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ATENÇÃO PRIMÁRIA
Profissionais do 26º ciclo dos Mais Médicos participam de evento de acolhimento
Fotos: Walterson Rosa/MS
Os profissionais do 26º ciclo do Programa Mais Médicos foram acolhidos pelo Ministério da Saúde, em evento realizado pelas secretarias de Atenção Primária à Saúde (Saps) e de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília, nesta segunda-feira (13). Vinte e nove Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (Dsei) do País vão receber, a partir deste mês, 117 novos médicos de família do programa de provimento.
O “Mais Médicos: acolhimento aos profissionais do 26º ciclo” segue até sexta-feira e, além de dar as boas-vindas aos médicos escolhidos no edital, tem o objetivo de preparar os profissionais para a missão de recuperar a atenção primária nos territórios indígenas.
Alguns dos médicos chamados neste edital participaram do Programa Mais Médicos e já atenderam comunidades indígenas, e por isso trazem suas experiências para o evento. É o caso da médica de família Pepita Parada Eguez, especialista em saúde indígena. Pepita integrou o ciclo 17, trabalhando no DSEI Alto Rio Negro de 2019 a 2022, e agora está voltando para trabalhar junto à mesma comunidade indígena em São Gabriel da Cachoeira-AM.
“Para quem já foi do programa e trabalhou na Atenção Básica, mas não com saúde indígena, esse acolhimento é um divisor de águas. Porque existem particularidades que são completamente diferentes na saúde indígena. A assistência é realmente especial, são povos que aos nossos olhos são ‘primitivos’, mas têm muito conhecimento na medicina tradicional que a gente tem de levar em conta e respeitar”, destaca a médica.
Pepita explica também os desafios e a importância de as comunidades indígenas estarem inseridas na Atenção Primária. “Esse primeiro atendimento é o que nos dá o diagnóstico situacional, daquela região, da comunidade que estamos atendendo. E como muitas vezes são várias etnias em uma mesma região, é preciso todo um trabalho com intérpretes para fazer com que todos possam ser atendidos e entendam a importância da prevenção, de cuidar da saúde”.
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O secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, destacou durante a mesa de abertura do evento que indígenas estão morrendo por condições preveníveis e que, agora, essas comunidades estarão englobadas na atenção primária. Segundo Nésio, o chamamento realizado pela Pasta traz médicos brasileiros e naturalizados com formação no exterior, o que simboliza a união por um país mais digno.
“Aquele que é brasileiro nascido no Brasil, aquele que não é nascido aqui, todos estão sendo chamados para construir um país com justiça social, a construir um sentimento de unidade internacionalista. Nós precisamos entender que o Brasil de hoje está sendo convocado a ser um país unido, para que possamos construir uma pátria civilizada”.
Nésio ainda ressaltou que o cuidado primário é urgente nesses territórios que foram negligenciados nos últimos anos. “Os indígenas Yanomamis não estão morrendo de diabetes, nem de hipertensão, não estão morrendo das doenças da vida urbana. A causa das mortes dos nossos povos originários é fome, desnutrição, infecção respiratória e malária. As intervenções incluem acesso a medicamentos e internação oportuna, comida, dignidade e valor à vida humana”.
26º ciclo do Mais Médicos
O 26º ciclo disponibilizou 152 vagas para os DSEISs, dos quais seis foram ocupadas por médicos com CRM (com registro nos Conselhos Regionais de Medicina do País), enquanto o restante foi para brasileiros formados no exterior.
“É um evento de acolhimento para os profissionais do Mais Médicos que já participaram do programa em outros momentos, mas estão encarando um desafio novo que é a saúde indígena. É um acolhimento específico para explicar a situação da saúde indígena, as formas diferentes de abordagem, as relações interculturais, doenças mais prevalentes nos territórios, enfim, as situações específicas, como a que acontece no território Yanomami e que vai receber médicos desse ciclo”, explica Wellington Carvalho, coordenador-geral de Provimento Profissional.
O edital do 26º Ciclo havia sido publicado em julho de 2022, mas está sendo concluído na atual gestão. Os primeiros grupos de intercambistas, aqueles que já passaram pelo programa e pelo módulo de acolhimento e avaliação, chegam às áreas indígenas já nos próximos dias. Os demais ainda vão passar pela formação e protocolos para estarem aptos a atender os municípios indicados.
Luciano Marques/Saps/MS