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CONGRESSO CONASEMS
Nésio Fernandes: "Fazemos muito, mas podemos fazer mais e melhor"
Foto: Paula Bittar
No 3º dia do XXXVII Congresso do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o secretário da Atenção Primária à Saúde (APS), Nésio Fernandes, participou da mesa integralidade no Sistema Único de Saúde que abordou o tema Organização das ações e serviços de saúde. “O que seria do SUS se neste momento não tivéssemos mais de 50 mil equipes de saúde na atenção primária fazendo 26 consultas médicas por dia em média? Para onde esse cidadão iria? Nós fazemos muito, mas podemos fazer mais e melhor”, ponderou ao dar início aos debates da agenda.
A fala foi em resposta a apresentação da assessora técnica do Conasems, Marcela Alvarenga, que apresentou um panorama da atenção primária no Brasil e explicou que o processo de escuta de gestores municipais ocorreu em todas as regiões, com mais de 3.600 profissionais ouvidos, o que representa 62% dos gestores brasileiros.
"É esse processo de escuta que vai fortalecer a atenção primária porque ele nos mostra a realidade de cada município, o que já fazem e o que não conseguem prover para a melhoria da resolutividade. Esse movimento de escuta faz com que nós, que estamos fazendo políticas de saúde pública, reconheçamos o que é realmente prioridade para que, assim, entendendo a dificuldade dos municípios, a gente consiga entregar uma gestão integral do cuidado dentro do serviço da atenção primária", disse Marcela Alvarenga.
O secretário de APS do Ministério da Saúde ainda ressaltou que, mesmo diante das dificuldades apresentadas, é importante conhecer a trajetória da saúde pública até aqui, principalmente na complexidade da gestão tripartite. “Quem conhece a realidade dos pequenos municípios vai entender grande parte das dificuldades que temos no SUS e a urgência de recuperar a relação entre União e estados em apoio aos municípios. Precisamos recuperar nosso papel de liderança e garantir aos gestores municipais condições para incremento de equipe, para organização tecnológica, de avançar na governança, de firmar um financiamento que convença e que dê garantias de que é sustentável sim ter um sistema de saúde grande suficiente em que as pessoas sejam reconhecidas pelo nome”, afirmou Nésio.
Também foram debatidas as barreiras de acesso nas regiões de saúde brasileiras, assim como, as forças, as ameaças e as oportunidades APS. Entre as fraquezas, está a priorização das demandas que atropelam o dia a dia da unidade básica de saúde (UBS), o que demonstra que planejamento, gestão do tempo e melhoria do processo de trabalho podem contribuir na qualidade do serviço prestado para a população.
Na mesa, uma nova organização, em rede, para a integralidade do SUS também foi proposta como alternativa para a fragmentação do cuidado e o desafio no enfrentamento das condições crônicas. Os palestrantes também debateram sobre como garantir acesso e satisfação do usuário e os desafios que tudo isso inclui, já que o sistema é único, mas diverso em cada região e para cada comunidade.
"A atenção primária pode coordenar ações, ser financiada de acordo com a complexidade que a APS exige, investir em tecnologia e, principalmente, na formação dos profissionais. Essas são grandes contribuições que podemos ter para a integralidade do cuidado", complementa o presidente eleito do Conasems, Hisham Mohamed Hamida.
Participaram do debate Helvécio Magalhães, secretário da Atenção Especializada; Ethel Maciel, secretária Vigilância em Saúde e Ambiente; Conceição Resende, diretora do Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa (Dgip) da Secretaria Executiva; Eugênio Vilaça, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e Giselda Monteiro, do Hospital do Coração (HCor).
Agnez Pietsch e Paula Bittar
Ministério da Saúde