacando a relevância de Dona Ivone Lara para a saúde e para a cultura brasileira", comenta. 

Mônica complementa. "A placa é importantíssima para marcar o local como espaço cultural, como lugar expositivo. É muito simbólico. Demarca que ali se difunde cultura e arte", observa. 

Inauguração da placa comemorativa, que oficializa o túnel como Espaço Cultural Dona Ivone Lara (Foto: Julia Prado/MS).

Ministério da Saúde aberto ao público  

Desde 2019, com a exposição “Cultura & Saúde”, o Centro Cultural passou a propor mostras com caráter mais artístico, com o objetivo de produzir um conteúdo que pudesse dialogar com um maior número de pessoas, tanto do público interno como externo, o que inclui os trabalhadores, mas também os visitantes e os que acessam o conteúdo por meio dos sites e redes sociais do ministério. 

Em 2023, o CCMS iniciou um processo para formar mediadores entre os trabalhadores do Ministério em Brasília, com o objetivo de aumentar o número de visitas mediadas realizadas para os públicos interno e externo, bem como enriquecer a experiência.      

"As visitas mediadas atuais, abertas à sociedade, são muito importantes. Temos que ir além do Ministério da Saúde, as portas do órgão precisam estar sempre abertas aos cidadãos", afirma Jussara.   

Memória institucional  

Jussara destaca ainda a importância crucial da preservação da memória institucional para o futuro. "É fundamental valorizar os trabalhadores da saúde e documentar cada história da saúde pública brasileira. Quanto mais registros tivermos - seja em imagens, textos ou depoimentos -, melhor será para manter viva essa memória. Acesso facilitado à memória é essencial para pesquisa e para garantir que as gerações futuras conheçam a memória do CCMS e entendam a evolução do SUS e das políticas públicas de saúde", enfatiza Jussara.  

“Vale lembrar que as exposições no túnel também estão de acordo com o princípio norteador do centro cultural do ministério de dar acesso à informação em saúde de forma democrática. Sempre recebemos muitos elogios", finaliza Mônica.  

Retrospectiva das exposições realizadas:

Flávia Menna Barreto
Ministério da Saúde