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SAÚDE BUCAL
Quando foi sua última visita ao dentista? Entenda como o Ministério da Saúde vai ampliar atendimentos
Foto: Laísa Queiroz/MS
A Política Nacional de Saúde Bucal - conhecida como Brasil Sorridente - conta com mais de 86 milhões de pessoas cadastradas e assistidas pela Atenção Primária à Saúde, entretanto, as iniquidades em saúde bucal ainda são expressivas. Embora o SUS tenha realizado, em média, 260 milhões de procedimentos odontológicos por ano na última década, não são as restaurações dentárias os procedimentos mais realizados. As exodontias (extrações dentárias) se apresentam como o procedimento cirúrgico mais demandado. Ao todo, em 2022, foram mais de 1,1 milhão de extrações dentárias em todo o Brasil, contra 335 mil restaurações.
Na semana em que o programa Brasil Sorridente comemora 19 anos, o Ministério da Saúde reforça o compromisso de ampliação das ações, como já destacado no discurso da ministra Nísia Trindade e também citado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Com capilaridade em mais de 5,2 mil municípios e equipe multidisciplinar, o Brasil Sorridente tirou o Brasil, entre 2004 e 2010, do grupo de países com média prevalência de cárie dentária para o grupo com baixa prevalência, de acordo com ranking da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A iniciativa nasceu em 2004, na gestão do primeiro governo Lula, quando foi oficializada a política que oferece serviços odontológicos de qualidade aos brasileiros. Antes da implementação do Brasil Sorridente, o principal suporte disponibilizado na rede pública era de extração dentária. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece promoção de cuidados, atendimento preventivo, recuperação dentária e inclusive atendimentos com detecção precoce do câncer de boca.
Médico sanitarista e atual titular da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps/MS), Nésio Fernandes destaca a importância das ações. "O aprimoramento dessa política é fundamental para oferecer atenção odontológica coletiva e individual de maneira integral à população brasileira. A saúde bucal é necessária para uma vida mais saudável e com autoestima”, defende. O secretário acrescenta que é necessário criar, (re)organizar e planejar as ofertas para a população em todos os níveis de complexidade, além de diminuir os agravos e más condições bucais, para que as práticas mutiladoras e curativas não se sobressaiam, em detrimento das que visam a preservação e qualidade da saúde.
A expectativa do atual governo para os próximos anos é de desenvolvimento de ações que vão para além daquelas realizadas nos consultórios odontológicos, com aumento e integração de atendimentos domiciliares, ações de promoção e prevenção em saúde bucal nas escolas e com populações específicas, como pessoas em situação de rua, quilombolas, assentados, ribeirinhos, indígenas e outros. O objetivo é priorizar a ampliação de novos padrões de acesso e abordagens das equipes, visando o cuidado integral dos brasileiros. “A gestão atual entende que é necessário ampliar a cobertura, assim como a qualidade da assistência à saúde bucal”, defende Nésio.
Fortalecimento da atenção primária
A Coordenação-Geral de Saúde Bucal, responsável pela gestão do programa, atua com o objetivo de contribuir para que o Brasil avance na mudança do modelo de atenção. Para isso, é necessário investir fortemente na formação de pessoal, tanto auxiliar em saúde bucal, quanto, sobretudo, técnico em saúde bucal, de forma a atender o quadro de profissionais em número suficiente para a incorporação nas equipes, especialmente as de 'modalidade II', que são compostas pelo profissional cirurgião-dentista; ou técnico em saúde bucal; e técnico em saúde bucal.
Além disso, um dos desafios é avançar no fortalecimento da Rede de Atenção à Saúde Bucal, com maior cobertura de Equipes de Saúde e Centros de Especialidades Odontológicas. Para orientar a tomada de decisões de melhorias do Brasil Sorridente, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde realiza a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, o SB Brasil. O estudo indica que entre 30% e 48% da população, variando de acordo com a faixa etária, necessita de algum atendimento odontológico. A secretaria avalia que o cenário foi agravado devido à crise sanitária da Covid-19 e, por isso, ampliar o atendimento e os serviços ao público será uma das metas da atual gestão.
