Notícias
CONGRESSO CONASEMS
e-SUS APS: a experiência dos municípios pilotos no XXXVII Congresso do Conasems
Foto: Paula Bittar
As funcionalidades da versão 5.2 do e-SUS atenção primária foram anunciadas no XXXVII Congresso do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) que aconteceu nesta semana em Goiânia (GO). Antes da atualização chegar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o País, as novidades do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) são testadas pelos municípios pilotos e parceiros do Ministério da Saúde na tarefa de implementar a estratégia digital na atenção primária à saúde (APS). Hoje há 15 municípios das cinco regiões do país e dos Estados.
O município de Medina (MG) começou a usar o e-SUS em 2017. O convite para ser município de teste veio em 2023. “Há seis anos já usavam o PEC, mas o registro das informações era precário. Recebi a missão de implementar de fato o sistema e a primeira etapa foi colocar os agentes de saúde na rua para cadastrar a população. Com todos cadastrados, resolvemos o problema da busca ativa de hipertensos, diabéticos e grupos de risco. Isso resolveu metade dos problemas que tínhamos”, lembrou Walter Vieira, regulador de sistemas do município e responsável pela implantação do PEC.
A outra metade dos problemas que o município enfrentava era o uso correto do sistema. “A maior dificuldade era a capacitação dos profissionais que usam o sistema. Para conseguirem aprender, precisam de uma didática diferenciada, por isso fizemos vídeos mostrando passo a passo, por exemplo, sobre como fazer uma escuta inicial. Melhorar o registro e monitorar os dados fizeram com que conseguíssemos atingir as metas dos indicadores”, contou Walter. A capacitação é um ponto que o Ministério da Saúde tem investido neste ano para melhorar os registros das informações. Para tanto, lançou também no Congresso do Conasems a plataforma de ensino à distância Educa e-SUS APS.
Entre as novidades da versão 5.2, que estará disponível para download no final de julho, Medina está usando a aplicação nos serviços ambulatoriais (eSUS Ampliado) e nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Outra novidade da versão que o município destaca é a prescrição digital já virou rotina para as equipes de saúde das sete unidades do município. “O e-SUS é o futuro. E, quando for implementado na atenção especializada, nos laboratórios de análises clínicas, nas farmácias, os registros em papel acabam. E, ver que Medina está fazendo a diferença hoje para ver uma evolução ainda maior no futuro, é muito satisfatório”, ressaltou Vieira.
Sobre o uso do e-SUS APS em uma grande cidade, Manaus é um bom exemplo. O município adotou o sistema desde que foi lançado, em 2013. Para Sanya Pedrosa, diretora do departamento de inteligência de dados, o sistema auxilia na gestão pois possibilita para a gestão ter o dado do cidadão individualizado, permitindo ver o percurso do usuário mesmo diante da complexidade de pontos de atenção.
“Manaus tem uma complexidade, pois o município é o responsável pela atenção primária enquanto o estado pela média e alta. Os dados em saúde nos apoia nessa gestão. E o grande avanço da saúde digital é poder olhar para a pessoa, pois as informações registradas no atendimento são monitoradas e analisadas para que possamos atender a necessidade daquele indivíduo. Nosso trabalho é garantir uma entrega de qualidade, mas também a percepção do usuário quanto ao atendimento que recebe é muito importante”, explicou Sanya.
10 anos do e-SUS
Em 2013, os registros das informações dos pacientes atendidos nas UBS de todo o País ainda eram feitos, em sua maior parte, no papel, para depois serem consolidados. Com o apoio do Ministério da Saúde, os municípios brasileiros modificaram a forma de coletar os dados de atendimento da APS. Já em 2023, 88% das unidades usam sistema de prontuário eletrônico. Ao longo desses anos, a estratégia acompanhou a evolução das políticas de saúde da atenção primária.
“Estamos em uma nova fase de evolução da Estratégia e-SUS APS, que teve uma expansão importante da transformação digital e agora precisa dar foco à qualificação do processo. Neste ponto é fundamental, para além da incorporação de novas tecnologias, garantir que o sistema esteja contemplando de forma efetiva as necessidades do profissional que usa o sistema. Por isso, planejamos um intensivo de cursos e oficinas aqui no Congresso do Conasems para ter um momento de troca de experiências, ouvir as ideias para melhorias do sistema e incluí-los no processo de definição da pauta estratégica de desenvolvimento”, ponderou Rodrigo Gaete, coordenador-geral de projetos e inovação da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps).
É por meio da qualificação das informações que o governo federal busca ampliar o atendimento à população e, assim, entregar um SUS de qualidade para todos. E para os próximos 10 anos, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde busca:
- Ampliar e fortalecer os relatórios no apoio à gestão do cuidado e gestão do território;
- Qualificar e ampliar as ferramentas para M&A de indicadores de forma integrada ao PEC;
- Potencializar as ferramentas de inteligência analítica dos dados do território com apoio da vigilância em saúde;
- Ampliar e qualificar a interoperabilidade com sistemas locais e centralizados;
- Apoiar a implantação de infraestrutura regionalizada para o PEC por meio de instalação multimunicipal;
- Padronizar troca de informações de exames;
- Padronizar o registro de medicamentos, usando OBM;
- Qualificar as ferramentas de apoio à decisão integradas ao PEC;
- Apoiar a inovação tecnológica na APS de forma sustentável;
- Criar e fortalecer os ambiente e ferramentas que permitam construir uma pauta democrática para evolução de funcionalidades do sistema;
- Fortalecer a comunicação entre cidadão e a sua equipe da APS;
- Qualificar o PEC na integração com a Saúde Indígena;
- Ampliar e fortalecer o escopo de uso do PEC para serviços ambulatoriais e serviços de urgência e emergência.
Paula Bittar
Ministério da Saúde