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CONSCIENTIZAÇÃO
No Brasil, 25% dos pacientes com epilepsia tem estágio grave
A epilepsia é uma condição neurológica em que, durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos causando crises que podem se manifestar em convulsões ou outros sintomas, como ausências. Durante esses episódios, há um agrupamento de células cerebrais que passam a se comportar de maneira hiperexcitável, levando às manifestações clínicas da epilepsia.
Neste Dia Internacional da Epilepsia (14), a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde alerta que pelo menos 25% dos pacientes com a condição no Brasil são portadores em estágio grave. A condição determina a necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, pois os acessos são frequentes e incontroláveis, tanto que muitos pacientes são candidatos à intervenção cirúrgica.
Nos países desenvolvidos, a ocorrência da epilepsia cresce proporcionalmente com o aumento da idade. Nos países em desenvolvimento, por sua vez, geralmente atinge picos na adolescência e idade adulta. Em todo o mundo, a hipótese é de que a epilepsia ativa atinja em torno de 0,5% a 1% da população.
Várias são as condições que podem estar associadas à epilepsia. Entre as principais, estão:
- Lesões cerebrais;
- Infecções (como meningites e encefalites);
- Complicações peri-parto; e
- Desordens genéticas.
Elas podem gerar manifestações clínicas, ou seja, crises epiléticas parciais (quando os sinais elétricos cerebrais estão desorganizados em apenas um dos hemisférios do cérebro) ou totais (quando essa desorganização ocorre nos dois hemisférios). Na maioria dos casos, as crises desaparecem espontaneamente. Ainda assim, existe uma tendência para que estas se repitam de tempos em tempos.
As crises epilépticas podem se manifestar de diferentes maneiras:
- Crise convulsiva
Também conhecida como “ataque epiléptico”. Nesse tipo de crise, a pessoa pode cair, apresentar contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar.
- Crise do tipo “ausência”
É conhecida como “desligamento”. A pessoa fica com o olhar fixo e perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida por aqueles que estão próximos.
- Crise do tipo “alerta”
Se manifesta como se a pessoas estivesse “alerta” mas não tem controle dos atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, o paciente não se recorda do que aconteceu quando a crise termina.
- Outros
Existem ainda outros tipos de crises que podem provocar quedas sem nenhum movimento, contrações físicas, causar alterações visuais, auditivas ou de memória.
Diagnóstico
Para que seja caracterizada a epilepsia, é necessário haver recorrência espontânea das crises com intervalo de, no mínimo, 24 horas entre elas. Um episódio único não é indicativo da síndrome. Ouvir a história do paciente e o relato das pessoas que presenciaram a crise também ajuda a determinar o diagnóstico.
Exames complementares são importantes para auxiliar na investigação, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e a ressonância magnética do cérebro. O diagnóstico apropriado da epilepsia e do tipo de crise apresentado pelo paciente permite a escolha do tratamento adequado.
Tratamento
O tratamento das epilepsias é feito com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, ou seja, evitam a hiperexcitação das células, que originam as crises.
O Sistema Único de Saúde (SUS) presta assistência por meio da Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica. Atualmente, a rede de atendimento ao portador de epilepsia é composta por hospitais habilitados no SUS como Unidade de Assistência ou Centro de Referência de Alta Complexidade em Neurologia/Neurocirurgia e com o Serviço de Investigação e Cirurgia da Epilepsia.
Prevenção
Algumas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal (falta de oxigênio no cérebro durante o parto) e as doenças cerebrovasculares podem ser prevenidas. O acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto colaboram para reduzir o número de casos de epilepsia relacionados aos problemas do parto.
Da mesma forma, o controle apropriado dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, levam a uma redução no número de acidentes vasculares cerebrais e, portanto, dos casos de epilepsia decorrentes dessa enfermidade.
Fran Martins
Ministério da Saúde