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MISSÃO YANOMAMI
Força Nacional do SUS atende 90 indígenas em um dia na Casai de Boa Vista
- Foto: Igor Evangelista/MS
A equipe da Força Nacional do SUS que está em Boa Vista (RR) atendeu 90 indígenas somente nessa terça-feira (24). Todos pacientes passaram pela triagem da equipe de enfermagem e receberam atendimento médico em seguida. O nível de gravidade dos quadros foi variado, com predominância de casos moderados e ocorrência de alguns pacientes graves. As principais causas de adoecimento encontradas foram verminoses, anemia, diarreia aguda, pneumonia, malária e desnutrição.
Nesse primeiro dia, foram 38 meninos, 18 meninas, 22 mulheres adultas e 12 homens adultos atendidos. Desses, cinco pessoas foram encaminhadas ao hospital e oito ficaram internadas na própria Casai. Os pacientes atendidos estavam divididos em duas malocas. Essas malocas são os espaços dentro da Casai em que os indígenas ficam organizados de acordo com a região em que moram e os grupos de afinidade. Para diminuir o estranhamento, as equipes da FN-SUS se deslocam entre as unidades, ao invés de levar os pacientes até os consultórios.
Os profissionais chegaram no fim da noite de segunda-feira (23) para reforçar o atendimento na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai). A estrutura passa por superlotação e deve receber, nos próximos dias, o auxílio de um hospital de campanha, em ação conjunta com as Forças Armadas, para garantir um atendimento mais célere aos pacientes que se encontram na unidade.
Crise humanitária
A enfermeira July Branco, 41 anos, está em Roraima desde o dia 15 de janeiro e se emocionou ao lembrar das cenas que presenciou no polo de atendimento chamado de Surucucu dentro da Terra Indígena Yanomami. “Trabalho com enfermagem desde 2002 e, em toda a minha vida profissional, nunca tinha visto nada que chegasse ao menos perto da situação que presenciamos nesse campo”, conta.
Ela fez parte da equipe enviada pelo Ministério da Saúde há uma semana para diagnóstico da situação dos Yanomami. “Ficamos uma semana lá e todos os dias vimos casos impactantes. Quando descemos da aeronave e colocamos o pé em solo, já na chegada, encontramos uma família com pai e mãe desnutridos levando para atendimento cinco crianças também com quadro grave de desnutrição”, lembra.
Depois de conversar com a equipe de reportagem do Ministério da Saúde, Branco deu um longo abraço na também enfermeira Juliana Lima, 28 anos. Ambas são consultoras técnicas da FN-SUS e, dos quatro profissionais enviados para avaliação do quadro, são as pessoas que estiveram em campo logo no primeiro relato enviado ao Ministério da Saúde.
“O que vemos aqui é uma situação com múltiplas vítimas e superlotação. O trabalho agora é de emergência e mitigação de danos para que possam ser construídas pontes para uma ação contínua que sabemos que é necessária”, explica Lima.
Jéssica Gotlib
Ministério da Saúde