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INICIATIVA INTERMINISTERIAL
Doenças socialmente determinadas: saiba mais sobre a filariose linfática
Popularmente conhecida como “elefantíase”, a filariose linfática é a doença de determinação social mais próxima da eliminação no Brasil. Após 2003, com a aplicação da estratégia de um intenso tratamento coletivo, o percentual de casos positivos foi reduzido a quase 0% a partir de 2012. Um acompanhamento sistemático é feito por agentes do Sistema Único de Saúde (SUS) em casos focais remanescentes localizados em bairros mais precários nas cidades de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista, todos na Região Metropolitana da capital pernambucana.
Considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo, a filariose é causada pelo verme Wuchereria Bancrofti e transmitida pela picada pela fêmea do mosquito Culex quiquefasciatus, conhecido como pernilongo ou muriçoca, desde que esteja infectado com larvas do parasita. O nome popular da doença é devido a inflamações com acúmulo anormal de líquidos nos vasos linfáticos, causando inchaço dos braços, pernas, seios e testículos, que podem levar à incapacidade. Quando a doença é detectada, o tratamento é feito por um medicamento antiparasitário disponibilizado pelo SUS.
Como atualmente não há municípios com transmissão sustentada para a filariose no Brasil, o país encontra-se em fase de verificação da eliminação da transmissão. O Ministério da Saúde busca obter o certificado da eliminação da doença como problema de saúde pública junto à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Saiba mais sobre a filariose linfática
CIEDS
De forma inédita, nove ministérios se reuniram para elaborar estratégias de eliminação de doenças que acometem, de forma mais intensa, as populações de maior vulnerabilidade social. O Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS) foi instalado no início do mês de junho.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, o grupo irá funcionar até janeiro de 2030. Dados da pasta apontam que, entre 2017 e 2021, as doenças determinadas socialmente foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. O plano de trabalho inicial inclui enfrentar 11 dessas enfermidades – como malária, esquistossomose, Doença de Chagas e hepatites virais - além da transmissão vertical da sífilis, hepatite B e do HIV. Essa estratégia está prevista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A meta é que a maioria dessas doenças sejam eliminadas como problema de saúde pública – são elas: Doença de Chagas, malária, hepatites virais, tracoma, filariose, esquistossomose, oncorcercose e geo-helmintíases. Para outras enfermidades, como tuberculose, HIV e hanseníase, o objetivo é atingir as metas operacionais de redução e controle propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) até 2030. Já para doenças como HIV, sífilis e hepatite B, a meta é eliminar a transmissão vertical, ou seja, quando a doença é passada de mãe para filho.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, defende que a iniciativa é uma ação abraçada por todo o governo federal e, também, uma importante relação entre governo e sociedade civil. “Não é possível pensar o Ministério da Saúde sem abrir essa grande angular, para que nela possa caber um país com tantas desigualdades, mas também com tantas potências, como é o Brasil. Por isso estamos todos juntos. Essa agenda significa a possibilidade de eliminar doenças como problema de saúde pública, algumas, inclusive, históricas. Esse comitê busca reduzir as desigualdades, para que tenhamos, efetivamente, saúde para todos”, acredita.
A instalação do CIEDS é parte da premissa que garantir o acesso apenas ao tratamento em saúde não é suficiente para atingir essas metas. É preciso propor políticas públicas intersetoriais que sejam voltadas para a equidade em saúde e para a redução das desigualdades sociais, fator diretamente ligado às causas do problema.
Ministério da Saúde