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MAIO AMARELO
Taxa de internação entre motociclistas tem maior alta em 10 anos
Foto: Internet
A taxa de internação de motociclistas, considerando a rede SUS e conveniada, teve o maior aumento em uma década entre os anos de 2020 e 2021: passou de 5,5 por 10 mil habitantes para 6,1. Esse é o dado mais recente sobre o tema, explicitado no Boletim Epidemiológico ‘Cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito’ do Ministério da Saúde.
Segundo o documento, o número absoluto de internações por esse motivo subiu de 70.508 em 2011 para 115.709 em 2021. Isso representa um crescimento de 55% da taxa em dez anos, com uma variação de 3,9 por 10 mil habitantes em 2011 para 6,1 em 2021. Ainda de acordo com a análise técnica, o período de maior crescimento das internações coincidiu com a retomada das vendas de motocicletas no Brasil.
Segundo o Registro Nacional de Veículos Automotores, a quantidade de veículos de duas ou três rodas cadastrados era 18,4 milhões em 2011 e atingiu 30,3 milhões em dezembro de 2021, uma ampliação de 64,7%. “O tamanho da frota de motocicletas no País possui grande influência nos números de acidentes e internações com motociclistas”, reforça Maria Del Carmen Molina, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde.
A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), informa que havia uma tendência de redução de vendas a partir de 2011, mas ela foi revertida em 2020 com o início da pandemia de Covid-19 e a demanda por serviços de entregas.
Maria Del Carmen enfatiza que, para que ocorra mudança no cenário de acidentes, é necessário um esforço conjunto do governo, dos usuários de motocicletas e da sociedade como um todo. Ela ressalta a importância de motociclistas evitarem os fatores de risco para lesões ou mortes no trânsito. “Alguns comportamentos de risco são: o não uso de capacete e de vestimenta apropriada, direção sob o efeito de álcool, excesso de velocidade e condução imprudente ou agressiva”, alerta.
Mais de 88% das vítimas fatais são homens
Os homens representaram 88,1% das vítimas fatais de acidentes do tipo em 2021. Isso significa um risco relativo 7,4 vezes maior que para o sexo masculino que o risco para o sexo feminino. Os fatores de risco citados por Del Carmen também são significativos para essa diferença.
De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2021 e lançada no ano passado, 5,3% dos adultos das capitais brasileiras admitiram dirigir após consumir qualquer quantidade de bebida. A diferença entre os gêneros é grande: 9,7% entre os homens e 1,6% entre as mulheres.
Esse resultado também foi observado na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), promovida em 2019: a proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que dirigiram (carro ou motocicleta) logo depois de consumir bebida alcóolica foi de 17%, sendo maior entre homens (20,5%) do que entre as mulheres (7,8%).
Adicionalmente, a PNS 2019 demonstrou que 16,8% dos homens acima de 18 anos referiu não usar capacete quando conduziam de motocicleta. “O uso rotineiro do capacete para motociclistas é comprovadamente eficaz para reduzir a mortalidade e os acidentes graves”, destaca diretora Maria Del Carmen.
Segundo a Abraciclo, os homens também são os principais compradores de motocicletas e foram responsáveis por 62% dos contratos fechados em 2022. O sexo masculino também é a maioria entre os condutores habilitados para veículos de duas ou três rodas, representando 76% das pessoas que possuem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A.
Mortalidade
O total de mortes de motociclistas, homens e mulheres, em lesões no trânsito apresentou estabilidade entre 2011 (11.485 óbitos) e 2021 (11.115 óbitos). No entanto, os óbitos de motociclistas eram 26,6% do total das mortes no trânsito em 2011 e passaram a ser 35,3% em 2021.
De 2014 até 2019, a taxa de mortalidade de motociclistas estava em queda e só tinha aumentado uma única vez, passando de 5,8 por 100 mil habitantes em 2016 para 5,9 em 2017. Entretanto, de 2019 para 2020, registrou a maior alta desde 2012, passando de 5,3 por 100 mil habitantes em 2019 para 5,7 em 2020.
A análise relativa às motocicletas se justifica já que esse é o principal meio de transporte responsável por vítimas fatais e internações por lesões no trânsito, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Em 2020, foram 12.011 óbitos de motociclistas, 7.849 ocupantes de veículos, 5.962 vítimas de condição especificada, 5.120 pedestres e 1.352 ciclistas. Salvos os casos não especificados, as mortes de motociclistas foram as únicas que apresentaram variação positiva entre 2019 e 2020.
Ações
O Ministério da Saúde desenvolveu o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant). O documento aborda agravos relacionados aos motociclistas. A publicação estabelece a meta, alinhada a organismos internacionais, de reduzir em 50% a taxa de mortalidade deste público até 2030.
Para que essa meta seja alcançada, foram definidas ações estratégicas a serem desenvolvidas pela pasta em conjunto com estados, Distrito Federal e municípios. “Para a execução de muitas dessas atividades, será fundamental a articulação intersetorial e interfederativa”, ressalta Del Carmen.
Outra iniciativa do Ministério da Saúde é o Projeto Vida no Trânsito, implantado desde 2010. A ação busca subsidiar gestores no fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito, por meio da qualificação de informações, planejamento, intervenções, monitoramento e avaliação das intervenções.
A pasta também financia o projeto piloto Tecnologia de Rápido Acesso de Dados Unificado para Mitigação da Acidentalidade (Trauma), que tem por objetivo estruturar a integração e o compartilhamento de informações entre serviços de atendimento, utilizando uma base de dados unificada e com atualização instantânea. Essa tecnologia permitirá um monitoramento ágil de indicadores, que auxiliará na definição de prioridades e a orientar as ações de prevenção e assistência.
Ministério da Saúde