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ATENÇÃO PRIMÁRIA
Asma: saiba como fazer o diagnóstico e onde tratar
Foto: Freepik
A asma é uma doença que atinge 5,3% dos brasileiros, aproximadamente 8,4 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (PNS 2019). O Dia Nacional de Controle da Asma, celebrado anualmente no dia 21 de junho, chama atenção para a importância do controle da doença crônica inflamatória das vias aéreas ou brônquios, mais comum em crianças e adolescentes, mas que também acomete adultos. Segundo dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), no ano de 2021, foram registrados nas unidades da Atenção Primária à Saúde 1,3 milhão de atendimentos. Já no ano de 2022, o número de atendimentos subiu para 1,6 milhão. Ainda segundo dados do PNS 2019, as mulheres representam 42,3% dos diagnosticados.
Os principais sintomas durante as crises de asma são: tosse, dispneia (falta de ar), sibilos (sons respiratórios similares a um “chiado”), cansaço aos esforços, aperto no peito e dificuldade para encher ou esvaziar os pulmões. Esses sintomas podem aparecer juntos ou isoladamente e são frequentemente piores à noite ou ao acordar.
O cuidado da pessoa com asma deve ter foco no conjunto de ações que cada indivíduo realiza para cuidar de si (autocuidado), adesão ao tratamento recomendado pelos profissionais de saúde e prevenção de exacerbação das crises, sendo importante o envolvimento de toda a família no processo de cuidado. A complexidade deste cenário requer o cuidado integral da pessoa com asma nos diversos pontos da Rede de Atenção à Saúde, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS), considerando o vínculo que as equipes estabelecem com a população do seu território e favorecendo o cuidado longitudinal, assim como a capacidade de promover ações de educação em saúde com ênfase nas necessidades de saúde da pessoa e nos determinantes sociais que influenciam o tratamento.
As pessoas que apresentem os sintomas devem procurar o serviço de saúde mais próximo para o diagnóstico, majoritariamente clínico, com foco na anamnese – o diálogo estabelecido entre profissional de saúde e paciente com o objetivo de ajudá-lo a lembrar de situações e fatos que podem estar relacionados à doença – e no exame clínico, visando identificar sinais e sintomas respiratórios recorrentes. Vale ressaltar que o diagnóstico precoce da doença contribui para um melhor prognóstico, uma vez que o principal objetivo do tratamento da doença é evitar exacerbações com pouca ou nenhuma necessidade de medicamentos.
Fatores de risco
O controle da asma deve ter como principal objetivo a ênfase na terapia não medicamentosa. Para isso, é preciso ficar de olho nos fatores de risco, muitos deles ambientais, relacionados à exposição a agentes externos, tais como:
- Exposição à poeira, fumaça e ácaros;
- Alérgenos de barata;
- Pelo de animais;
- Contato com materiais de limpeza;
- Infecções virais respiratórias;
- Tabagismo ou tabagismo passivo;
- Poluição.
Onde tratar
A maioria das pessoas com asma deve ser diagnosticada e acompanhada pelas equipes de Atenção Primária à Saúde. O acompanhamento dos usuários por suas respectivas equipes de referência é de extrema importância, pois a asma é uma doença crônica e variável e conhecer a pessoa e seu contexto e especialmente como responde ao tratamento é uma ferramenta importante.
Como tratar
O objetivo do tratamento da asma é atingir e manter o controle da doença, ou seja, reduzir os sintomas clínicos, em frequência e intensidade, e reduzir ou eliminar alguma limitação para as atividades físicas, assim como reduzir os riscos futuros de complicações, de crises graves e de efeitos adversos dos medicamentos.
Para o sucesso do tratamento, é importante identificar os estímulos que desencadeiam as crises, seguir o tratamento medicamentoso recomendado e manter o acompanhamento regular com a equipe de saúde. O Programa farmácia popular do Brasil disponibiliza medicamentos gratuitos para asma em todo território nacional.
O tratamento não medicamentoso envolve diferentes ações educativas e cuidados ambientais importantes para o controle da doença. Entre eles, recomenda-se:
- Não fumar e evitar lugares onde outras pessoas fumam;
- Aos responsáveis pelo cuidado das crianças, é recomendado não fumar e não permitir que outras pessoas fumem nos ambientes ou carros que as crianças frequentem;
- Praticar atividade física de forma regular (pelo menos 150 minutos na semana);
- Manter uma alimentação adequada e saudável, rica em frutas e vegetais;
- Evitar exposição à poeira, fumaça, alérgenos, ácaro e pelos de animais;
- Interromper/resolver o problema de umidade ou mofo na residência;
- Manipular materiais de limpeza com cautela;
- Lavar periodicamente e, de preferência, forrar colchões e travesseiros com material impermeável para se proteger de ácaros.
A asma não tem cura, mas o tratamento visa alcançar e manter o controle da doença, com o mínimo de medicação possível, e melhorar a qualidade de vida do usuário. No Sistema Único de Saúde, a Atenção Primária à Saúde desempenha papel central no cuidado da pessoa com asma, além disso, é responsável por realizar os encaminhamentos necessários para os serviços de Atenção Especializada à Saúde.
Luciano Marques
Ministério da Saúde