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SAÚDE & BEM-ESTAR
Onda de calor: seminário reuniu especialistas do Mercosul para discutir mudanças climáticas
Em resposta à crescente preocupação em relação aos impactos do fenômeno El Niño na saúde pública, o Ministério da Saúde organizou o Seminário Internacional denominado "El Niño: Impactos na Saúde dos Países do Mercosul". O evento ocorreu nesta segunda-feira (18), na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), em Brasília.
O seminário, organizado pelo Programa Vigidesastres, do Departamento de Emergências em Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, reuniu especialistas e representantes de diversos países do Mercosul, entre eles Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, para discutir o impacto das mudanças climáticas e a iminente onda de calor que assolará não apenas o Brasil, mas também nações vizinhas. O encontro realizou debates sobre os impactos do El Niño na saúde humana, nos serviços de saúde e uma abordagem das ações em desenvolvimento do setor Saúde dos países do Mercosul.
Na cerimônia de abertura, Agnes Soares da Silva, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, ressaltou a necessidade de as autoridades compreenderem a relação entre desastres naturais, mortes preveníveis e o meio ambiente. “As mudanças climáticas são apontadas como um fator crítico, tendo o El Niño como um exemplo das ameaças em constante crescimento. O aumento da temperatura global desempenha um papel fundamental na origem dessas mudanças climáticas, que persistirão mesmo após o término do episódio do El Niño”, destacou.
Rodrigo Frutuoso, consultor de Emergências da Opas/OMS, destacou o trabalho realizado pelo Ministério da Saúde frente à emergência decorrente das enchentes no estado do Rio Grande do Sul e enfatizou a preocupação da instituição em relação à questão das mudanças climáticas.
"Essa atividade de apoio ao Rio Grande do Sul pelo Ministério da Saúde ressalta os crescentes impactos dos ciclones tropicais no Brasil. Recentemente, testemunhamos emergências devido a incêndios no Amazonas e enfrentamos notícias de ondas de calor extremas, com temperaturas de 40 a 45 graus Celsius. Isso destaca a permanência das mudanças climáticas e a necessidade de nos adaptarmos a esse novo cenário”, explicou Frutuoso.
Durante o evento, Agnes também falou sobre a importância do aprimoramento da capacidade de prevenção e avaliação dos riscos relacionados a problemas de saúde pública. “É essencial abordar esses temas como questões de saúde pública e aprimorar nossa habilidade de prever, avaliar riscos e oferecer respostas, independentemente da complexidade envolvida. Tenho a convicção de que este seminário será extremamente produtivo, dada a participação de um grande número de pessoas e especialistas envolvidos”, concluiu.
El Niño
O El Niño é um fenômeno caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A expressão tem origem no espanhol e descreve a presença anual de águas quentes ao longo da costa norte do Peru durante a época natalina.
No Brasil, suas consequências abrangem áreas como seca, incêndios florestais, aumento das temperaturas e variações nos padrões de precipitação. Na região Nordeste, ocorrem secas de diversas intensidades. Na região Sudeste, há um aumento nas temperaturas médias e uma maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais. No Centro-Oeste, registram-se níveis de chuva acima da média. Já no Sul, são observadas chuvas abundantes e elevação da temperatura média.
A expectativa dos especialistas é que este fenômeno seja tão poderoso a ponto de possivelmente se classificar como um "Super El Niño". As previsões indicam que se trata de um evento de curta duração, com maior intensidade prevista para os meses de agosto de 2023 a fevereiro de 2024, com base nos dados disponíveis até o momento.
Ministério da Saúde