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CONTRA O MOSQUITO
Saiba como eliminar os criadouros escondidos do Aedes aegypti e prevenir a dengue
Foto: Josué Damacena/Fiocruz
O controle do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya, Zika e febre amarela urbana, exige vigilância constante e ações práticas no dia a dia. A bióloga e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Denise Valle, alerta sobre a importância de não subestimar a presença de criadouros em casa.
"Ao contrário de outros mosquitos, a fêmea de Aedes aegypti espalha os ovos por muitos lugares, em geral próximos uns dos outros. Por isso, encontrar larvas em um ponto da residência é um indicativo de que outros focos podem existir. Por isso, a busca deve ser contínua e cuidadosa. Não basta eliminar um criadouro; é fundamental verificar toda a área regularmente," explica Denise.
Vale destacar que a cada cinco criadouros de Aedes, quatro estão localizados em ambientes domésticos.
Focos escondidos: um perigo silencioso
Muitas pessoas associam os criadouros do mosquito a locais com água visível e acessível, como pratos de plantas ou baldes no quintal. Contudo, há focos “escondidos” que frequentemente passam despercebidos.
Segundo a pesquisadora, "os criadouros suspensos, como calhas, bandejas de ar-condicionado, lajes empoçadas e caixas d’água, são locais ideais para a reprodução do mosquito e precisam ser inspecionados com atenção".
A recomendação é que essa inspeção seja feita, pelo menos, uma vez por semana. O ciclo de transformação do ovo em mosquito adulto ocorre em cerca de 7 a 10 dias, o que torna a periodicidade fundamental para interromper a proliferação. Quando a temperatura está elevada, este ciclo pode ser ainda mais veloz.
Descarte correto de larvas e pupas
Ao encontrar larvas e pupas, é importante eliminá-las de forma eficaz. Jogá-las em ralos, pias ou privadas não resolve o problema, pois esses locais levam as larvas para outros locais com água, ou seja, podem servir como novos criadouros.
A maneira mais eficiente de descartá-las é em superfícies secas, como terra, gramado, cimento ou asfalto. "As larvas e pupas não sobrevivem em ambientes secos, o que garante sua eliminação completa," orienta Denise.
Cuidado com os ovos do mosquito
Os ovos de Aedes aegypti possuem uma característica especial: podem resistir até um ano em ambientes secos e eclodir ao entrar em contato com água. Por isso é especialmente importante tomar cuidado com as chuvas: ovos que estavam guardados há muito tempo podem ter contato com a água nos criadouros e dar origem a larvas em muito pouco tempo.
Para eliminar esses ovos, é recomendado esfregar a superfície onde eles estão fixados, utilizando a parte abrasiva de uma esponja. Essa ação ajuda a esmagar os ovos e impede que eles se transformem em mosquitos.
Um compromisso de todos
O controle do mosquito requer a participação da população. Inspecionar, eliminar focos e descartar corretamente larvas, pupas e ovos são atitudes que, além de simples, salvam vidas. É mais fácil eliminar larvas, pupas e ovos, que estão confinados, do que mosquitos adultos, que voam.
Além disso, só mosquitos adultos podem transmitir o vírus. Então, quando olhamos e eliminamos os criadouros uma vez por semana, estamos colaborando para evitar a formação de adultos e, portanto, a transmissão dos vírus.
"A vigilância ativa é a principal ferramenta para controlar o mosquito e evitar a transmissão de doenças. Cada pequeno gesto faz a diferença," finaliza Denise Valle.
Ações importantes no dia a dia:
- Realize inspeções semanais nos criadouros, incluindo locais elevados e pouco acessíveis;
- Elimine larvas e pupas em superfícies secas;
- Esfregue as paredes de recipientes com água acumulada para eliminar ovos resistentes;
- Mantenha caixas d’água, tonéis e outros reservatórios bem vedados e limpos: certifique-se de que estão devidamente tapados para impedir a entrada do mosquito;
- Coloque areia nos pratos de vasos de planta: a areia absorve a água, evitando que se torne um criadouro;
- Amarre bem os sacos de lixo: lixos mal fechados podem acumular água e atrair o mosquito;
- Não acumule sucata e entulho: materiais descartados podem reter água e servir de foco para o mosquito.
Edjalma Borges
Ministério da Saúde