Como conseguir atendimento?
Como porta de entrada, a população pode comparecer a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou às Unidades Odontológicas Móveis (UOM). Em casos de maior complexidade, há outros pontos de atenção, como Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD). Casos específicos também podem exigir atendimento odontológico a nível hospitalar.
Quais os serviços prestados?
As ações incluem promoção, prevenção, proteção e reabilitação de saúde em diferentes áreas da odontologia:
- Restauração;
- Cirurgia oral;
- Periodontia (tratamento de afecções de tecidos próximos aos dentes);
- Endodontia (lesões e doenças na raiz do dente);
- Estomatologia (principalmente a detecção precoce do câncer de boca);
- Prótese dentária;
- Odontopediatria;
- Ortodontia e urgência odontológica.
Os profissionais recebem crianças, adolescentes, adultos e idosos, além de gestantes e pessoas com deficiência.
Como a saúde bucal reflete no organismo humano?
A saúde bucal apresenta íntima relação com o estado de saúde geral do organismo. Por isso, é tão importante dedicar tempo e atenção às questões da boca. A proliferação de microrganismos na cavidade oral representa potencial risco para o desenvolvimento de diversas infecções que podem acarretar alterações sistêmicas. Além disso, problemas nas condições da saúde bucal podem acarretar exclusão social e impactar no adoecimento mental do paciente, abalando, inclusive, a autoestima. Em gestantes, as mudanças fisiológicas podem acarretar no aumento dos níveis de inflamação periodontais decorrentes dos níveis hormonais elevados e afetar o bom andamento da gestação.
Quais são os sinais de alerta?
Qualquer sintoma diferente da normalidade indica a necessidade de buscar um olhar especializado, conforme a presença das condições abaixo:
- Tártaro
A placa bacteriana é uma película pegajosa e incolor formada por bactérias e restos de alimentos presentes na boca. Quando não removida totalmente, por meio de uma boa higiene bucal, pode incorporar minerais e ficar endurecida, formando o tártaro, que fica aderido ao dente e só pode ser removido pelo cirurgião dentista.
- Gengivite
O acúmulo da placa bacteriana também causa alterações na gengiva, que pode ficar inchada, dolorida e até mesmo sangrar de forma espontânea e/ou na hora de escovar os dentes e passar o fio dental. Com o uso contínuo de fio dental e de uma boa escovação, em conjunto com visitas regulares ao dentista, é possível reverter o quadro.
- Cárie
Ingerir com frequência alimentos que contenham açúcar faz com que microorganismos presentes na placa bacteriana liberem substâncias que destroem o dente, provocando a cárie dentária. Além de ter uma dieta com menor quantidade de açúcares, é importante realizar diariamente a higiene bucal para remover restos de alimentos e, desta forma, controlar a quantidade de microrganismos da boca.
- Mau hálito
A principal causa do mau hálito é a falta de limpeza da língua. Dessa forma, se faz necessário limpá-la na tentativa de “varrer” a sujeira, de dentro para fora. É importante lembrar de realizar a limpeza da língua todas as vezes que higienizar a boca.
- Outros
Além desses agravos, existem outros que podem não apresentar relação com a condição de higiene bucal do indivíduo, como por exemplo, as lesões não cariosas. Essas lesões podem ser originadas por inúmeras causas, tais como: tensões nos dentes que ultrapassam seu limite de resistência ou corrosão da estrutura dentária por ácidos e/ou atrito na superfície do dente. A hipersensibilidade dentitária é outro agravo que vem atingindo grande parte da população e que gera sensibilidade exagerada a estímulos térmicos, químicos e táteis. É importante que haja acompanhamento com profissionais de saúde, para se obter o correto diagnóstico e tratamento dessa condição.
Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde