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YANOMAMI
“É um marco para a saúde indígena”, diz Nísia Trindade sobre centro de referência em Surucucu
A ministra falou via internet. Ela sobrevoou Surucucu durante a manhã, mas, devido às fortes chuvas, a aeronave da FAB não teve condições de pousar no local. (Foto: Walterson Rosa/MS)
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, voltou a defender o fortalecimento da assistência aos indígenas e afirmou que o novo centro de referência em Surucucu (RR) é um marco para o povo Yanomami.
“Este será um centro fundamental para se ter condições de atender e realizar os procedimentos, como estabilização dos pacientes e exames, para que não seja preciso deslocar os pacientes para Boa Vista. Estamos dando um passo muito importante, é um marco”, destacou.
A declaração foi dada nesta terça-feira (27), via internet, durante o lançamento da construção do novo centro de referência de saúde indígena Yanomami. A ministra sobrevoou Surucucu durante a manhã. Porém, devido às fortes chuvas, a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) não teve condições de pousar no local.
Nísia, durante o ato, ela reiterou que o investimento na saúde indígena é uma das prioridades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Temos feito um trabalho intenso que é liderado pelo presidente Lula. Nosso trabalho não é feito para o povo Yanomami, mas sim, com o povo Yanomami”, concluiu.
A obra, parte de um acordo de cooperação técnica, contará com investimento de R$ 23 milhões, sendo R$ 15 milhões do Ministério da Saúde e outros R$ 8 milhões da Central Única das Favelas (Cufa) e da ONG alemã Target Reudiger Nehberg.
Cerca de 10 mil indígenas serão beneficiados em 60 comunidades do território. O novo centro de referência comportará 54 profissionais de saúde.
No lançamento da pedra fundamental, nesta terça, foram plantadas árvores no local.
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, que também participou via internet, frisou que a construção do novo centro é mais uma resposta para combater a crise humanitária causada pelo garimpo ilegal. “Essa é uma sinalização clara do investimento na saúde indígena e que vai contribuir com o atendimento do povo Yanomami”, salientou.
Participaram da cerimônia o líder indígena Junior Yanomami; o presidente da Cufa, Preto Zezé; o representante da ONG Target Reudiger Nehberg, Bryan Reis; o coordenador do Distrito Sanitário Indígena Yanomami, Marcos Pellegrini; entre outras lideranças.
O Polo Base Surucucu é o local onde foi demarcado oficialmente o Território Indígena Yanomami em 1992. Este local é crucial para a preservação da cultura e da saúde das comunidades indígenas locais.
A obra
Serão reformadas e ampliadas as instalações físicas existentes, adaptando-as às necessidades de atendimento e aos padrões de qualidade estabelecidos, bem como aos programas de necessidades apresentados por profissionais de saúde atuantes na unidade.
Além disso, serão construídas novas edificações para alojamento de profissionais de saúde, refeitório e cozinha, garantindo melhores condições de trabalho e acolhimento aos usuários. Também serão implantados sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e tratamento de resíduos, garantindo a segurança e a higiene do ambiente, além de equipar o Centro de Referência com os recursos materiais e tecnológicos necessários para a prestação de serviços de saúde de qualidade.
Para não paralisar os atendimentos, foram construídos alojamentos provisórios para pacientes por meio da Sesai. O Exército e a ONG Médicos Sem Fronteiras disponibilizaram barracas e tendas de atendimento voltadas para a assistência durante a empreitada.
Fortalecimento da saúde Yanomami
O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 390 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, foram implementadas diversas ações emergenciais para reestruturar a saúde indígena no local, que sofreu um desmonte entre 2019 e 2022.
O Ministério da Saúde notificou queda de 33% no número de mortes no povo Yamomami. No primeiro trimestre de 2024, foram 74 óbitos. No mesmo período de 2023, os registros alcançaram 111. Os dados preliminares indicam que houve queda nos números de mortes causadas por: desnutrição (-71%), infecções respiratórias agudas (-59%) e malária (-50%).
O Ministério da Saúde reabriu sete polos base. Com isso, 5,2 mil indígenas voltaram a ter acesso à assistência. Atualmente, todas as 37 unidades estão em funcionamento. O número de profissionais de saúde atuando no território Yanomami subiu 116%. Passou de 690, no início de 2023, para 1.497 agora.
Otávio Augusto
Ministério da Saúde