Notícias
VACINA CONTRA RAIVA
Saúde lança estratégia de vacinação pré-exposição contra a raiva para comunidades da Amazônia Legal
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), promoveu, nesta quarta-feira (18), um webinário para apresentar a Nota Técnica Conjunta Nº160/2024, que traz orientações e amplia a vacinação pré-exposição contra a raiva em áreas ribeirinhas e de difícil acesso, especialmente na região amazônica. A medida busca prevenir surtos da doença, reconhecida como a mais letal que existe, com taxas de mortalidade próximas a 100%.
O evento, transmitido pelo Canal da SVSA, contou com a participação de especialistas e representantes de diversas áreas da saúde pública, incluindo o Programa Nacional de Imunizações, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) e a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), com o apoio técnico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa).Durante o encontro, discutiu-se a gravidade da doença e a necessidade de implementar estratégias que garantam os princípios de equidade e acessibilidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
Francisco Edilson, Coordenador-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial, enfatizou o impacto positivo da vacinação pré-exposição em populações mais vulneráveis. “Essa ação é um marco para o SUS porque leva estratégias para quem mais precisa e está em maior risco. A vacinação pré-exposição é uma barreira essencial para proteger essas comunidades e prevenir surtos graves, como já vimos no passado”, disse.
A vacinação pré-exposição é essencial para populações que residem em áreas remotas, onde o acesso ao tratamento pós-exposição é limitado. A raiva, frequentemente transmitida por morcegos hematófagos, já causou surtos fatais na região amazônica, afetando principalmente crianças. As características dessas localidades tornam difíceis as ações de saúde convencionais. A profilaxia pós-exposição, embora seja uma estratégia eficaz e de baixo custo em áreas de fácil acesso, não é viável para aqueles que vivem em regiões isoladas e em constante contato com a vida selvagem. Muitas vezes, essas pessoas não conseguem chegar a tempo para receber o tratamento adequado.
A nova nota técnica foi construída com base em experiências de estados como Pará e Amazonas, que enfrentaram surtos graves nos últimos anos. Estudos realizados em parceria com a Opas e o Panaftosa contribuíram para embasar a decisão, destacando a necessidade de incluir a vacinação preventiva no arsenal já utilizado pelas equipes locais de saúde. “Não queremos alterar a rotina das equipes que atendem essas populações, mas sim integrar a vacina nas ações já realizadas, como parte do cuidado contínuo. Essa é uma resposta adaptada às realidades locais, garantindo que todos tenham acesso à prevenção”, explicou o coordenador.
Além da vacinação, o Ministério da Saúde pretende discutir em 2025 estratégias complementares para mitigar os ataques de morcegos hematófagos, uma das principais fontes de transmissão do vírus em áreas rurais e ribeirinhas. “Quanto mais barreiras criarmos, menores serão os riscos. A vacinação pré-exposição é apenas uma parte da solução. Estamos comprometidos em oferecer proteção completa para essas populações, respeitando suas especificidades e desafios”, afirmou Edilson.
Com essa medida, a pasta deseja reduzir desigualdades no acesso à saúde, levando ações de alta relevância a comunidades historicamente negligenciadas. “A ampliação da vacinação pré-exposição contra a raiva é mais um passo na construção de um SUS inclusivo e efetivo, capaz de responder às necessidades de sua população de forma equitativa”, concluiu o coordenador.
João Moraes
Ministério da Saúde