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INOVAÇÃO
Saúde disponibilizará tratamento contra a malária para crianças
Foto: Lean Morgado/MS
O Ministério da Saúde está finalizando as tratativas para disponibilizar tratamento contra a malária causada pelo Plasmodium falciparum. A associação artesunato + mefloquina, conhecida como ASMQ, é produzida no Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), uma unidade da Fiocruz. Inicialmente deverão receber a medicação crianças do território indígena Yanomami e, posteriormente, será disponibilizada para o restante do país.
Esta é uma das ações da pasta na semana em que se celebra o Dia Mundial da Luta contra a Malária (25/4).
O AMSQ foi incorporado ao Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária e disponibilizado pelo SUS em 2009, mas teve sua fabricação interrompida em 2021. Em 2023, foram fabricados e disponibilizados no SUS, 254,4 mil unidades do medicamento para maiores de 12 anos. Agora em 2024, Farmaguinhos retomou a produção do ASMQ para menores de 12 anos.
O medicamento, cuja formulação foi totalmente desenvolvida nas instalações de Farmanguinhos, é considerado eficaz no combate à malária causada pelo parasita Plasmodium falciparum. Ele associa as substâncias cloridrato de mefloquina e artesunato, antes administradas separadamente contra a doença.
A combinação resulta em baixos índices de efeitos colaterais, maior adesão dos pacientes e utilização de menores doses de comprimidos, possibilitando uma cura mais rápida.
Avanço estratégico
O ASMQ é usado uma vez ao dia durante 3 dias, diferentemente do artemeter + lumefantrina disponível, utilizado duas vezes ao dia durante 3 dias. Ele, portanto, melhora a adesão medicamentosa.
O diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, explica que a facilidade do uso é um avanço estratégico para o controle da doença. “O tratamento é simples, com utilização de menor quantidade de comprimidos e com menos efeitos colaterais. No primeiro dia, o paciente já sente melhora acentuada. Na minha avaliação, nos últimos 15 anos, esse é o maior avanço no tratamento da malária, pela facilidade da adesão e, em especial, a velocidade da recuperação”, comenta.
Jorge salienta que a regulamentação do tratamento no Brasil ocorreu após esforço do Ministério da Saúde. O tratamento surgiu em 2008 em um consórcio internacional e acumula grande sucesso em países africanos.
Tafenoquina
Ainda no enfrentamento da malária, a pasta aprimorou a capacidade de atendimento no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami e na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista.
A ação, realizada de 19 de março a 19 de abril, incluiu capacitação sobre o tratamento com foco na implementação da tafenoquina, que teve a incorporação no SUS anunciada em junho de 2023. Foram capacitados 215 profissionais de saúde. Em março último, ela foi implementada no DSEI Yanomami.
A tafenoquina é um tratamento de dose única (dois comprimidos) para a malária causada pelo Plasmodium vivax, a mais frequente no país. A medicação deve ser administrada conjuntamente com cloroquina. A tafenoquina só pode ser administrada após realização de teste para identificar a atividade da enzima glicose-6-fosfato-desidrogease (G6PD). E, no momento, só deve ser usada por pacientes maiores de 16 anos de idade, acima de 35kg, não grávidas, não lactantes, com mais de 70% de atividade da enzima G6PD e em um caso considerado novo.
A malária
A pasta classifica os adoecimentos por malária como situação de emergência em saúde pública. De janeiro a março deste ano, já foram notificados 33.688 casos da doença em território nacional.
Ministério da Saúde