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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
Lançado serviço de telecuidado para pessoas que vivem com hipertensão arterial pulmonar
O Ministério da Saúde lançou, em julho deste ano, um novo serviço de telecuidado farmacêutico para pessoas que vivem com hipertensão arterial pulmonar (HAP). O serviço, pioneiro no acompanhamento de pacientes, avalia o processo de uso dos medicamentos e monitora a titulação do medicamento selexipague, um processo de ajuste gradual da dosagem do medicamento para garantir que cada paciente receba a dose mais efetiva e segura, promovendo um cuidado integrado e de qualidade.
Essa iniciativa, vista como um avanço significativo na assistência farmacêutica, busca garantir não apenas o acesso ao tratamento, mas também um cuidado integral durante todo o processo de uso do medicamento. O projeto segue o Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas da Hipertensão Pulmonar, que definem os critérios para diagnóstico, tratamento e regulação.
O selexipague, fornecido pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) e pertencente ao grupo 1B de financiamento, requer uma titulação cuidadosa que pode durar até oito semanas, ou até que a dose máxima de 1. 600 micrograma duas vezes ao dia seja atingida. Durante este período, pacientes realizarão teleconsultas semanais com farmacêuticos do telessaúde, além de teleinterconsultas médicas quando necessário, para monitorar e manejar eventos adversos e ajustar a dosagem.
“O novo serviço de telecuidado farmacêutico visa garantir o acesso ao medicamento e um acompanhamento farmacoterapêutico contínuo para as pessoas que vivem com HAP”, afirma o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), Marco Aurélio Pereira. “Esse processo proporciona um cuidado integral, essencial para garantir a efetividade e segurança do tratamento, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, acrescenta o coordenador do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, Roberto Eduardo Schneiders.
O projeto piloto, desenvolvido pela Sectics em parceria com a Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidigi), os núcleos de telessaúde das universidades federais de Goiás (UFG) e de Minas Gerais (UFMG), e acompanhado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), foi realizado com a participação das secretarias estaduais de Saúde do Espírito Santo e Paraná. “Estamos confiantes de que essa iniciativa é inovadora e representa um marco na implementação do cuidado farmacêutico no SUS, impactando diretamente na saúde das pessoas que vivem com HAP”, complementa Marco Aurélio Pereira.
Inicialmente, o piloto contou com três pacientes, e posteriormente mais treze foram incluídos, totalizando dezesseis pacientes em monitoramento. À medida que mais secretarias de saúde finalizam o processo de aquisição do medicamento, espera-se que mais pacientes possam se beneficiar do serviço. Portanto, a proposta é que, após a fase-piloto, secretarias estaduais e municipais de saúde passem a ofertar o serviço.
Este é o primeiro serviço desse tipo no Brasil e poderá ser expandido para incluir outros medicamentos futuramente.
Hipertensão arterial pulmonar (HAP)
A hipertensão arterial pulmonar é uma doença rara e grave que causa o estreitamento das artérias nos pulmões, dificultando a circulação sanguínea e sobrecarregando o coração. Seus sintomas incluem falta de ar, cansaço, dor no peito e desmaios. De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a HAP afeta entre 10,6 e 16 pessoas por milhão de habitantes, com novos casos surgindo a uma taxa de 1,9 a 3,7 por milhão. Sem o tratamento adequado, a doença pode levar a complicações graves e até à morte. O tratamento disponível no Ceaf inclui medicamentos como ambrisentana, bosentana, iloprosta, sildenafila e selexipague, que são prescritos conforme o estado clínico do paciente.
Sobre o selexipague, durante a titulação, a dosagem é aumentada gradualmente até que o paciente apresente eventos adversos intoleráveis ou até que a dose máxima seja atingida. O serviço de telecuidado farmacêutico consiste em teleconsultas semanais de acompanhamento farmacoterapêutico em que a equipe monitora os eventos adversos e maneja o aumento da dose do medicamento, avaliando a satisfação do paciente e parâmetros clínicos. Após a definição da dose de manutenção, o telessaúde continuará a realizar teleconsultas farmacêuticas mensais por seis meses.
Com a implementação deste serviço de telecuidado farmacêutico, o Ministério da Saúde dá um passo importante na modernização da assistência às pessoas com hipertensão arterial pulmonar, estabelecendo um novo padrão de acompanhamento e suporte contínuo. A inovação não apenas promove um cuidado mais eficiente e personalizado, mas também abre portas para futuras expansões, potencialmente beneficiando mais pacientes. A experiência adquirida com o projeto piloto será fundamental para aprimorar as práticas de telessáude e garantir que cada paciente receba o tratamento adequado, contribuindo para uma gestão mais eficaz e integrada das doenças raras e complexas no Brasil.
Susi Morais
Ministério da Saúde