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MISSÃO YANOMAMI
Dedicação e compromisso: conheça as ações dos profissionais de saúde que atendem na Casai
Nini significa sentir dor na língua do povo Yanomami. E são muitos os indígenas que relatam o sintoma, com gestos em direção ao abdômen, braços e pernas. De rede em rede, os profissionais que atendem a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional visitam os pacientes instalados em malocas na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista (RR). O trabalho é árduo: mais de 500 pessoas estão no local, entre pacientes e acompanhantes.
Os voluntários do serviço à saúde pedem licença, sinal de respeito, perguntam se podem entrar e se alguém ali presente tem boa compreensão do português. A barreira da língua é um desafio, mas munidos de estetoscópios, oxímetro de pulso de dedo, prontuários e muita dedicação, os profissionais vencem as barreiras comunicacionais.
“Aqui, precisamos olhar em cada rede, porque às vezes eles estão deitados, sentindo dor, mas não vão ao centro de atendimento. O trabalho é de busca ativa”, relata Andrea Chaves, uma das agentes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela não é a única. Alessandra Macuxi é de Roraima, se formou em técnica de saúde indígena em Manaus (AM) e, diante da emergência de saúde, voltou para prestar socorro.
“É diferente quando escutamos falar e quando chegamos aqui. Sem falar que eu sou de Roraima, ver isso acontecendo na minha própria terra, com minha própria gente, é muito doloroso”, confessa Alessandra.
Doação integral
Pelo caminho, os diagnósticos dos pacientes encontrados pelos alojamentos: um adolescente com parasitose, queixa de dor no abdômen e diarreia; um idoso debilitado, fraco demais para sentar na rede e que não dormiu de noite devido à dor; uma mãe com malária.
Os voluntários precisam, além da busca ativa, levar os medicamentos para os pacientes espalhados em várias malocas pela estrutura da Casai. Nem sempre eles estão no mesmo local e, sem o esforço dos profissionais de saúde, o tratamento é interrompido ou falho.
No entanto, mesmo com tantos relatos de nini, o riso fácil das crianças não se perde. Alguns ficam de cócoras, brincam com achados, escondem o rosto na rede em pique-esconde com os voluntários da saúde. Curiosos, querem saber o que cada recém-chegado traz e, às vezes, mesmo sem entender o que é dito, param para ouvir o que os grupos de colete conversam.
A ação dos profissionais de saúde colabora, não apenas com os indígenas, mas nas condições de saúde de toda a região. Para os voluntários, a gratidão do povo é a certeza de que a solidariedade vence as barreiras de diferentes línguas e culturas.
Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde